Peso argentino desvaloriza 18,3% após eleições primárias na Argentina e vitória de Javier Milei

O peso argentino desvalorizou 18,3% nesta segunda-feira, 14, no Banco Nación após as eleições primárias de domingo, com voto majoritário da oposição e os sólidos resultados do libertário Javier Milei, que propõe a dolarização da economia. O Banco Nación mostra um preço do dólar de 365,50 ante um fechamento de 298,5 na sexta-feira, antes das eleições, após a decisão do Banco Central. As coalizões contra o governo de Alberto Fernández, que defendem a desvalorização do peso, obtiveram quase 60% dos votos nas primárias para definir os candidatos às eleições presidenciais de outubro. Milei venceu as eleições que definem os candidatos que disputarão o primeiro turno da eleição presidencial de 22 de outubro – um eventual segundo turno está previsto para 19 de novembro. Ele obteve 30,31% dos votos e tornou-se o protagonista do pleito, que disputará com a ex-ministra de Segurança Patricia Bullrich e o ministro da Economia, Sergio Massa.

Com a crise econômica que assola a Argentina, uma inflação que chega a 115% interanual e a pobreza em ascensão (40%), o discurso de Milei contra o que chama de “casta política” capitalizou o descontentamento. Embora quase sempre tenham vivido em uma economia em crise, os argentinos sofrem neste momento com os piores indicadores em 30 anos. “Conseguimos construir esta alternativa competitiva que dará fim à casta política parasitária, que rouba, inútil”, declarou Milei em seu primeiro discurso após o anúncio dos resultados. “Estamos em condições de vencer a casta no primeiro turno”, acrescentou.

As eleições de domingo, com participação de 69% dos mais de 35 milhões de eleitores, dividiram o eleitorado em três partes de peso similar. A Argentina é a terceira maior economia da América Latina e um importante exportador mundial de alimentos. Ao mesmo tempo, tem de cumprir um acordo de 44 bilhões de dólares (R$ 216 bilhões, na cotação atual) com o FMI. Nestas eleições, também foram escolhidos os candidatos às eleições legislativas parciais, que renovam parte do Congresso, a prefeitura da capital e o governo da província de Buenos Aires.