Manifestantes tomam ruas de Israel após aprovação de lei que protege Netanyahu de ser removido do cargo

Milhares de manifestantes tomaram às ruas de Israel nesta quinta-feira, 23, após a aprovação de uma lei que protege o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de ser removido do cargo. A legislação impede que o líder israelense, que voltou ao poder no final de 2022, seja considerado inapto para governar por causa de seu julgamento por corrupção e alegação de conflito de interesse em torno de seu envolvimento nas mudanças legais no país. A oposição denunciou que se trata de um texto feito sob medida para o atual chefe de governo Benjamin Netanyahu. Os deputados aprovaram, por 61 votos contra 47, a alteração que especifica as condições em que um primeiro-ministro pode ser declarado temporariamente inapto para o exercício das suas funções. Após a reforma, o chefe do Executivo só pode ser declarado inapto em caso de incapacidade física ou mental, e apenas a pedido ou após votação do Governo por maioria de três quartos dos ministros. Essa aprovação acontece em meio a uma onda de protestos que tomam conta de Israel há onze semanas. Os manifestantes são contrários a reforma judicial que busca aumentar o poder dos parlamentares sobre os magistrados. Segundo seus críticos, põe em risco o caráter democrático do Estado de Israel.

Durante as manifestações contra a reforma, cerca de dez manifestantes foram detidos por perturbar a ordem pública em Tel Aviv, segundo a polícia. As forças de segurança usaram canhões de água para dispersar a multidão que bloqueava a circulação. Milhares de pessoas se reuniram em Jerusalém do lado de fora da residência do primeiro-ministro israelense Netanyahu, segundo dados da mídia israelense. A polícia não forneceu dados sobre o número de manifestantes. Outros protestos menores foram registrados em Haifa (norte) e em Beer Sheva (sul). Também nesta quinta, o primeiro-ministro israelense se comprometeu a “pôr fim à divisão no seio do povo”, após meses de protestos multitudinários contra o projeto do governo de reformar o sistema judiciário. O premiê de direita afirmou que está decidido a impulsionar esta reforma, mas disse que buscaria uma solução aceitável para os apoiadores e os críticos do projeto, denunciado pelos manifestantes como uma ameaça à democracia israelense.