Nav9: a empresa que nasceu de aprendizados de startups não tão bem-sucedidas

Matheus Danemberg, CEO da Nav9

Muito se fala dos louros de empreender – mas pouco se fala da trajetória de fracassos necessária para que o melhor aconteça. Esse foi o início da minha conversa com Matheus Danemberg, fundador e CEO da Nav9. O executivo empreende há dez anos e, segundo ele, desde 2013 as coisas mudaram no ecossistema de startups.

“As coisas estavam começando, não era esse mercado que é hoje. Eu acabei vivendo bastante essa mudança do mercado, vivendo e empreendendo. Isso foi bem importante. Eu acho que o Brasil é um bom lugar para empreender, porque é um lugar com muitos problemas que não foram resolvidos”, diz ele, em entrevista ao IT Forum.

Entretanto, antes da Nav9, Matheus passou por quatro falências anteriores. “O principal aprendizado que tive foi que eu precisava olhar para o negócio como um todo. Olhar para o comercial, para o financeiro, não especificamente para programação. Como meu background é como programador, eu tentava resolver tudo como programador”, conta.

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Até hoje, diz ele, gosta de participar da operação. Mas, antes Danemberg não pensava que a startup era um negócio, que tinha um mercado e que precisava pensar na dor do cliente e estar focado em outros assuntos que não a tecnologia.

“Eu aprendi um framework de como começar uma startup e um dos tópicos era a solução. Mas também falava de tamanho de mercado, de go to market, de dor do cliente e como propor a solução para essa dor. A solução era só uma parte”, frisa o executivo.

Foi a partir desse novo olhar que surgiu a Nav9. Ele participou de um curso e, em contato com outros participantes, entendeu que uma das grandes dores das startups era não ter um CTO. Ou seja, começar os primeiros passos da tecnologia era a grande dor.

“E isso era exatamente o que eu sabia fazer. Eu não sabia construir o negócio, mas sabia construir a tecnologia. Começando a analisar o mercado, eu vi que tinha uma oportunidade porque eu tenho a expertise de quatro produtos, já estou inserido no ecossistema por ter sido acelerado e, entendendo esse mercado que essas startups precisavam, eu comecei a falar com as pessoas e buscar uma nova aceleradora”, resume Danemberg.

A Nav9, de forma sintética, é uma tech solving partner que auxilia companhias a entender o contexto e a vivenciar a experiência no ambiente digital, organizando os processos ágeis e materializando os produtos com agilidade e escalabilidade.

As verticais que a empresa trabalha são bastante variadas. Segundo o CEO, a que mais se repete é a área financeira, desde empresas grandes até startups. “São empresas que estão investindo em inovação. Entender uma dor de negócio e solucionar com tecnologia é onde atuamos melhor.”

No ano passado, a Nav9 fatuou R$ 9 milhões e a expectativa é de crescimento para 2023, ainda que o executivo não tenha aberto quanto. Chegando ao fim do ano, Danemberg acredita que o segundo semestre tenha sido melhor.

“No primeiro semestre de 2023, notamos as empresas ‘segurando’, tentando entender como ficaria o mercado. Como trabalhamos bastante com startup foi bem latente, mas nas corporates eu também percebi isso na nossa carteira e em outras empresas. Estavam todos revendo esse investimento”, pondera. De acordo com ele, todo mundo ainda tem dores, mas todo mundo ficou mais criterioso.

“Estou bastante animado para o ano que vem. Esse ano foi confuso, mas acho que em 2024 todos já entenderam mais ou menos como vai ficar o mercado e voltarão a colocar mais energia nos projetos de inovação. Nós estamos prontos para participar disso”, finaliza.

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