‘PEC Fura-Teto por dois anos é cortar mandato dos deputados eleitos pela metade’, diz Major Vitor Hugo

O deputado federal major Vitor Hugo (PL-GO) concedeu uma entrevista ao vivo neste domingo, 11, para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, para falar sobre as expectativas em torno da aprovação da PEC da Transição, também chamada de “fura-teto”, que deve ser votada na próxima quarta-feira, 14, na Câmara dos Deputados. Segundo ele, a banca do PL, que é a maior da Câmara vai se reunir nesta semana para decidir seu posicionamento diante da proposta legislativa sugerida pela equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entrentanto, ele elenca prioridades para atuação: alterar o prazo, de dois para um ano, e reduzir o valor, para até R$ 70 bilhões. Para ele, manter a proposta válida por dois anos, como foi aprovada no Senado Federal, seria cortar o mandato dos deputados eleitos pela metade, já que eles só poderão interferir na situação a partir de 2025.

“Existem três pontos que nos preocupam, o valor, que é muito acima do que o Brasil pode suportar. Realmente demonstrar uma irresponsabilidade muito grande. O presidente Bolsonaro prometeu isso [R$ 600 do Auxílio Brasil] ao longo da campanha. E também a correção do salário mínimo acima da inflação. Para isso, seria necessário algo em torno de R$ 60 e R$ 70 bilhões. R$ 200 bilhões é um absurdo. Outro aspecto que queremos lutar contra é a questão dos dois anos. Queremos diminuir para um ano. Mais do que suficiente para se organizar esse momento e para garantir no ano que vem esses R$ 600. E, a partir daí, o novo congresso, eleito pela população, que é mais a direita, centro-direita, vai poder se debruçar com mais calma e tranquilidade com o que estamos discutindo agora no término da legislatura. Fazer com que essa PEC seja por dois anos é praticamente cortar o mandato dos próximos deputados e senadores que foram eleitos agora, dos deputados em particular, pela metade. E cortar 25% do tempo dos senadores. Dois anos resolve o problema do governo, mas tira todo poder de influência do parlamento. E o parlamento representa a população brasileira. O terceiro ponto é que eles querem modificar todo o nosso arcabouço fiscal por meio de lei complementar, diminuindo a proteção que o Brasil tem em relação à irresponsabilidade de governantes que estão ocupando cargos momentaneamente. Nós vamos trabalhar para que isso não ocorra na Câmara”, disse o major Vitor Hugo.

O parlamentar também comentou sobre os nomes dados à PEC, afirmando que o texto propõe estourar o teto de gastos. “‘PEC Fura-teto’ é uma maneira eufemística de dizer. É uma PEC do estouro, da gastança, daquilo que vai abrir as portas da irresponsabilidade fiscal no nosso país. R$ 145 bilhões, mais R$ 23 bilhões para gastos atuais, mais uma série de penduricalhos. Alguns cálculos colocam para mais de R$ 205 bilhões que vão ser abertos aliados a um discurso que o PT tem feito de irresponsabilidade fiscal. Quando foi votada no Senado não havia nem indicação do ministro da Economia. Agora sabemos, foi indicado o Haddad, que disse que estudou economia por menos de dois meses. Que colava no seu mestrado de economia. Então a gente fica, realmente, muito preocupado. Nós, da pancada do PL, a maior bancada da Câmara, ainda vamos nos reunir. Certamente vamos ter uma influência muito grande no segmento ou não dessa PEC nos termos que ela se encontra hoje, na forma que ela foi aprovada”, pontuou.

O major Vitor Hugo também fez uma comparação com o início do governo Bolsonaro, citando que, sem apoio do centrão assim que foi eleito, o presidente conseguiu aprovar projetos importantes no primeiro ano, como a reforma da previdência. “Nós estamos vendo que, antes de iniciar o governo, eles já têm mais de 15 partidos anunciados como apoio, mais de 200 parlamentares na Câmara. Anunciaram também mais de 35 ministérios, onde pretendem acomodar os seus aliados. Eles querem abrir mais créditos, fazer a PEC do estouro, alegando que não há dinheiro, e, ao mesmo tempo, querem criar quase 40 ministérios, que certamente vão gerar muito mais gastos para o nosso país. Realmente o cenário é muito ruim (…) Torço que as duas câmaras, na nova legislatura, sejam responsáveis com o futuro do nosso país e não deixem que esses avanços irresponsáveis do governo de transição tenham êxito”, disse.

Questionado sobre como vê o futuro da política no país e a luta pela liberdade de expressão, bandeira do presidente Bolsonaro, Vitor Hugo disse esperar que a direita se una no parlamento para defender tais bandeiras “A direita vai ter que se unir cada vez mais, planejar, executar ações políticas que nos levem novamente a ter o controle do país. E leve o país para a direção que a maioria do povo brasileiro quer, uma economia de mercado, nossos valores conservadores. Eu tenho certeza que numa situação ou na outra, como nosso presidente disse na última fala dele no Palácio da Alvorada, nós vamos vencer, com certeza”, finalizou.