Líder do PT na Câmara diz que superbloco criado por Lira não é uma estratégia contra o governo

O líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados, Zeca Dirceu (PT-PR), concedeu uma entrevista exclusiva ao repórter José Maria Trindade, da Jovem Pan News em Brasília, na qual afirmou que o superbloco criado por Arthur Lira (PP-AL), com 175 deputados, não é uma estratégia contra o governo Lula. “Acredito que é mais um rearranjo interno para ocupação de espaços e que não tem como objetivo fazer oposição ao governo, ao PT ou à nossa federação (…) E, se o governo souber utilizar bem, isso pode acabar sendo algo até favorável ao governo. Não sei se por coincidência, os dois blocos tem líderes que, declaradamente, são governistas. Se o governo souber dialogar, e o governo tem feito isso de forma muito qualificada… É muito mais fácil conversar com quatro, cinco líderes de blocos, do que com 20 líderes de 20 partidos. Agora, essa conversa tem que ser bem feita e partir de uma capacidade de ouvir e de dar respostas concretas e bastante objetivas”, afirmou Dirceu.

Sobre o fato do PT, assim como o PL de Jair Bolsonaro, ter ficado fora dos grandes blocos partidários, tanto o do centrão quanto o novo formado por Lira, o deputado ressaltou a posição do partido consolidada na Câmara, com grande quantidade de parlamentares e também presidências de comissões: “Nós temos uma federação de 81 deputados, composta pelo PV, PCdoB e PT. Temos espaços bem delineados já, como a presidência da Comissão de Constituição e Justiça; a presidência da Comissão de Finanças e Tributação; do Trabalho; dos Direitos Humanos. O PT acabou de, no colégio de líderes, ser contemplado com a relatoria do programa Bolsa Família, o programa que mais está impactando a vida das pessoas, é o programa mais importante do governo neste ano. Então, não vejo nenhum tipo de prejuízo para a nossa atuação”.

Dirceu ainda disse que o isolamento do PT e do PL não ocorreu de forma estratégica, mas naturalmente, pelos dois partidos estarem bem com suas próprias bancadas. “Não fazia sentido a gente se integrar aos blocos para ter ainda mais espaço. Acho que os partidos que se integraram devem e podem ter mais espaço. Foi para isso que os blocos foram criados, para ter uma relatoria a mais, para presidir novas comissões que venham a ser instaladas. Isso é da natureza do processo democrático. E tanto o PL quanto o PT sabem compreender e respeitar”, disse.