Negócios estão atrasados para milho inverno 

Os negócios para a segunda safra de milho no Brasil estão atrasados. Diferentes empresas e cooperativas agrícolas relatam lentidão na tomada de decisão de agricultores. A perda de valor do milho travou compras de sementes, fertilizantes e defensivos e o patamar de negociação está abaixo da média para o período. As compras de fertilizantes estão na casa de 45%, contra 73% da média de 5 anos. Para as sementes temos 35%, contra 79% na média de três anos. Para os defensivos as compras estão em 25%, contra 55% da média, apontam dados da Agrinvest Commodities. “O motivo para o atraso nessas compras é uma rentabilidade muito apertada para os produtores. O preço do milho é o grande vilão de tudo isso”, explica Jeferson Souza, analista da consultoria. A venda antecipada da safra de milho de inverno 2024 também está atrasada. Dados da consultoria Céleres indicam 8% – abaixo da média de 5 anos em que é 25% para o atual momento. Os produtores ainda se sentem receosos em função do planejamento e compras de insumos tardio para safra inverno 23/24, da apreensão em relação ao impacto de El Niño sobre safra de inverno e preços futuros e relações de troca para 23/24 em patamares bem menores que últimos dois anos, explica a Céleres.

Na Coamo, uma das maiores cooperativas agrícolas da América Latina, o plano de inverno com as condições comerciais e de pagamento para culturas como o milho safrinha será divulgado somente em novembro, atrasado em relação ao calendário tradicional que é em outubro. “O produtor está fazendo aquisição atrasada, na espera de redução do preço do insumo. Já estamos um pouco atrasados, a comercialização de sementes de milho está um pouco atrasada e o produtor está realizando a aquisição de híbridos mais baratos, o que preocupa por conta da cigarrinha”, destaca o CEO da Coamo, Airton Galinari. A retomada gradual aos negócios é esperada já para as próximas semanas, principalmente pela proximidade da época de plantio e necessidades logísticas para os insumos. Há também quem deva desistir do milho e optar por sorgo, girassol e outras culturas nesse cenário de preço mais baixo para o grão.