Mulher de candidato morto no Equador culpa equipe de segurança pelo ocorrido: ‘Tinha que sair pelos fundos’

Verónica Saráuz, esposa de Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador, que foi morto com três tiros na cabeça na quarta-feira, 10, disse em entrevista a uma rádio local que houve falha na segurança do marido e que ele deveria ter saído pelas portas dos fundos. “A equipe de segurança e o chefe de logística falharam. Fernando tinha que ter saído pela parte de trás como fez o general Carillo, com escolta de polícias e um carro blindado e não com uma caminhonete que não era blindada”, disse entre as lágrimas. Verónica fez um apelo aos equatorianos e pediu que demonstrem coragem e valentia e que não deixem que o ocorrido com seu marido fique impune. “Temos que estar todos unidos. Amanhã será o velório, mas isso não deve ficar impune, deve nos fazer reacionar como países e parar de estupidez de dividir os votos para ir com quem oferece mais. Temos que nos unir como país e pensar em uma coisa que era muito importante. Nossa única esperança era Fernando Villacencio”, finalizou.

Nas redes sociais, Verónica também falou sobre o ocorrido e disse que seu marido foi assassinado porque foi o único que enfrentou as máfias políticas e traficantes de drogas. A facção criminosa ‘Los Lobos’, assumiu nesta quinta-feira, 10, a autoria pelo assassinato. Em um vídeo, eles dizem falar em nome de líderes conhecidos como ‘Pipo’ e ‘o menor Esteban’ e fazem mais ameaças. “Queremos deixar claro à toda a nação equatoriana que, cada vez que os políticos corruptos não cumprirem com suas promessas quando recebem nosso dinheiro, que são milhões de dólares, para financiar suas campanhas, serão mortos”, diz um dos criminosos no vídeo. Eles seguem com uma ameaça direta a outro candidato presidencial do país, Jan Topic. “Você também, Jan Topic, cumpra sua palavra. Se não cumprir suas promessas, será o próximo”, afirma o porta-voz.

Antes de ser assassinado na quarta-feira, Villacencio havia feito um discurso premonitório com declarações diretas a criminosos que ameaçavam matá-lo. “Não preciso [de colete]. Vocês são um povo valente, e eu sou valente como vocês. Vocês são aqueles que cuidam de mim. Venham, aqui estou. Disseram que iriam me quebrar. Aqui está Don Villa [apelido de Villavicencio]. Que venham os chefões do narcotráfico, venham! Que venham os atiradores, que venham os milicianos! Acabou-se o tempo da ameaça. Aqui estou eu. Podem me dobrar, mas nunca vão me quebrar”, disse durante comício. Quando anunciou sua candidatura, o político e jornalista havia dito que queria ser presidente para derrotar máfias que cooptaram o Estado e colocaram a sociedade de joelhos. Nas pesquisas eleitorais, ele aparecia na quarta e quinta posição das intenções de voto.