Maradona na Sapucaí, Sócrates jurado e mais: Relembre casos em que futebol e Carnaval se misturaram
Carnaval e futebol são dois movimentos culturais que agitam multidões no Brasil e fazem parte do dia a dia de milhões de brasileiros. A irreverência, a alegria, o improviso… Não são poucas as características que ligam o festival nacional com o esporte mais praticado no país. Escolas de Samba já retrataram muitas vezes o esporte mais popular do mundo, enquanto os jogadores não desperdiçam uma oportunidade de aproveitar a folia nos sambódromos. Abaixo, o site da Jovem Pan entra no clima do feriado e recorda algumas boas histórias que misturaram futebol e Carnaval.
Edmundo arrumou confusão na Fiorentina enquanto desfilava na Salgueiro
Edmundo é salgueirense – igual que eu! @PaiSantanaOf #Salgueiro #carnaval #samba #Edmundo #RiodeJaneiro pic.twitter.com/mDLhzaG2i1
— Juha Tamminen (@TamminenJuha) April 3, 2019
Em sua segunda temporada na Fiorentina, o atacante Edmundo criou uma grande confusão ao deixar a Itália e curtir alguns dias do Carnaval no Rio de Janeiro. Em fevereiro de 1999, logo após um empate sem gols com o Milan, o “Animal” pediu e recebeu a liberação para voltar ao Brasil e desfilar pela Salgueiro – na ocasião, seu time lutava pelas primeiras posições no Italiano. A situação revoltou alguns líderes do elenco, como os craques Batistuta e Rui Costa – ambos já não tinham uma relação amistosa com o brasileiro. Para piorar, um jornal italiano ainda publicou que Edmundo teria chamado o argentino de “perdedor” e o português de “invejoso” – o lusitano, por sua vez, disse que estava lutando pela “Viola” – como a Fiorentina é conhecida – enquanto o brasileiro se preocupava apenas em festejar. Em meio às trocas de farpas, o ex-Vasco ameaçou não voltar ao clube da “Terra da Bota”, revoltando torcedores e o presidente. Após muita pressão e o fim do feriado, o jogador retornou ao Velho Continente e ainda ajudou a Fiorentina a terminar na terceira posição, cumprindo o objetivo de ir à Liga dos Campeões.
Histórias de Maradona na Sapucaí
Lenda do futebol mundial e maior ídolo da população argentina, Diego Armando Maradona também brilhou no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. A primeira visita do craque ocorreu em 1998, um ano depois de pendurar as chuteiras no Boca Juniors. Na ocasião, o astro assistiu às apresentações das escolas de samba do Rio de Janeiro, disse que “se sentia brasileiro” e afirmou que os desfile era um dos “espetáculos mais lindos do mundo”. Em 2006, Maradona chegou a vestir o uniforme da Companhia de Limpeza Urbana do Rio (Comlurb) e ainda posou para uma foto equilibrando um copo de cerveja dentro de uma área reservada do sambódromo. Animado, o ex-jogador ainda exaltou a beleza das mulheres brasileiras e sambou fumando um charuto.
Sócrates já foi jurado no Rio e avaliou as escolas da avenida
Ainda sobre Doutor Sócrates, que faria 65 anos hoje. No Carnaval de 1986, quando jogava pelo Flamengo, o Magrão foi jurado de bateria nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. pic.twitter.com/fREjU8MIbg
— João Oliveira (@joaodosamba) February 20, 2019
Craque da seleção brasileira, um dos maiores ídolos da história do Corinthians e líder do movimento “Democracia Corintiana”, Sócrates também ficou conhecido por ser um “bon-vivant”. Entre várias histórias do “Doutor”, uma delas envolve o tradicional feriado brasileiro. No Carnaval de 1986, quando defendia o Flamengo, o “Magrão” foi jurado do desfile no Rio de Janeiro e se envolveu em uma polêmica. Ao dar uma nota 9 para a Portela no quesito bateria, o jogador foi acusado de estar bêbado ao longo do evento. Revoltada, a escola de samba tentou anular o julgamento do atleta, mas não obteve sucesso. Perguntado sobre a polêmica, Sócrates admitiu ter ingerido bebida alcoólica, mas negou estar embriagado. “Esse é um direito (questionar) de quem participou do desfile, um direito de quem fez o Carnaval. Eu procurei fazer da melhor maneira possível. Eu tomei alguns whiskies e cervejas, mas eu gostaria de perguntar: quem não estava animado no Carnaval?”, declarou o atleta na ocasião – ele morreu em 2011 em decorrência de um choque séptico em uma infecção generalizada.
Torcidas viraram escolas em São Paulo
As torcidas organizadas de futebol estão consolidadas em São Paulo. Tetracampeã, a corintiana Gaviões da Fiel foi pioneira, entrando na Liga SP em 1989. Já a Mancha Verde, maior uniformizada do Palmeiras, iniciou nos desfiles em 2000, se fortaleceu com o passar do tempo e ganhou dois títulos recentemente (2019 e 2022). As são-paulinas Dragões da Real e Independente Tricolor, por sua vez, ainda não conseguiram o troféu, mas já integram o grupo de elite das escolas de samba e também estão em ascensão. Menos tradicional, a Torcida Jovem do Santos está na ativa desde 2003 e, atualmente, pertence ao Grupo de Acesso 2.
Flamengo, Fluminense e Vasco e alguns atletas já foram homenageados no Carnaval
Além das histórias curiosas de jogadores no Carnaval, alguns grandes times do futebol brasileiro também já foram homenageados em desfiles. Em 1995, no ano de seu centenário, o Flamengo virou samba-enredo da Estácio de Sá. O mesmo aconteceu com Vasco (1998) e Fluminense (2003), que foram prestigiados por Unidos da Tijuca e Acadêmicos da Rocinha, respectivamente, ao completarem 100 anos de existência. Já Ronaldo Nazário, herói na conquista do penta na Copa de 2002, foi homenageado no ano seguinte pela escola de samba Tradição. “O Ronaldo iluminado, dono da camisa 9. Nasceu em Bento Ribeiro, no Rio de Janeiro. Um menino inspirado pelo mundo consagrado. O fenômeno brasileiro”, dizia um trecho. Já em 2014, Zico virou o tema do samba da Imperatriz Leopoldinense, que contou a história do Galinho.