‘Miopia afetará metade da população global até 2050’, diz especialista em reabilitação visual

Não bastasse a pandemia, que nos trouxe inúmeras perdas e transtornos, um especialista em saúde ocular ouvido por esta coluna revela: a miopia deve afetar 50% da população mundial até 2050, de acordo com pesquisas da American Academy of Ophthalmology. “É fato que a Covid longa trouxe prejuízos à visão, sim, mas mesmo quem não contraiu o vírus apresentou aumento de grau com o uso constante de telas durante o isolamento. As pessoas têm tendência de precisar de algum tipo de correção de vista com o passar dos anos, tornando as óticas um serviço essencial, mas é claro que o advento da tecnologia resultou em pouca interação no meio ambiente e muitas horas em frente a computador, celulares e videogames, e isso tem um preço”, explica Roberto Pedroso, pós-graduado em Óptica e Optometria Ortóptica e Reabilitação Visual.

O aumento da miopia é um fenômeno que tem sido amplamente estudado nas últimas décadas. Podemos afirmar que há um quadro de prevalência global, já que estudos recentes indicam um aumento significativo ao longo dos anos, principalmente em áreas urbanas e industrializadas. Em algumas regiões da Ásia, por exemplo, a prevalência de miopia entre jovens adultos pode chegar a mais de 80%. “Além de fatores genéticos, fatores ambientais e comportamentais também desempenham um papel importante. Diversas abordagens têm sido estudadas para reduzir o aumento da miopia. Isso inclui medidas como o controle do tempo gasto em atividades de visão de perto, o uso de óculos ou lentes de contato especiais, a terapia de luz brilhante e o uso de medicamentos tópicos. No entanto, é importante destacar que muitas dessas intervenções ainda estão sendo pesquisadas. E é essencial consultar um oftalmologista para obter orientações adequadas”, alerta o especialista, que também é fundador da Rede de Ótica Óptica Center, presente em território brasileiro.

Aliás, está explicado por que o segmento cresce tanto – não só em terras tupiniquins, como também em patamar mundial. “Os olhos interferem em nossa saúde, na relação com o outro, em nossa produtividade e, consequentemente, na economia, já que são responsáveis por 85% de nossa interação com o meio ambiente, associados à cognição, bem-estar emocional, psíquico e longevidade”, afirma. A pedido especial desta coluna, o empresário Roberto Pedroso listou seis dicas imprescindíveis para que você tente retirar pelo menos seus filhos ou sobrinhos das estatísticas, ou seja, explicou os motivos atribuídos a diversos fatores que podem ocasionar o uso de óculos em idades mais jovens:

1. Uso prolongado de dispositivos eletrônicos: Com o aumento do uso de smartphones, tablets e computadores, muitas pessoas, incluindo crianças e adolescentes, passam mais tempo olhando para telas. Isso pode levar a condições como a fadiga ocular e a síndrome do olho seco, o que pode contribuir para problemas de visão que requerem o uso de óculos.

2. Mudanças no estilo de vida: Mudanças no estilo de vida, como menos tempo ao ar livre e mais atividades que envolvem o foco visual próximo, podem influenciar negativamente a saúde ocular. A exposição reduzida à luz natural e a falta de exercício para os olhos podem contribuir para o desenvolvimento de problemas de visão.

3. Genética: A predisposição genética desempenha um papel importante na determinação da saúde ocular. Se há histórico de problemas de visão na família, as crianças podem estar mais propensas a desenvolver condições que necessitam de correção visual, como miopia, hipermetropia ou astigmatismo.

4. Ambiente educacional: A exigência de foco constante em livros e material de estudo na escola pode afetar a visão de crianças e adolescentes, quando em excesso. A leitura prolongada e as atividades que exigem atenção visual próxima por muito tempo podem contribuir para a necessidade de óculos.

5. Conscientização e triagem precoce: O aumento da conscientização sobre a importância da saúde ocular e a disponibilidade de exames oftalmológicos e optométricos em idade escolar podem levar à detecção precoce de problemas de visão. Isso significa que as crianças podem começar a usar óculos mais cedo para corrigir deficiências visuais antes que se agravem.

6. Diagnóstico mais preciso: Avanços na tecnologia de diagnóstico ocular permitem uma detecção mais precisa de problemas visuais em idades mais jovens, o que pode resultar em uma intervenção mais precoce, como o uso de óculos.

Como colunista, sempre dou meu pitaco na matéria, porque retiro as ideias de alguns temas por aqui ao vivenciar problemas e busco exercer certo tipo de prestação de serviço, vocês já sabem. Foi um susto, por exemplo, e alívio descobrir, por meio de um exame moderno, que a minha filha tem olhos que estão se desenvolvendo de maneira desigual, ou seja, quanto mais eu a tirar de telas e a colocar em “fisioterapia ocular” (sim, isso existe), melhor. Aos 12 anos sei que ela vai achar ruim, mas depois, vai me agradecer! Então, esteja atento ou atenta!