Maduro divulga novo mapa da Venezuela com anexação de Essequibo e ordena exploração de petróleo e gás na região

O presidente da Venezuela, Nicolás Madurou, compartilhou em suas redes sociais na noite de terça-feira, 5, o novo mapa do país contendo a anexação de Essequibo, território da Guiana que os venezuelanos estão reivindicando. “Ordenei de maneira imediata publicar e levar a todas as escolas, colégios, Conselhos Comunitários, estabelecimentos públicos, universidades e em todos os lares do país o novo Mapa da Venezuela com a nossa Guiana Essequiba. Este é o nosso querido mapa!”, escreveu. Essa publicação acontece em um momento em que o líder, que no domingo informou a aprovação de um referendo para anexação da de Essequibo, ordenou que as empresas estatais comecem a explorar petróleo em uma área ao redor do rio Essequibo, embora o território seja objeto de disputa com a Guiana. “A PDVSA (companhia petrolífera estatal venezuelana) e a CVG (fabricante estatal de ferro e aço) devem proceder imediatamente à criação da divisão PDVSA Essequibo e CVG Esequibo e imediatamente procederemos à concessão de licenças de exploração para a exploração de petróleo, gás , e minas em toda a nossa Guiana Essequiba. PDVSA Essequibo, CGV Essequib”, disse durante evento governamental.

A estatal do petróleo venezuelana PDVSA prometeu seguir a tarefa ordenada por Maduro. A medida faz parte de um conjunto de anúncios feitos pelo presidente. O presidente da Guiana, Irfaan Alí, reagiu e afirmou que as declarações de Maduro são uma “ameaça direta” contra seu país. Ele rejeitou as medidas anunciadas pelo chefe de Estado venezuelano sobre o território de Essequibo. “Esta é uma ameaça direta à integridade territorial, à soberania e à independência política da Guiana”, disse Ali pouco depois do discurso de Maduro sobre licenças de exploração na região de Essequibo. Ali anunciou que levará “o assunto ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para que o organismo adote as medidas apropriadas”. Também disse que entrou em contato com secretário-geral da ONU, António Guterres, e o Comando Sul dos Estados Unidos para informá-los sobro o ocorrido. “Não permitiremos a violação do nosso território, nem que o desenvolvimento do nosso país seja prejudicado por esta ameaça desesperada”, disse Ali, que informou que seu país vai seguir a decisão do Tribunal de Haia, que proibiu que a região seja anexação por Caracas e pediu que o país evite a escalda do conflito.

A manobra do governo chavista segue-se à concessão pela Guiana, em outubro passado, para seis empresas petrolíferas, incluindo a americana Exxon e a francesa TotalEnergy, explorarem suas costas, o que gerou protesto da Venezuela por serem “águas pendentes por delimitar”, e, em resposta, convocou o referendo. Venezuela e Guiana disputam há mais de um século o território do Essequibo, uma região de 160 mil km², rica em petróleo e minerais, que atualmente é administrada pela Guiana. A disputa reacendeu depois que a companhia ExxoMobil descobriu grandes reservas de petróleo na região. As tensões, no entanto, aumentaram depois que a Guiana concedeu as licitações a empresas estrangeiras e locais para explorar estas jazidas. Além das licenças, Maduro propôs a elaboração de uma lei especial para “proibir” a contratação destas empresas que operam na área sob concessões concedidas pela Guiana. “Proponho [dar] três meses a todas essas empresas para se retirarem dessas operações no mar a delimitar, três meses”, disse. No entanto, afirmou, “estamos abertos a conversar”.

Com base no resultado da consulta de domingo, Maduro disse que vai exercer o “poder” outorgado pelo povo e avançou na promulgação de uma lei para a “criação da Guiana Essequiba”, uma província da região disputada sob administração de Caracas. Além disso, ordenou a criação de uma “zona de defesa integral da Guiana Essequiba”, sem dar maiores detalhes, mas que ficará situada na localidade de Tumeremo, estado de Bolívar (sul), fronteiriço com a região em disputa. Essequibo representa 70% do território guianês e atualmente vivem na região 125 mil dos 800 mil habitantes da Guiana, país que se tornou independente do Reino Unido em 1966. Caracas argumenta que o rio Essequibo é a fronteira natural, como em 1777 quando era colônia da Espanha, e apela ao acordo de Genebra, assinado em 1966 antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabelecia as bases para uma solução negociada e anulava um laudo de 1899, que fixou os limites atuais.

*Com agências internacionais 

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