IA: entre o hype ou ser pragmático no SXSW

SXSW, IA

O SXSW 2024 trouxe à tona um debate acalorado entre o entusiasmo desmedido e o ceticismo prudente em relação à Inteligência Artificial (IA). Enquanto muitos exaltam as promessas revolucionárias da tecnologia, vozes pragmáticas alertam para a necessidade de não se deixar levar pela sua “balela encantadora”. Os especialistas Mike Nellis, Gary Marcus e Joe Staples expressaram preocupações sobre o atual hype em torno da IA, comparando-a à febre das criptomoedas há alguns anos atrás, ao The Drum.

Cada dia no SXSW 2024 traz consigo uma série de debates fervorosos sobre como a IA está moldando desde o jornalismo até a astrofísica. No entanto, mesmo com o entusiasmo palpável em relação ao poder da IA, uma voz de ceticismo começa a ecoar nas discussões.

Durante uma entrevista nesta segunda-feira para o The Drum, Mike Nellis, Fundador e CEO da Authentic, uma agência de publicidade especializada em campanhas políticas, disse que “todo mundo está falando sobre IA”, parecendo, agora, “um termo que não significa nada”.

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Durante sua participação no SXSW deste ano, Nellis expressou desapontamento com o exagero em torno da IA no evento, comparando-o ao frenesi que cercou as criptomoedas no passado. Ele enfatizou que a conversa excessivamente otimista sobre a IA pode levar as pessoas a mal interpretarem sua verdadeira função e utilidade, equiparando-a a uma espécie de fervor quase religioso. “Você tem muitas pessoas que agem como se tivessem visto o rosto de Deus, e eu simplesmente não acho que seja o caso”, disse ele ao The Drum.

A crítica à hipérbole em torno da IA é acompanhada por questões profundas sobre sua utilidade real e seu potencial impacto na sociedade. Nellis enfatiza a importância de compreender as limitações da tecnologia e focar no que ela pode fazer no presente, ao invés de alimentar expectativas irreais sobre o futuro, assim como foi o hype das criptomoedas há alguns anos. “Todo mundo que era um especialista em cripto há dois anos é um especialista em IA agora”, sugeriu Nellis.

Gary Marcus, psicólogo e escritor, em um painel sobre desinformação gerada por IA, ecoou o tom cético de Nellis ao responder a um comentário sobre o ChatGPT fornecer informações imprecisas de maneira “encantadora”, afirmando que “balela encantadora ainda é balela”. Ele ressaltou que, apesar de suas críticas às declarações exageradas sobre a IA, não é contra a tecnologia.

Essa postura reflete um movimento em direção a uma visão mais equilibrada e pragmática da IA, como observado por Joe Staples, Diretor de Criação da agência de publicidade Mother, que destaca a necessidade de educar e capacitar os trabalhadores para aproveitar ao máximo os avanços tecnológicos.

Ele acredita que as agências modernas precisam aproveitar a IA para aprimorar as habilidades de seus funcionários, adaptando-se às mudanças rápidas da indústria. “Como você poderia ensinar aos jovens a se tornarem essencialmente diretores criativos em seis meses? Se você puder fazer isso com o uso da IA, não precisa demitir metade de sua força de trabalho”, comentou Staples.

Esse tom crítico e reflexivo sugere uma mudança de paradigma em relação à IA, à medida que a sociedade busca encontrar um equilíbrio entre o otimismo necessário para impulsionar a inovação e a prudência necessária para mitigar seus possíveis impactos negativos.

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*Com informações do The Drum