Jovens criam curso de programação na periferia de SP e mudam vidas: ‘É uma escola de sonhos’


Escola é voltada para jovens de baixa renda, dá aula de graça e ainda faz a ponte para o mercado de trabalho. Jovens criam curso de programação na periferia de SP e mudam vidas: ‘Uma escola de sonhos’
Uma simples pergunta de um jovem em uma ação solidária na Comunidade do Morrão, no bairro Jardim Satélite, em São Paulo, fez com que dois amigos criassem um projeto que já formou mais de 1,6 mil programadores vindos de regiões periféricas.
Diogo Silva e Tauan Matos contam que durante a distribuição de marmitas para a população mais carente, um adolescente de 14 anos questionou como poderia aprender a programar.
“Ele me perguntou se, além de comida, eu conhecia alguém que ensinava programação de jeito simples para jovens da quebrada”, relembra o empreendedor social Tauan Matos.
Refletindo, ele percebeu que realmente não tinha esse recurso na comunidade. “Ficava em regiões centrais, áreas muito nobres, onde os jovens daqui muitas vezes não vão”, recorda Tauan.
Foi então que os dois amigos criaram uma escola de programação para jovens de baixa renda, que dá aula de graça e ainda faz a ponte para o mercado de trabalho.
Diogo e Tauan abriram uma escola de prorgamação voltada para jovens da periferia
TV Globo/Reprodução
Ali os alunos aprendem o básico da linguagem da programação, desde que preencham alguns requisitos:
👨‍💻Precisa vir da periferia;
👨‍💻Renda familiar de até R$ 5 mil;
👨‍💻Ter de 18 a 35 anos
As aulas podem ser presenciais ou on-line, e estão abertas para jovens de todo o Brasil. Em quase dois anos e meio, foram formados mais de 1,6 mil programadores, sendo 70% pretos ou pardos.
Aula de programação atende a alunos da periferia
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Diogo Silva conta que o projeto vai muito além da capacitação para trabalhar no mercado de tecnologia.
“Aqui, 30% de todos os jovens que nós formamos estão conseguindo entrar no mercado de trabalho. (…) Mais do que uma escola de programação, ela é uma escola de sonhos que busca ativar o sonho desse jovem de ter uma vida melhor”.
Para vencer a desigualdade, a escola fechou parceria com empresas dispostas a apadrinhar os alunos, bancando custos e o material, como notebook. Os investidores ainda oferecem vagas para iniciação no mercado. É o conhecimento transmitido de várias formas, como um podcast com especialistas na área.
Esperança no futuro
Silmara Silva mora na comunidade e é uma das jovens que foram capacitadas pelo curso de programação. Ela conta que nem sabia do que se tratava, mas hoje já tem emprego e sonha em ser efetivada na área.
A programadora conta como é difícil conseguir um emprego formal morando na periferia de uma grande cidade.
Silmara Silva foi uma das alunas do curso de programação e já trabalha na área.
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“Por diversos motivos. Por preconceito, porque o pessoal é malvisto. Às vezes, por causa de acesso à educação e oportunidades”, diz.
Uma pesquisa do Projeto Acesso a Oportunidades do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) reforça esse sentimento da Silmara. O levantamento aponta que os 10% mais ricos têm nove vezes mais chances de se candidatar a uma vaga de trabalho do que os 40% mais pobres.
Vencendo as estatísticas, Silmara conseguiu um estágio em uma empresa de tecnologia, uma área que cresce ano a ano. Hoje, ela trabalha a maioria do tempo em casa, uma vez por semana vai ao escritório e já comemora os primeiros projetos aprovados.
Uma vez por semana, Silmara comparece ao escritório presencialmente.
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Veja a íntegra do Globo Repórter desta sexta-feira (14) abaixo:
Edição de 14/07/2023
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