Lula agradece ‘solidariedade’ dos governadores e condena vandalismo no DF: ‘Golpe não vai ter’

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agradeceu nesta segunda-feira, 9, a “solidariedade” dos governadores e condenou os atos de vandalismo, ocorridos no domingo, 8, em Brasília. O petista também afirmou que o governo federal vai investigar os supostos responsáveis pelo financiamento dos acampamentos no Quartel-General do Exército em Brasília. As afirmações foram feitas durante reunião com os 27 governadores do país, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), com o procurador-geral da República, Augusto Aras, além de outras autoridades políticas, como o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e o presidente em exercício do Senado Federal, o senador Veneziano Vital do Rego (MDB-PB). Na oportunidade, o presidente discutiu ações conjuntas contra atos de vandalismo,  um dia após os prédios do STF, do Congresso e da Presidência serem invadidos e atacados. “Quantas vezes já tiveram passeata aqui. Mas dessa vez eles não tinham pauta de reivindicação. Eles não tinham o que reivindicar o governo. O que eles querem é golpe. E golpe não vai ter. Porque eles tem que aprender que a democracia é a coisa mais complicada para a gente fazer. É o único regime que permite que todos tenham chance de disputar e quem ganhar ter o direito de governar”, frisou Lula.

Para o presidente, os principais responsáveis pelos atos de vandalismo em Brasília são aqueles que financiaram a permanência dos manifestantes desde o fim das eleições do ano passado. “Nós vamos investigar e vamos chegar a quem financiou. E tenho certeza que vamos descobrir. Porque aqueles caminhões que vinham para Brasília, as vezes chegavam 80 desses novos, e não era motorista autônomo. Certamente era dono de empresa de caminhão. Essa quantidade de caminhão que estava aqui certamente não veio de graça, alguém pagou. E nós vamos descobrir. Porque foi muito difícil conquistar a democracia nesse país”, comentou o petista. Ele ainda agradeceu a solidariedade dos governadores. “Agradeço do fundo do coração a presença de vocês aqui, porque esse gesto é uma demonstração de que aqui nesse país é possível tudo. É possível discordar, é possível fazer passeata, é possível fazer greve, a única coisa que não é possível é alguém querer acabar com a democracia que tanto sofreu já com o golpe da presidenta Dilma. Nós não vamos permitir que a democracia escape das nossas mãos porque ela é a única chance da gente garantir esse povo humilde, que vive na periferia, dormindo na rua, consiga comer três vezes ao dia ou consiga o direito de trabalhar”, reforçou.

Já o procurador-geral da República, Augusto Aras, disse em seu discurso que o Ministério Público vai responsabilizar todos os culpados pelos atos de vandalismo em Brasília. “O Ministério Público nos últimos dois anos, em especial contanto com apoio do ministro Dias Toffoli, em seguida com Fux na presidência, e contando também com o apoio do ministro Alexandre de Moraes, falo os três porque atuamos diretamente no controle, na fiscalização e no monitoramento de atos que poderiam gerar a violência lamentável de ontem. E durante os eventos de 2021 e 2022 não tivemos nenhum ato de violência capaz de atentar contra a nossa instituição democrática como visto ontem. Em nenhum momento anterior saiu do nosso controle. Nesses últimos anos não faltou Ministério Público. Não faltou Supremo Tribunal Federal. E eu disse os três nomes especificamente porque trabalhamos diretamente no monitoramento, controle e fiscalização de atos propensos a violência social. Mas ontem, vindo a ocorrer o fato lamentável,  temos que não apenas hipotecar nossa solidariedade aos poderes constituídos e declarar o nosso amor pela democracia, única política de regime que temos, e dizer que a nossa luta perdura. O Ministério Público está mobilizado para impedir que este evento seja estendido a outras unidades da federação. Este é um dado concreto e que precisa ser cuidado para que o Ministério Público venha a buscar responsabilização dos culpados”, completou.