Importação de leite atingirá recorde em fevereiro

As importações de leite seguem em ritmo acelerado neste começo do ano e deverão atingir recorde em fevereiro, o que significa um grande desafio para produtores de leite do Brasil que veem a entrada do produto estrangeiro achatar preços domésticos e dificultar a permanência na atividade dos menos tecnificados. Os dados do mês ainda não foram fechados, mas as projeções com base no volume parcial importado apontam para um total de 183 milhões de litros equivalente leite, o que significa o mais alto patamar da série histórica para fevereiro, aponta estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.

Apesar do Brasil ser um dos maiores produtores mundiais, nos últimos anos de 2022 e 2023, a importação de leite acelerou. A entrada do leite do Mercosul, vindo principalmente da Argentina e Uruguai, não deve parar tão cedo à medida que eles têm custos de produção mais baixos e incentivos que os mantêm competitivos. As projeções do próprio governo no site do Ministério da Agricultura estimam que, para 2030, irão permanecer apenas os produtores mais eficientes, com adoção de tecnologia e melhoria na gestão.

As importações recordes devem acelerar o ritmo de abandono da atividade, pois impõem uma dificuldade adicional de mercado com aumento da oferta de produto e efeitos como a queda no preço pago pelo litro. Em 2000, o Brasil tinha 1.605 milhão fazendas de leite (Embrapa Gado de Leite), em 2021, 500 mil a menos, com aproximadamente 1.130 milhão de propriedades. É esperado que ocorra um enxugamento no número de pecuaristas e uma maior concentração da produção leiteira. O Brasil quer ser forte no agro, mas no leite o Brasil vai se tornar um importador se continuar neste ritmo, me disse, Jonadan Ma, vice-presidente da Comissão de Pecuária de Leite da CNA. Torço para ele estar errado.