Milei não teve a mesma sorte que Lula ao vencer as eleições

As eleições de Lula e de Milei não se comparam. É como se fosse a água e o vinho. Embora ambos, com ou sem razão, só vejam tridentes e labaredas à sua frente. Lula tomou posse nas duas vezes em que sucedeu um presidente, que não fosse ele mesmo, num verdadeiro céu de brigadeiro. O país estava redondo, com a economia muito bem direcionada. Já Javier Milei, ao contrário, vai herdar um país destroçado, com todos os números em frangalhos. Ainda que Lula tenha por hábito criticar seus antecessores, sua censura não passa de chiadeira política. Sem contar que possui maioria no Congresso. Portanto, bastaria que tivesse bons projetos e capacidade de articulação para que o país pudesse decolar. Ao tomar posse como presidente pela primeira vez, o petista encontrou a situação do Brasil em condições tão favoráveis que ao visitar o ex-presidente Fernando Henrique ao lado de Palocci, o então ministro se sentiu obrigado a fazer um agradecimento: “Olha presidente, quero agradecer o trabalho que vocês fizeram na transição”. Essa era a realidade. Nos devaneios de Lula, todavia, seria preciso pôr em prática a fábula do escorpião. Esse animalzinho peçonhento, apenas atendendo ao seu instinto, pica o sapo que o auxilia a atravessar o rio. 

Por isso, repetia à exaustão que recebera uma herança maldita. Precisava terceirizar a culpa dos possíveis erros que viria a cometer: “O Brasil estava quebrado e alguém tem que consertá-lo. Não tinha direção antes de eu assumir a presidência em 2003”. Ao substituir Bolsonaro suas atitudes não foram diferentes. Se levarmos em consideração o fato de termos enfrentado uma devastadora pandemia, encontrou as contas relativamente em ordem, queda no desemprego, inflação despencando, criminalidade caindo, PIB crescendo, estatais lucrativas. Seus discursos, porém, são sempre no sentido de criticar e culpar o ex-presidente pelos seus próprios desacertos nos 11 meses de governo.

Milei, ao contrário, ganha dos peronistas e se depara com um país de terra arrasada. Só para citar um dado, a inflação anual hoje é de 147%. O que mais espanta é que o seu adversário, Sergio Massa, é o ministro da Economia, e mesmo assim, com esses índices desesperadores, obteve mais de 44% dos votos. Uma escolha ideológica que poderia colocar a Argentina num rumo sem volta. Pois é, enquanto Lula reclama, critica e tenta encontrar culpados, não apresenta projetos consistentes que possam melhorar a vida dos brasileiros. Sua política de gastos incontidos e de aumento incontrolável de impostos tem resultado conhecido – arruinou os países que caíram na mesma armadilha. O Congresso que poderia pôr um freio nesses desatinos, se acomoda com a ocupação de cargos e recebimento de verbas. São insaciáveis!

O novo presidente argentino já avisou quais serão as suas ações: privatizar o que puder ser privatizado, dar liberdade absoluta ao mercado, respeitar a propriedade privada, fechar o Banco Central, dolarizar a economia, reduzir os impostos, acabar com os benefícios populistas. Seu desafio é descomunal. Terá de enfrentar uma base política divergente e um sistema acostumado às benesses de longos anos. Até boa parte daqueles que votaram em seu nome desconfiam de que possa levar a cabo suas promessas. Sabiam, entretanto, que do jeito que estava não podia continuar. Portanto, o novo presidente, além de enfrentar os adversários derrotados, terá de convencer com ações consistentes esses que o elegeram, mas que, por enquanto, ainda dormem com um olho aberto e outro fechado. Mauricio Macri, que ocupou a presidência Argentina de 2015 a 2019 foi eleito com propósitos semelhantes. Não conseguiu se reeleger por não ter transformado suas promessas em realidade. Não acabou com a pobreza, com a inflação e com o desemprego.  A cada quatro anos as esperanças de um povo se renovam. Esperam que o novo presidente resolva os problemas do país. Se as políticas do governo fracassarem, buscam um novo “herói” para que os seus sonhos sejam concretizados. Foi por isso que votaram em Milei. Tudo indica que começará com energia e vitalidade para mudar o quadro atual. Que assim seja para o bem dos nossos hermanos. Siga pelo Instagram: @polito