Novo comandante da FAB admite ‘incompreensão’ de pessoas próximas por ele aceitar o cargo

Em seu primeiro discurso à frente da Força Aérea Brasileira, o brigadeiro Marcelo Damasceno disse que assume a função mesmo com a incompreensão de pessoas próximas e que acredita que não vai faltar apoio do Palácio do Planalto em projetos estratégicos. A cerimônia de transmissão de cargo do comando da aeronáutica ocorreu na base aérea de Brasília e contou com a participação do novo ministro da Defesa, José Múcio, do general Villas Boas, de ex-comandantes e novos chefes da Marinha e do Exército. A equipe de transição de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já havia indicado os nomes em dezembro pelo critério de tempo de atuação nas forças. “Como filho desta pátria tão idolatrada, eu não fugiria à luta, não me furtaria a cumprir essa nobre missão. E que a incompreensão, principalmente de alguns mais próximos, revertam-se em futuro entendimento. Que as minhas limitações deem passagem à imensa energia que tenho de fazer o melhor pela missão e pelas pessoas de nossa Força”, declarou.

O ex-comandante da aeronáutica, o brigadeiro Batista Júnior se despediu do cargo no mesmo evento. Em seu último discurso na função, disse que presta continência a autoridades e não a pessoas. “Este importante gesto de saudação militar, impessoal, e que visa às autoridades, não as pessoas. Hoje, em meu último gesto como comandante da aeronáutica, minha continência selará a passagem das autoridades que recebi do meu antecessor ao nosso novo comandante e líder, tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno”. O discurso do ex-comandante da aeronáutica ocorreu um dia depois da posse de Lula, que passou direto pela rampa no momento em que os oficiais prestaram continência a ele como novo presidente da República e novo chefe das Forças Armadas.

O novo ministro da Defesa assume a função com o desafio de melhorar a relação de Lula com os militares. Ao ser empossado na sede da pasta, fez um discurso conciliador. Ex-presidente do Tribunal de Contas da União e ex-deputado, ele reforçou ainda que as Forças Armadas estão a serviço da democracia: “Com a busca incessante da manutenção dos programas e projetos de reaparelhamento de todos os ramos das Forças Armadas. Do incremento das capacidades operacionais do Ministério da Defesa, do estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico em prol do cumprimento das nossas missões institucionais, da interação de todos os setores da sociedade e da cooperação internacional em todos os níveis. Assim, exorto a todos a, juntos em harmonia, continuarmos o nosso trabalho pela defesa e pela segurança do Brasil”, disse Múcio. A posse do novo ministro marca o retorno de um civil no comando do Ministério da Defesa depois de cinco anos.

*Com informações da repórter Berenice Leite