Lula busca se colocar como liderança global com encontros presidenciais, analisa especialista

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajar aos Estados Unidos e se encontrar com o mandatário norte-americano, Joe Biden, a expectativa é de que a Casa Branca possa passar a destinar recursos para o Fundo Amazônia – que visa combater ações de queimadas e desmatamentos na região – com um aporte inicial de US$ 50 milhões. “Nós precisamos transformar a riqueza da nossa biodiversidade em algo que possa ser proveitoso para o povo brasileiro que mora na Amazônia. Senti muita vontade do presidente Biden em participar da construção de um fundo com todos os países desenvolvidos do mundo para que possamos cuidar melhor do nosso planeta”, afirmou o chefe do Executivo brasileiro. O professor de relações internacionais, Paulo Velasco, realizou um balanço da passagem do petista em solo norte-americano. “Lula tenta, de alguma maneira, replicar uma política externa que aplicou nos anos 2000 em que tentava atuar como uma espécie de liderança global e fazer do Brasil um país com maior peso e envergadura internacional”, pontuou. O analista também afirmou que é necessário esperar quais serão os dividendos a médio e longo prazo da reaproximação entre os países. O docente ainda pontuou que houve uma mudança no discurso do país em relação aos agentes externos – como França, Alemanha, Uruguai e Argentina, além dos Estados Unidos -, algo que se via menos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “O antigo presidente se permitia divergir de maneira mais aguda das potências europeias. Com Lula, vemos uma tentativa de afinar mais o discurso”, analisou. Questionado sobre a crise Yanomami, Paulo afirmou que o presidente democrata dos Estados Unidos tem em seu discurso um destaque grande sobre o tema ambiental. “Não só temos um problema no desmatamento, mas temos questões correlatas, como criminalidade no espaço amazônico, mineração ilegal, garimpo ilegal, e são problemas sérios que precisam ser combatidos com uma atuação firme e contundente. Contar com o apoio dos Estados Unidos nessa frente é muito importante”, frisou.