PF estuda abrir nova linha de investigação para apurar relação entre SP e RJ no caso de registros falsos de vacina em Bolsonaro

O ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Vinicius de Carvalho, se reuniu nesta quarta-feira, 4, com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, para discutir a criação de uma nova linha de investigação do esquema de fraudes em cartões de vacina que possa esclarecer a ligação entre os registros falsos de vacinas no sistema do Ministério da Saúde de unidades no Rio de Janeiro e a suspeita de fraudes também partindo do Estado de São Paulo na caderneta do ex-presidente Jair Bolsonaro. As informações são do repórter Bruno Pinheiro, da Jovem Pan News.

O relatório da Polícia Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o suposto esquema de fraude em carteiras de vacinação relata que há três registros de vacina em nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no aplicativo ConecteSUS. Em nota enviada ao site da Jovem Pan, CGU informou que há em curso uma Investigação Preliminar Sumária (IPS) “iniciada nos últimos dias do governo anterior”. Além das duas doses da Pfizer já investigadas pela PF e que teriam sido administradas em unidades de saúde de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, Bolsonaro teria tomado uma terceira dose contra a Covid-19, desta vez em São Paulo, que também teria sido inserida no sistema de imunização do Ministério da Saúde, segundo informações levadas pela CGU à Polícia Federal.

Como a Jovem Pan mostrou, a terceira dose, da vacina da Janssen, teria sido aplicada em Bolsonaro no dia 19 de julho de 2021 em um posto de saúde do Parque Peruche, em São Paulo. “Após a geração desse segundo certificado, os registros das vacinas da fabricante Pfizer em nome do ex-Presidente da República Jair Bolsonaro foram excluídos do sistema do Ministério da Saúde, às 20h59min do dia 27/12/2022. A ação foi realizada pela operadora Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, sob a justificativa de ‘erro’, conduta praticada possivelmente para dificultar a identificação do proveito do crime de inserção dos dados falsos no sistemas SI-PNI e RNDS, qual seja, a emissão do certificado de vacinação contra a Covid19, contendo três doses, em nome de Jair Messias Bolsonaro”, diz um trecho do relatório de 114 páginas da Polícia Federal enviado ao STF.

Seis pessoas foram presas na Operação Venire, que apura o esquema de fraudes de vacinação, entre elas o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, e os dois seguranças da cota pessoal do presidente, Max Guilherme, militar do Bope no Rio de Janeiro; e Sérgio Cordeiro, militar do Exército. Além do cartão de vacina de Bolsonaro, estão sendo investigadas fraudes no cartão da filha dele, menor de idade, de Mauro Cid e da mulher, e outros assessores do ex-presidente.