Kika Simonsen revela fonte de inspiração para moda de luxo: ‘Isolada e sem distrações’

Nesta semana, o programa Mulheres Positivas recebeu a artista Kika Simonsen. Em entrevista à Fabi Saad, ela contou sobre como se inspira para criar novas peças e obras de arte com suas viagens e tempos de isolamento social. “Primeiro, eu bolo um tema, normalmente um elemento de uma viagem ou algo que está na minha cabeça. A coleção atual é inspirada na rainha Nefertari. Foi quando estava no Egito e entrei na tumba dela, fiquei encantada e fiz uma coleção só inspirada nela. Depois, eu venho para o meu estúdio de arte e penso em como seriam quatro estampas, penso numa cartela de cor e vou pintando. Mas se você pensa na funcionalidade deixa de ser arte”, explicou. “A arte não é funcional, tudo tem que ser uma poética que sai de dentro, tem que ter uma pesquisa, não é só sair pintando. Fiz pinturas de deuses, em duas telas saíram estampas em azul ou em rosa, mas também com telas de amuletos. Olho para elas e penso no que ficaria legal e começo a desenhar a estampa a partir daí. Tudo conversa entre si”, acrescentou.

Para além das viagens inspiradoras, Kika conta que costuma separar seus processos de criação, especialmente quando se trata da arte. Ao final do processo, o foco é na equipe de comunicação e na socialização da marca. “Quando estou pintando, gosto de ficar isolada, fico meio que na minha bolha. Estou pensando em ir para a fazenda neste ano, ficar isolada e não ter distrações. Quando termino, vou para a criação, já é mais social, envolve comunicação. Saio da fase introspectiva e entro na execução, de ir mais para fora”, definiu. “Gosto de peças fluidas, estampadas, um pouco de alfaiataria. Mas me atraio por uma identidade particular, às vezes vejo pela cara da dona. Consumo a ideologia, mesmo não sendo a minha. Gosto de entrar no universo dos outros. Acho que as pessoas têm que acreditar nelas, não copiar”, explicou.

Se pudesse dar uma dica para pessoas que desejam seguir em uma carreira similar, Simonsen afirmou que é necessário ter calma durante sua jornada pessoal e sempre investir em uma identidade própria. “Eu entrei em dois mercados completamente diferentes, óbvio que a arte inspira a moda e a moda pode inspirar a arte, mas são diferentes. Fui construindo minha poética como artista, portfólio, exposições coletivas e individuais. Para a arte, é muito aos poucos, tem a ver com talento, mas também é networking. As coisas acontecem quando elas têm que acontecer. Na arte, é muito você seguir instintos. Quanto mais você for você mesmo, melhor. Na moda existem marcas de estilos diferentes, mas gosto de identidades fortes”, pontuou.

Como filme ela indicou a biografia da pintora Frida Kahlo, “Chavela”, lançada em 2017. Para momentos de distração, Kika indicou “Super Mario Bros. – O Filme”, e afirmou ter se surpreendido com as cores e a trilha sonora do longa. Para os leitores, a artista trouxe o livro “O Tubarão de 12 Milhões de Dólares”. “Um tubarão empalhado que estragou, ele fez outro e discute se realmente vale. Comecei a entender o mercado da arte”, descreveu. Como mulher positiva, a estilista afirmou admirar a jornada de Frida Kahlo e sua luta contra a renegação da classe artística mexicana. “Acho que, às vezes, o Brasil é parecido na mentalidade”, concluiu.

Confira na íntegra a entrevista com Kika Simonsen: