IPv6 – 4rd

O 4rd é uma solução similar ao DS-Lite, no sentido de que usa túneis 4in6 para fornecer IPs versão 4 compartilhados para usuários que já têm IPv6 nativo. Mas, de forma análoga às técnicas de tradução dIVI e 464XLAT, o 4rd é stateless e usa compartilhamento de IPs com restrição de portas.

A técnica foi desenvolvida com base no 6rd, que será estudado mais à frente, e está em processo de padronização, definida atualmente no draft-despres-intarea-4rd-01. Existe uma implementação pública que funciona no vyatta e pode ser encontrada no seguinte URL: http://bougaidenpa.org/masakazu/archives/176. Produtos da linha SEIL do provedor japonês IIJ também implementam o protocolo.

A figura a seguir ilustra uma situação típica de uso do 4rd.

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Figura 35: 4rd

É importante considerar que o 4rd, além de distribuir IPs versão 4 compartilhados com A+P, pode também distribuir IPs válidos sem restrição de portas, para cada CPE, além de subredes IPv4.

A figura abaixo representa a forma como os endereços IPv4 e IPv6 são mapeados 1:1, para o caso em que os endereços IPv4 são compartilhados com A+P. Perceba que o mapeamento é stateless:

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Figura 36: Tradução de endereços feita pelo 4rd

Para o mapeamento das portas, regras simples foram estabelecidas. As portas baixas, de 0 a 4096, nunca são designadas a um cliente. O tamanho do port-set-ID pode ir de 1 a 15 bits. Os clientes podem receber de 1 a 4 blocos diferentes de portas, de tamanhos variados, conforme o tamanho do port-set-ID. Os 16 bits de cada porta disponível são definidos da seguinte forma:

 

  • 1o. bloco:   0001 + port-set-ID (n=1 a 12 bits) + sufixo (que varia de 0 a 12-n)
  • 2o. bloco:   001 + port-set-ID (n=1 a 13 bits) + sufixo (que varia de 0 a 13-n)
  • 3o. bloco:   01 + port-set-ID (n=1 a 14 bits) + sufixo (que varia de 0 a 14-n)
  • 4o. bloco:   1 + port-set-ID (n=1 a 15 bits) + sufixo (que varia de 0 a 15-n)

 

Note que se o port-set-ID tiver 15 bits, apenas um bloco estará disponível, se tiver 14 bits, 2 blocos, se tiver 13 bits, 3 blocos, e se tiver de 1 a 12 bits, 4 blocos de portas estarão disponíveis.

A tabela a seguir mostra a quantidade de CPEs possível para cada escolha, assim como a quantidade de portas disponíveis para cada uma, para um mesmo IPv4 compartilhado.

tamanho doport set (bits) qtd de ID’s(CPEs) Head=00011o. bloco Head=0012o. bloco Head=013o. bloco Head=14o. bloco totalde portas portasnão utilizadas
1 2 2048 4096 8192 16384 30720 4096
2 4 1024 2048 4096 8192 15360 4096
3 8 512 1024 2048 4096 7680 4096
4 16 256 512 1024 2048 3840 4096
5 32 128 256 512 1024 1920 4096
6 64 64 128 256 512 960 4096
7 128 32 64 128 256 480 4096
8 256 16 32 64 128 240 4096
9 512 8 16 32 64 120 4096
10 1024 4 8 16 32 60 4096
11 2048 2 4 8 16 30 4096
12 4096 1 2 4 8 15 4096
13 8192 1 2 4 7 8192
14 16384 1 2 3 16384
15 32768 1 1 32768

Figura 37: Modos de compartilhamento de portas

A configuração dos CPEs pode ser feita manualmente, mas a proposta também define  uma opção de configuração via DHCPv6, que pode ser utilizada.

Assim como as técnicas dIVI e dIVI-pd, a técnica 4rd tem características praticamente ideais para uso por provedores de acesso, por isso seu desenvolvimento e padronização devem ser acompanhados com muita atenção:

  • opera com base em redes somente IPv6, que é para onde caminha a Internet;
  • utiliza traduções stateless, que são simples de implementar e baratas do ponto de vista computacional, permitindo boa escalabilidade;
  • permitem conexões em ambos os sentidos, mantendo a conectividade de fim a fim;
  • quando necessário o uso de técnicas statefull, para restrição de portas e compartilhamento via NAT44, isso é feito no lado do usuário, mantendo o princípio de que a complexidade na Internet deve estar na extremidades e não próxima ao core da rede;

Fonte: http://ipv6.br/entenda/transicao/#tecnicas-4rd

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