Meta rebate governo britânico em debate sobre privacidade versus segurança infantil

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O embate entre a gigante das redes sociais, Meta, e o governo britânico sobre o uso da criptografia em aplicativos de mensagens atinge um novo patamar, com a Meta rebatendo as críticas do governo em relação à segurança. Enquanto a Meta defende a criptografia como essencial para proteger a privacidade dos usuários, o governo britânico expressa preocupações sobre a segurança infantil. A polêmica ressurge no contexto do recém aprovado Projeto de Lei de Segurança Online e da campanha governamental contra os planos da Meta.

A história começou quando a Meta anunciou seus planos de criptografar todas as mensagens trocadas em sua plataforma, garantindo que apenas o remetente e o destinatário pudessem acessá-las. Essa medida visa proteger a privacidade dos usuários, uma vez que suas comunicações passariam a ser invioláveis.

Porém, o governo britânico segue resistindo a esse plano da gigante norte-americana. A Secretária de Estado do Interior do Reino Unido, Suella Braverman, levantou uma bandeira vermelha, alertando para os perigos que a criptografia poderia trazer. Ela expressou preocupações de que essa tecnologia poderia ser usada para ocultar crimes, especialmente o abuso infantil, tornando mais difícil a investigação desses casos.

Em julho, Braverman expressou suas preocupações ao Meta por meio de uma carta coassinada por especialistas em tecnologia, autoridades policiais, sobreviventes e organizações de caridade voltadas para a segurança infantil. Entretanto, na quarta-feira, ela afirmou que a Meta não forneceu garantias de manter suas plataformas seguras contra abusos extremos, enfatizando a necessidade de desenvolver medidas adequadas para complementar seus planos de criptografia de ponta a ponta.

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A Meta, por sua vez, contestou essa afirmação, afirmando que compartilhou as informações em julho, a maior parte das quais agora está disponível on-line. A empresa também disse que dedicou os últimos cinco anos ao desenvolvimento de medidas robustas de segurança para prevenir e combater abusos, expressando a intenção de continuar fornecendo mais relatórios às autoridades policiais do que seus concorrentes.

Para Braverman a criptografia de ponta a ponta poderia permitir que centenas de abusadores de crianças escapassem da punição. James Babbage, Diretor de Ameaças Gerais da Agência Nacional de Crimes do Reino Unido, disse, segundo a BBC, que a criptografia poderia “reduzir enormemente nossa capacidade coletiva” de proteger crianças.

O governo britânico, em um esforço para combater essa ameaça, lançou uma campanha contra os planos da Meta. O governo se uniu à Internet Watch Foundation (IWF) para fornecer um guia para pais sobre como manter seus filhos seguros caso a criptografia seja implementada. Além disso, apoiaram a produção de um filme que destaca os perigos da criptografia para a segurança infantil.

Meta x governo britânico: aplicativos de conversa

A empresa americana Meta, liderada por Mark Zuckerberg, revelou seus planos de implementar a criptografia de ponta a ponta (E2EE) por padrão em todas as conversas do Facebook Messenger até o final do ano.

A empresa já possui o aplicativo de mensagens criptografadas WhatsApp, e outras plataformas como Signal e iMessage também adotam a criptografia. Todas essas plataformas expressaram preocupações com o Projeto de Lei de Segurança Online recentemente aprovado, que pode comprometer a privacidade das mensagens criptografadas.

A Meta afirmou que, quando a criptografia de ponta a ponta se tornar padrão, utilizará inteligência artificial em conformidade com a lei aplicável para detectar contas envolvidas em comportamentos maliciosos, em vez de escanear mensagens privadas.

O Projeto de Lei de Segurança Online, aprovado na terça-feira, concede poderes à agência reguladora Ofcom para obrigar empresas a utilizar tecnologia aprovada que permita a detecção de material de abuso sexual infantil em mensagens criptografadas. Enquanto o governo afirma que essa tecnologia pode manter a criptografia de ponta a ponta, especialistas divergem, alegando que tal medida comprometeria a privacidade das mensagens e criaria riscos de exploração.

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*Com informações da BBC