Israel bombardeia 300 alvos no Líbano enquanto EUA faz apelos por fim da guerra

Israel voltou a bombardear nesta segunda-feira (21) o subúrbio ao sul de Beirute e anunciou que atingiu cerca de 300 alvos do grupo terrorista Hezbollah em 24 horas no Líbano, em uma guerra sem trégua com a qual os Estados Unidos querem acabar “o mais rápido possível”.

O exército israelense afirmou que o Hezbollah disparou cerca de 170 projéteis do Líbano em direção a Israel, enquanto a milícia libanesa pró-iraniana disse ter atacado uma base de inteligência israelense perto de Tel Aviv.

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A agência de notícias oficial libanesa (ANI) relatou treze bombardeios nos subúrbios ao sul de Beirute na noite desta segunda-feira (21), após o exército ter solicitado aos moradores de vários distritos que evacuassem. Socorristas ligados ao Hezbollah informaram que ao menos três pessoas morreram no bairro de Ouzai e que estavam buscando sobreviventes.

Outras quatro pessoas, incluindo uma criança, morreram em outro bombardeio próximo ao maior hospital público do Líbano, informou o Ministério da Saúde libanês.

Novo giro de Blinken 

Em uma visita a Beirute, o enviado dos Estados Unidos, Amos Hochstein, afirmou que Washington trabalha para colocar fim “o mais rápido possível” ao conflito entre Israel e Hezbollah.

Hochstein assegurou que a resolução 1701 da ONU, que pôs fim à guerra guerra entre Israel e Hezbollah em 2006, deveria ser a base para um novo cessar-fogo, mas que nenhuma das partes “fez nada para implementá-la”.

Segundo a resolução 1701, apenas o exército libanês e a força de manutenção da paz da ONU, Unifil, podem se deslocar nas áreas ao sul do rio Litani, próximo à fronteira israelense.

Apesar dessa resolução, o Hezbollah continua presente no sul do Líbano, onde Israel — paralelamente à sua guerra contra o movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza — lançou uma ofensiva terrestre em 30 de setembro, uma semana após iniciar bombardeios em massa contra o grupo libanês.

Nesse contexto de tensão, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, iniciará na terça-feira uma nova viagem ao Oriente Médio, para tentar reiniciar as negociações para um cessar-fogo em Gaza e conter uma escalada regional, após Israel prometer responder a um ataque do Irã com mísseis contra seu território em 1º de outubro.

“Danos consideráveis” 

O exército israelense disse ter atingido nesta segunda-feira cerca de 30 alvos relacionados à organização financeira Al Qard Al Hasan, por sua vez ligada ao Hezbollah, que Israel acusa de financiar o armamento do grupo. Entre esses alvos havia um bunker que continha “dezenas de milhões de dólares” em dinheiro e ouro, acrescentou.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos condenou nesta segunda-feira os “danos consideráveis a instalações civis” decorrentes desses bombardeios contra a Al Qard Al Hasan.

Essa instituição está sancionada pelos Estados Unidos, que acusam o Hezbollah de usá-la como fachada para as atividades financeiras do grupo e para acessar o sistema financeiro internacional.

O exército israelense também prossegue com suas operações terrestres no sul do Líbano, com o objetivo de permitir que cerca de 60.000 israelenses deslocados pelos disparos de projéteis do grupo xiita possam voltar para suas casas.

Pelo menos 1.489 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais. A ONU contabilizou cerca de 700.000 deslocados em meados de outubro.

Na Síria, o governo afirmou que dois civis morreram em um ataque aéreo israelense contra um distrito de embaixadas da capital, Damasco.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), ocorria nas proximidades uma cerimônia em memória do líder do Hamas, Yahya Sinwar, assassinado por soldados israelenses em Gaza em 16 de outubro.

Duas fontes do Hamas indicaram que o movimento islamita palestino será temporariamente dirigido por um comitê com sede no Catar.

“Morreremos de fome” 

Os confrontos de ambos os lados da fronteira libanesa começaram após o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.206 pessoas, em sua maioria civis, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelenses, que inclui os reféns que morreram durante o cativeiro em Gaza.

Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque, 97 permanecem cativas em Gaza, incluindo 34 que foram declaradas mortas pelo exército.

O ataque desencadeou a guerra em Gaza, onde a ofensiva israelense já matou 42.603 pessoas, em sua maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde no território controlado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

Em 6 de outubro, Israel lançou uma importante campanha aérea e terrestre no norte do território palestino com o objetivo, segundo seu exército, de evitar que os combatentes do Hamas se reorganizem.

Segundo a agência da ONU para os refugiados palestinos, a UNRWA, pelo menos 400.000 pessoas estão presas no norte do território palestino.

“Se não morrermos pelos bombardeios e disparos, morreremos de fome”, declarou Umm Firas Shamiyah, residente deslocada de 42 anos, exigindo o envio de ajuda humanitária ao norte.

*Com informações da AFP
Publicado por Carolina Ferreira