Justiça do Paraná anula condenações de quatro réus do Caso Evandro mais de 30 anos após o crime

Após a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) aceitar novos áudios como provas na revisão criminal do “Caso Evandro“, os desembargadores decidiram anular nesta quinta-feira, 9, a condenação de quatro réus. Por 3 votos a 2, Beatriz Abagge, Davi dos Santos Soares, Osvaldo Marcineiro e Vicente de Paula Ferreira (morto em 2011) foram absolvidos do crime. Os novos áudios em questão mostraram que os acusados teriam sido torturados para que confessassem o sequestro e assassinato de Evandro. O material foi revelado pelo jornalista Ivam Mizanzuk através de um podcast sobre o caso. Segundo o entendimento do tribunal, os réus foram submetidos a tortura e não haviam outras provas que corroborassem a acusação. “Direitos humanos fundamentais devem ser respeitados em investigações criminais. Não há dúvida que houve tortura”, defendeu o desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira, que foi seguido por outros magistrados.

Com isso, eles foram absolvidos com direito a indenização. No processo inicial, Beatriz Abagge foi acusada de mandante do sequestro e homicídio do menino. Já Davi dos Santos Soares e Osvaldo Marcineiro teriam sido cúmplices do crime. O assassinato de Evandro seria parte de um ritual para “abrir caminhos de prosperidade” para a família Abagge, segundo a investigação inicial. O crime aconteceu em 1992 na cidade de Guaratuba, no litoral do Estado, quando Evandro Ramos Caetano, na época com seis anos, desapareceu e foi encontrado morto dias depois com sinais de violência. Beatriz, Osvaldo e Davi foram condenados pelo crime após terem confessado. Além deles, Vicente de Paula também foi condenado, mas morreu por complicações causadas por um câncer em 2011.