Medidas tipográficas
A partir da invenção da imprensa por Gutenberg, se começaram a desenhar e fundir diferentes tipos de letra segundo as necessidades técnicas de cada desenhista, sem nenhum tipo de norma comum que marcasse as características das letras.
Cada tipo era conhecido pelo nome que seu próprio criador lhe dava (geralmente seu próprio nome), sendo seu tamanho total (denominado corpo) e o de suas partes totalmente arbitrários. Conseqüência direta desta liberdade de criação foi que as imprensas não podiam intercambiar material tipográfico entre elas.
Uma das primeiras unidades tipográficas foi a pica, nome dado na Inglaterra do século XV a uns livros destinados a regular o ritual das festas eclesiásticas. Aparentemente se compuseram em um corpo de letra que acabou se chamando como eles. Equivale a 1/6 de polegada ou 12 pontos (4’233 mm.).
Martín Domingo Fertel e Claude Garamond buscaram já estabelecer pautas na fundição de tipos, porém foi Pierre Simon Fournier, quem publicou em 1737 seu Manuel Typographique, no qual definiu um sistema de proporções para a fundação sistemática dos caracteres, que chamou duodecimal. Para isso, tornou o tipo de letra menor do que comumente se usava, chamado nomparela, e o dividiu em seis partes, a cada uma das quais deu o nome de ponto; e a base deste começou a fabricar, desde 1742, todo o material tipográfico que fundia. À medida 12 pontos (o dobro da nomparela, equivalente a 4,512 mm) a chamou cícero , já que era similar ao corpo empregado na edição da obra Cicerón, de Oratore, que realizou o impressor Schöffer a finais do século XV.
Em 1760 Francois Ambroise Didot propõe melhoras ao sistema de Fournier, adotando como base o pé de rei, medida de longitude usada naquela época, que dividiu em 12 partes, obtendo uma nova definição de cícero, composto agora por 12 pontos (aproximadamente 0,377 mm). A partir desse momento se começaram a utilizar tipos em tamanhos constantes, chamados pelo número de pontos que media o corpo dos mesmos.
Considerando Didot que um ponto de pé de rei era excessivamente fino para formar uma apreciável graduação de caracteres, adotou como unidade básica a Grossura de dois pontos. Assim, dois pontos de pé de rei equivalem a um ponto tipográfico, quatro pontos de pé de rei equivalem a dois pontos tipográficos, etc.
A altura do tipo foi fixada em 63 pontos fortes (chamados assim porque a altura exata oscila entre 63 pontos e 63 e meio, equivalentes a 23,688 mm).
O sistema Didot foi adotado em todas as fundições do mundo, exceto na Inglaterra e nos Estados Unidos, onde o ponto tipográfico está baseado sobre a polegada inglesa, cuja equivalência com o sistema métrico é de 0,352 mm. Em 1886 a American Type Founder’s Association estabeleceu a medida da pica em 1/72,27 de uma polegada (aproximadamente 0,3515 mm), sendo adotado este sistema pelos Estados Unidos e pelas demais colônias inglesas. Os tipos se fundem geralmente em tamanhos padronizados que vão desde os 6 até os 96 pontos, mantendo-se sua altura em 63 pontos (23,312 mm).
A escala comum de tamanhos é a seguinte:
6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 16, 18, 20, 24, 28, 32, 36, 40, 48, 60, 72, 84, 96
Com o aparecimento dos computadores e sua aplicação ao trabalho editorial e ao design gráfico se tornou necessária a introdução de novos sistemas de Definição de fontes para tela que permitiram sua correta impressão posterior e de novas unidades de medida que se aproximaram mais a natureza dos monitores.
Entre os sistemas surgidos destaca um da companhia Adobe, chamado Postscript, que permite aos ordenadores se comunicarem com os periféricos de impressão. Este sistema foi lançado inicialmente em 1985 dentro do programa de edição Page Maker, opera armazenando os números em forma pilar e está baseado no formato de texto ASCII, o normal para caracteres. Como unidade básica de medida utiliza o ponto de polegada (uma polegada tem 72 pontos, equivalente a 2,54 centímetros).
Por outra parte, os monitores de computador utilizam como unidade de medida o pixel , definido como a menor unidade de informação visual que se pode apresentar em tela, a partir da qual se constrói as imagens.
O tamanho de um pixel não é absoluto, já que depende da resolução usada (um pixel à resolução 800×600 é maior que um à resolução 1024×768).
Resumindo, atualmente se usam dois sistemas de medidas tipográficas para trabalho em imprensa clássica:
- O europeu, baseado no ponto de Didot (0,376 mm) e o cícero, formado por 12 pontos de Didot (4, 512 mm.).
- O anglo-saxão, que tem como unidades o ponto de Pica (0,351 mm.) e a Pica, formada por 12 pontos de Pica (4,217 mm.).
A conversão de umas unidades a outras é incômoda, e o normal é que ninguém as realize. Normalmente, os cíceros e as picas vêem em umas regretas, chamadas tipômetros, que em ocasiões podem compatibilizar ambos sistemas, o anglo-saxão e o europeu.
Por outra parte, em trabalhos digitais se utilizam outros dois sistemas:
- Adobe Postscript, cuja unidade é o ponto de polegada (uns 0,352 mm). Uma polegada tem 72 pontos (2,54 centímetros).
- Pixels, unidades dependentes da resolução de tela usada.
Existem muitas propostas para conseguir unificar as medidas tipográficas a escala mundial, entre as que destacam as baseadas no sistema métrico decimal, como a proposta pela ISO (International Organization for Standarization), porém, até hoje nenhuma delas triunfou.
Por outro lado, o próprio avanço dos meios digitais está estabelecendo por si só uma padronização baseada no sistema Postcript de Adobe, altamente difundido e aceitado na atualidade, assim como a utilização dos pixels como unidade de medida, não só no design gráfico digital e no web design, como também em sistemas fotográficos digitais e em televisões de alta gama.
Fonte: http://www.criarweb.com/artigos/medidas-tipograficas.html