Muitos dos jovens brasileiros desejam empreender, mas falham nas habilidades comportamentais

Hoje, muitos jovens encontram no empreendedorismo a verdadeira vocação de suas vidas. Segundo pesquisa do Monitor Global do Empreendedorismo, cerca de 8 milhões de jovens brasileiros, com faixa etária entre 18 e 24, possuem hoje o seu próprio negócio. Esse número representa o maior da história do empreendedorismo brasileiro. Nesse sentido, é fundamental que as universidades possuam um ambiente educacional adequado ao desenvolvimento do empreendedorismo, com professores qualificados para tal missão e infraestrutura também adequada, pois o empreendedorismo de hoje requer o uso de ferramentas digitais.

Defendo, enquanto educador, que uma das principais competências a serem trabalhadas no ensino superior para o desenvolvimento de jovens empreendedores é a comportamental (o que se chama de soft skills). Aliás, é amplamente sabido que as atuais gerações sofrem com apatia, depressão e ansiedade, condições humanas que afetam negativamente a perspectiva de uma vida empreendedora. Uma pesquisa recente da Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia) demonstra que o número de jovens diagnosticados com depressão praticamente dobrou depois da pandemia. O transtorno depressivo em jovens na faixa etária entre 18 e 24 anos era de 7,7% e aumentou para 14,8%.

Tais dados são extremamente preocupantes e chamam a nossa atenção para o papel atual do professor, especialmente quando se nota que os jovens desejam empreender, mas enfrentam dificuldades comportamentais que lhes atrapalham nessa jornada. Entendo que as competências/virtudes comportamentais, portanto, devem ser cada vez mais trabalhadas no ambiente educacional. Para tanto, cito o livro “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes”, do Stephen Covey, verdadeira “bíblia” do mundo dos negócios, em que o autor assevera: “O que somos comunica com muito mais eloquência do que o que dizemos ou fazemos”. E nessa lapidação do comportamento humano, precisamos trabalhar algumas virtudes como a resiliência, a fortaleza, a empatia, a temperança, a honestidade, a cortesia e a criatividade. Sem essas competências comportamentais e cognitivas, afirmo ser impossível a edificação de uma trajetória empreendedora de êxito, pois ela nos desafia cotidianamente diante das pressões próprias da iniciativa privada.

Empreender significa correr riscos e trabalhar em equipe para a obtenção dos resultados almejados. E isso também se aplica aos colaboradores de uma empresa, que estão expostos às pressões e desafios da iniciativa privada. Logo, desenvolver soft skills é algo mandatório para todos os profissionais (empreendedores ou não) que estão no mercado de trabalho. Mas essa abordagem educacional exige preparo por parte dos professores. Recomendo o uso de uma metodologia baseada na resolução de problemas práticos, valorizando o trabalho em equipe dos alunos, sempre norteados por professores que lhes inspirem por sua experiência de vida, apta a transmitir valores comportamentais.