Estudo propõe nova forma de recrutar profissionais para tecnologia

ONG generation contratacoes TI

Um estudo global realizado pela ONG Generation, que atua em 17 países, incluindo no Brasil, propõe que as empresas contratantes revisem seus processos de recrutar profissionais de tecnologia para que possam aumentar a diversidade, equidade e inclusão. A organização propõe que as empresas retirem os requisitos relacionados a diploma universitário e experiência prévia de trabalho para cargos de entrada no mercado de tecnologia, substituindo-os por certificações da área e habilidades comportamentais.

A conclusão partiu da pesquisa “Revolucionando a Contratação em Tecnologia”, realizada entre novembro de 2022 e janeiro de 2023 em oito países: Brasil, Canadá, França, Alemanha, Índia, México, Reino Unido e Estados Unidos. Participaram do estudo mais de 2.600 candidatos a empregos, 1.275 profissionais que já conseguiram uma vaga em funções de tecnologia e 1.325 empregadores de diferentes setores.

Barreiras e expectativa

De acordo com o estudo, nos últimos três anos, 61% dos empregadores entrevistados adicionaram requisitos de formação ou experiência de trabalho para funções iniciantes nas áreas de tecnologia. Ainda que tenham citado a busca por maior eficiência na contratação, eles seguem enfrentando desafios nesse processo. Mais da metade dos empregadores entrevistados na pesquisa (52%) afirma que a empresa na qual trabalham têm dificuldade em contratar para cargos iniciantes de tecnologia e 62% afirmam ser necessário revisar o processo de contratação desse tipo de vaga.

Na análise da ONG Generation, a exigência de experiência prévia faz com que vagas de nível verdadeiramente iniciante estejam se tornando coisa do passado. Além disso, o requisito de formação universitária torna-se uma barreira significativa. Cerca de um terço dos candidatos que não conseguiram vagas de tecnologia disse que não atendeu às exigências de educação e, por isso, não avançou para os próximos estágios do recrutamento.

Empresas inovam na contratação

O estudo, entretanto, identificou que um quarto (24%) das empresas entrevistadas passou a focar em competências baseadas em demonstração de habilidades e retirou as exigências de formação ou experiência profissional para esse tipo de cargo iniciante.

A pesquisa observou que quase 60% das organizações que eliminaram esses requisitos observaram um aumento no número de candidatos, o que permitiu agilizar as contratações e impulsionar a diversidade de talentos. E o que é melhor: 84% dessas empresas disseram que as pessoas contratadas sem o requisito de um diploma ou experiência anterior tiveram desempenho igual ou superior do que aquelas contratadas com as exigências tradicionais.

Como as empresas brasileiras contratam

Helena Tavares, COO da Generation Brasil, indica que os dados do País vão em linha com os achados internacionais. “Na busca por maior eficiência na contratação, 65% das empresas brasileiras contempladas na pesquisa acabaram adicionando requisitos de diplomas universitários ou experiência prévia para cargos de nível de entrada em tecnologia nos últimos anos. Nossa pesquisa mostrou, no entanto, que foram justamente os empregadores que desafiaram essa tendência e focaram em habilidades e certificações de TI que conseguiram acessar grupos de talentos mais diversos e ganhar eficiência”, explica Helena.

Também a exemplo do que acontece em outros lugares do mundo, 59% das empresas brasileiras ouvidas pela pesquisa afirmaram enfrentar dificuldades para preencher cargos de tecnologia de nível inicial. Tanto que 89% dos empregadores disseram investir em processos de recrutamento que contam com programas de integração, mentoria e estágio, a fim de aumentar o número e a diversidade de seus talentos e melhorar sua lucratividade.

Mas as barreiras persistem: entre os candidatos a vagas de TI que não foram selecionados em processos seletivos no Brasil, os principais motivos alegados foram: falta de experiência necessária (59%), ausência de habilidades técnicas (38%), credenciais acadêmicas insuficientes (35%) e carência de habilidades comportamentais (23%).

Para as empresas que buscam expandir os canais de entrada de nível básico no setor de tecnologia, mas que ainda estão encontrando barreiras, a pesquisa da ONG Generation sugere algumas recomendações:

  • Remova os requisitos de experiência de trabalho e diploma, e priorize certificações e outros indicadores de habilidades para ampliar os grupos de candidatos;
  • Use avaliações técnicas durante o processo de contratação para garantir que os candidatos tenham as habilidades necessárias para o trabalho;
  • Fique atento às habilidades comportamentais e técnicas ao longo da seleção;
  • Reavalie as contratações para reduzir os vieses inconscientes e aumentar a diversidade de talentos.

“Esperamos que os resultados contribuam para que as empresas e os empregadores entendam e se beneficiem dos efeitos de mudar os processos de seleção, priorizando abordagens baseadas em habilidades. Nosso próximo passo é apoiar as empresas a implementar as mudanças necessárias apontadas por nossa pesquisa e ajudá-las a medir o impacto positivo dessas mudanças em seus negócios”, adiciona a COO da Generation para a América Latina.

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