Líder do Grupo Wagner recua e anuncia fim da rebelião para evitar ‘derramamento de sangue’

O líder do Grupo Wagner, Yevgueni Prigozhin, recuou e anunciou o fim da rebelião contra o governo russo de Vladimir Putin. A ordem para que os mercenários voltem para as suas bases foi formalizada em um áudio publicado por Prigozhin em seu canal do Telegram, na tarde deste sábado, 24. “Chegou o momento em que o sangue pode ser derramado. É por isso que, compreendendo toda a responsabilidade pelo derramamento de sangue russo por um dos lados, damos meia volta e retornamos às nossas bases de acordo com o plano”, disse. Como a Jovem Pan mostrou, a decisão ocorre no momento em que tropas foram vistas em cidades localizadas a 400 quilômetros de Moscou. Como medida preventiva, o governo Putin instaurou o regime contra-terrorista. “Com o objetivo de prevenir possíveis atos terroristas no território da cidade de Moscou e na região de Moscou, foi instaurado o regime de operação antiterrorista”, disse o comitê nacional antiterrorista russo às agências de notícia estatais.

Ainda não se sabe quantas cidades foram dominadas pelos mercenários, mas o grupo liderado por Prigozhin dominou a base militar de Rostov sem disparar “um único tiro” e foi visto em Pavlosk e Voronezh, a cerca de 400 quilômetros da capital do país. Como medida preventiva, o prefeito de Moscou, Sergei Sogyanin, afirmou que os moradores da capital russa devem evitar ao máximo o deslocamento pela cidade. Sogyanin também decretou feriado na segunda-feira, 26. Com a escalada da tensão, surgiram rumores de que Putin teria deixado Moscou, o que foi negado pelo porta-voz do governo, Dmitri Peskov, à agência de notícias Ria Novosti. O autocrata russo chamou a ofensiva dos adversários de uma “punhalada nas costas” e prometeu “esmagar os traidores”.  Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a ação dos russos a fim de retardar a chegada do Grupo Wagner a Moscou. Nas gravações, há escavadeiras destruindo estradas, para dificultar a passagem do comboio dos mercenários, que prometem retaliações em razão de um ataque que teria sido feito pelo governo russo a um acampamento do exército paramilitar.

“O Conselho de Comandantes Wagner tomou uma decisão: o mal trazido pela liderança militar do país deve ser interrompido. Eles negligenciam a vida dos soldados. Aqueles que destruíram hoje nossos homens, que destruíram dezenas, dezenas de milhares de vidas de soldados russos, serão punidos. Somos 25 mil e vamos descobrir por que o caos está acontecendo no país. Todos que tentarem resistir, nós os consideraremos um perigo e os destruiremos imediatamente, incluindo quaisquer postos de controle em nosso caminho. Peço a todos que mantenham a calma, não cedam às provocações e permaneçam em suas casas. O ideal é que aqueles que estão no nosso caminho não saiam. A justiça no Exército será restaurada. Este não é um golpe militar. É uma marcha por justiça”, diz Prigozhin em um vídeo divulgado em seu canal do Telegram na sexta-feira, 23, dando início à escalada.

*Com informações da EFE e da AFP