O primeiro ato de um censor é proibir que as pessoas digam que a censura existe

É interessante notar como a liberdade de opinar incomoda tanto a esquerda. O mero fato de tomar uma posição diferente daquela que a patota censora definiu como correta gera infindáveis ameaças de ministros do Supremo e do governo. Dizer, atualmente, que a internet deve ser livre das regulações toscas e ditatoriais do Estado se tornou quase uma ameaça terrorista, fazendo com que ministros sebosos parem tudo o que estão fazendo para contrapor e ameaçar o mensageiro de uma ideia oposicionista. Se você ainda não notou esse modus operandi ‒ o que, nessa altura do campeonato, já parece um tanto quanto alienamento com pitadas de cegueira consentida ‒, ouse apenas questionar a validade e eficácia do controle central do ambiente livre das praças cibernéticas para entender, sem nenhuma demora, o que é esse peso estafante das ditaduras e ditadores atuais.

Não é lá tão difícil, diga-se de passagem, identificar o advento desta atual censura da esquerda ‒ apesar das sempre fiéis firulas, retóricas e pseudocientíficas teses dos especialistas em defender o indefensável. Por exemplo, o primeiro ato de todo censor é calar ou atacar aqueles que dizem que a censura existe ‒ desacreditar o fato é tática comum daqueles que se veem ameaçados pela verdade desses fatos. Assim, a simples opinião contrária começa a ser ferozmente massacrada através de uma máquina coordenada de ataques do Estado, de influencers “amigos do Kremlin” e de jornais e jornalistas chapa-branca. Cria-se, após isso, uma narrativa de que os censores, no fim, apenas querem proteger a democracia e a sociedade de discursos odiosos que podem nutrir crimes futuros caso se encontrem em livre circulação. Todavia, como não é lá muito difícil de intuir desde Maquiavel, todo controle na política visa apenas garantir poder e dominância de espaço ‒ não se iludam. Quem determina o que pode ser dito e acreditado, determina também quais críticas e discursos serão aceitos de acordo com a cartilha dos poderosos; a consciência e o discernimento dos indivíduos dão lugar à máquina de aferição de verdades do Estado, com a suposta probidade de que o Estado não falha ‒ ou falha menos ‒ se comparado aos indivíduos.

É tudo sobre poder, sobre quem dará as cartas: a sociedade e suas vontades ‒ aquela que elegeu Bolsonaro e demais conservadores ‒, ou a cúpula do poder, aqueles que trazem à tona novamente Renan Calheiros, Sérgio Cabral, Lula, entre outros. Mas vamos lá. Pessoalmente gosto de análises claras e, apesar da cultura poética que abarco, vez ou outra, em meus textos, acredito que, quando estamos diante de ameaças claras às liberdades individuais, purpurinas e adornos mais atrapalham do que ajudam. Assim sendo, vamos às claras: o governo Lula e os ditadores togados querem controlar a opinião popular com a desculpa de salvaguardar a democracia, o que, per se, é um dos argumentos mais vagabundos e comuns que existem. Quase todas as ditaduras do século XX usaram tal argumento, cair nele novamente só pode ser duas coisas: ignorância histórica ou burrice consentida.

Por princípio só pode existir democracia se os indivíduos tiverem o poder de se expressarem livremente sem serem coagidos ou criminalizados pelas suas opiniões e ideias. Ponto. Isso não é um daqueles itens negociáveis, a liberdade não é um chaveirinho para cantadas em baladas ou choro de adolescente ante a proibição paternal. A liberdade é um valor primordial que não aceita cadeados estatais, dedos em riste de poderosos e nem canetadas jurídicas de ministros com fetiches ditatoriais. Controle de opinião, criminalização de ideias, nunca caberá na mesma cabeceira social da democracia e do valor primordial que a sustenta, a liberdade de expressão. Anotem isto: quando alguém disser a você que defende a liberdade de expressão, porém ela tem que ser regulada pelo Estado seja lá por qual motivo for,  não se cale. Não balance a cabeça em afirmação apenas para que esse assunto logo passe. A história sempre foi liderada por dois tipos de pessoas, as corajosas e as covardes. As covardes assistiram às  ditaduras nascerem sem se oporem a elas, para, logo após, serem engolidas e massacradas pelo  monstro que suas covardias criaram; as corajosas se opuseram aos tiranos e, não poucas vezes, tocaram de seus meios os déspotas e tiranos que ameaçavam seus valores, seus lares e suas autonomias.

Acreditem, não são poucos os exemplos de potenciais ditadores que se recolheram em suas insignificâncias morais quando os indivíduos tomaram consciência da estratégia nefasta que ele carregava no bolso de trás! Às vezes, meus caros, as coisas começam a mudar quando temos a coragem de dizer: “Agora chega”, seguido da também corajosa atitude de não mais se calar ante as ameaças dos ditadores.