IHS vê casamento perfeito entre construção de fibra e torres
Rio de Janeiro* – O Grupo IHS tem sua própria visão de redes neutras: aposta em um modelo baseado no casamento entre fibra óptica e torres móveis construídas sob demanda. Em entrevista ao Tele.Síntese, o CEO e fundador da companhia, Sam Darwish, que está de passagem pelo Brasil, defendeu a união de olho na demanda futura do 5G.
“O investimento que fizemos na rede da TIM [ao adquirir o controle da I-Systems] nos permite levar fibra a cada torre, e esse é o nosso objetivo, levar sempre a fibra até a torre. Somente nós, no Brasil, conseguimos oferecer células e conexão de células como rede neutra”, afirmou.
Segundo ele, a demanda que ainda vai surgir em função da expansão do 5G vai exigir esse tipo de solução nos centros urbanos. Atualmente, a IHS está presente em 40 cidades com rede de fibra, além de possuir 7,25 mil torres em todo o Brasil. Prevê encerrar o ano com 8 mil torres. Em fibra (FTTH), até 2027 vai ter 10 milhões de casas passadas, “mas vamos atingir esse objetivo bem antes”, garante o executivo. Neste momento, são 8 milhões de HPs.
Especialista na construção sob demanda de torres (BTS), a IHS também antevê em seus sites espaço para instalação de data centers edge e possui patentes de tecnologias próprias para implantações compactas, afirma o executivo. Parte disso fruto da aquisição da Skysites em 2021, no Brasil.
“Nossa visão de negócio é colaborar com as operadoras e focar em rádio. Temos o último ponto de contato com o usuário, o ponto por meio do qual se conecta à rede da operadora. Não queremos ter só torres, pois conectar fibras às torres é crítico, especialmente no 5G. E vamos ter os data centers edge, na medida em que tecnologias que demandem baixíssima latência se estabeleçam. Mas todos os nossos sites já são capazes de ter data centers edge”, explica Darwish.
Novas aquisições no Brasil?
Darwish desconversa quando o assunto são aquisições no país. A companhia, listada na bolsa de Nova York (NYSE), tem negócios em países emergentes na África e na América do Sul. Nas últimas semanas, o valor de mercado caiu por conta dos resultados apresentados.
No segundo trimestre, houve expansão em 16,8% das receitas, para US$ 546,2 milhões, mas prejuízo de US$ 1,24 bilhão devido a impactos cambiais. Na Nigéria, seu maior mercado, comunicou redução de contrato com a MTN, operadora local e também acionista. Enfrentou ainda forte desvalorização da moeda local frente o dólar, o que contribuiu em grande parte para o prejuízo.
Com tais notícias, os papeis da IHS caíram em setembro. No começo do mês, valiam US$ 7,6. Hoje, eram comercializadas a US$ 4,56. Na última semana, um fundo ativista minoritário pediu mudança rápida na gestão, alegando que os papéis perdem valor desde a IPO, em 2021.
Darwish diz que pressões macroeconômicas impactam a estratégia de aquisições e defende a estratégia para dar retorno aos investidores. Ele, atualmente, é dono de pouco mais de 4% da companhia. “Desde que os juros aumentaram [nos EUA], o custo do capital aumentou, então no momento estamos focados no que temos. As transações têm que ser bons negócios. Os acionistas esperam isso. Não vamos desperdiçar dinheiro”, frisa.
*O jornalista viajou a convite da IHS
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