Pilha recarregável: g1 testa para ver como é a duração


Modelos foram avaliados durante 5 meses e comparados com pilhas alcalinas não recarregáveis, que custam menos. Tempo de recarga varia entre marcas – mas a espera é longa até ‘encher’ a bateria. Guia de Compras: g1 testa pilhas AA
Ighor Jesus/g1
Pilhas recarregáveis são mais caras que as convencionais, mas têm a vantagem de poderem ser reutilizadas inúmeras vezes ao longo do tempo – e isso ajuda a economizar dinheiro.
O Guia de Compras avaliou 4 kits com pilhas e carregadores durante cinco meses (de março a julho de 2023). Para comparação e controle, o mesmo teste foi feito com um modelo de pilha alcalina não recarregável com capacidade mais próxima às das demais.
Os produtos avaliados foram:
Duracell: kit com 4 pilhas AA e carregador de parede
Elgin: kit com 2 pilhas AA (com mais 2 avulsas) e carregador USB
Multi: kit com 4 pilhas AA e carregador de parede
Philips: kit com 4 pilhas AA e carregador de parede
Os kits com pilhas e carregador custavam entre R$ 90 e R$ 200 nas lojas online, em julho. As pilhas alcalinas AA eram vendidas em torno de R$ 30 o pacote com 4.
Para avaliar a duração, elas foram usadas em objetos com diferentes níveis de consumo:
lanterna LED
luz de fada (iluminação LED decorativa)
fio de LED
relógio de parede
mouse
Veja detalhes e o desempenho de cada marca e, ao final da reportagem, a conclusão.
Kit com 4 pilhas AA e carregador de parede Duracell
O kit com 4 pilhas AA e carregador de parede da Duracell se destacou, durante os testes, por apresentar a maior duração e o tempo de recarga mais rápido entre as quatro marcas avaliadas.
Se comparada com a pilha alcalina não-recarregável, também durou mais tempo.
O produto tem garantia de 5 anos, de acordo com a fabricante. Nas lojas da internet, era vendido na faixa dos R$ 200 – é o mais caro do teste.
A Duracell indica que a recarga leva em torno de 4 a 8 horas – durante os testes, usando o kit da marca, o tempo para recarregar duas unidades chegou a 3 horas.
A fabricante afirma que as pilhas podem ser recarregadas “centenas de vezes”, sem especificar um número exato.
E, caso as pilhas não sejam utilizadas por um período de tempo, a marca diz que 80% da carga se mantém conservada por até 1 ano após o recarregamento. Das quatro marcas avaliadas, foi a única que deu esse tipo de informação.
Kit com 2 pilhas AA e carregador USB Elgin
Pilha recarregável AA 2500 mAH Elgin
O kit da Elgin é o único do teste a vir apenas com duas pilhas no pacote, e com capacidade menor de armazenamento de energia do que as concorrentes (1.500 mAH). O produto era vendido por R$ 90 nas lojas on-line consultadas em julho.
Para poder comparar com as demais pilhas recarregáveis, o teste incluiu um pacote adicional de pilhas AA com 2.500 mAH, que saía na faixa dos R$ 70 no período consultado.
Comprando os dois produtos, o valor ficava em torno de R$ 160. A garantia é de 1 ano.
O carregador foi o único entre os avaliados a vir com um cabo USB (sem tomada), o que dá maior flexibilidade para a recarga, mas é mais lento em comparação aos modelos com carregador de parede.
O tempo de recarga para as pilhas ficou na faixa das 8h nos testes. É o meio termo entre o mais rápido (Duracell) e os mais lentos (Philips e Multi).
Segundo a fabricante, as pilhas podem ser recarregadas até 1.000 vezes.
Quanto à duração, em todos os testes a Elgin ficou atrás da Duracell e da Philips e quase empatada com a Multi. Na comparação com a pilha alcalina não-recarregável, o desempenho da Elgin ficou um pouco abaixo.
Carregador CB054 com 4 pilhas AA Multi
O kit com carregador CB054 da Multi veio com 4 pilhas AA no pacote. O produto era vendido nas lojas da internet por R$ 90 em julho: o mais barato entre os modelos avaliados.
A garantia do fabricante é de 1 ano.
O tempo de recarga indicado pela marca é de 10 a 12 horas, mas o carregador foi o mais lento entre as quatro marcas avaliadas – chegando a demorar até 14h para o LED indicador de carga completa ficar verde.
As pilhas podem ser recarregadas até 1.000 vezes, de acordo com a Multi.
O desempenho na Multi nos comparativos com as pilhas recarregáveis a deixou em último lugar em todos os testes de alto consumo. Ela também perdeu em desempenho na comparação com a pilha alcalina não-recarregável.
Kit carregador com 4 pilhas AA Philips
O kit carregador Philips também veio com 4 pilhas tamanho AA na embalagem – as pilhas têm uma capacidade um pouco menor (2.450 maH) que as demais do teste (2.500 mAH).
O produto era vendido por R$ 160 nas lojas on-line consultadas em julho. A garantia é de 1 ano.
Segundo o fabricante, o tempo de recarga fica em torno de 12 horas.
Nos testes, o período de recarga das pilhas variou entre 10 e 12h – mais lento que os da Duracell e da Elgin, mais rápido que o da Multi.
A Philips não indicou o número máximo de recargas das pilhas da marca.
Nos testes comparativos com as demais pilhas recarregáveis, a Philips empatou com a Duracell na luz de fada e ficou em segundo lugar nos demais.
Ao lado da pilha alcalina não-recarregável, a Philips venceu apenas na luz de fada e perdeu nos demais comparativos.
Conclusão
QUAL DURA MAIS? No uso cotidiano e repetido – durante cinco meses – foi possível identificar um padrão de duração entre as pilhas recarregáveis do teste. As pilhas da Duracell tiveram a maior duração.
Compare a duração das pilhas
Foram as únicas que atingiram sete dias de uso com a lanterna LED ligada ao máximo – dois ou três dias a mais que as concorrentes Philips, Elgin e Multi – até ficar fraca.
Lanterna LED com a pilha fraca (à esquerda) e forte (à direita) no mesmo ambiente escuro
Henrique Martin/g1
Isso se repetiu também com a luz de fada – que consome muita energia e acabou com as baterias quase sempre em três noites de uso, com seis horas por período.
As da Duracell e da Philips atingiram 5 noites ligadas (das 18h–0h), contra três noites das demais (Elgin e Multi).
Luz de fada: com a pilha fraca (à esquerda) e forte (à direita)
Henrique Martin/g1
Com o fio de LED, a da Duracell também teve a maior duração (cerca de 12 horas até a descarga completa). Nas demais, foi seguida pela Philips (9h), Elgin (7h) e Multi (6h).
Fio de LED colorido (mais fraco à esquerda, mais forte à direita)
Lais Ribeiro/g1
Para o mouse e o relógio de parede, nenhuma bateria se esgotou durante os testes por conta do baixo consumo energético desses itens.
PILHA ALCALINA – Os mesmos testes foram repetidos com um modelo de pilha alcalina convencional: a Duracell AA, de 2.850 mAH — a única entre as marcas avaliadas que tinha capacidade mais próxima da encontrada nos modelos recarregáveis (2.500 mAH).
Com ela, a luz de fada durou quatro dias até ficar bastante fraca. A lanterna durou por cinco dias. O fio de LED manteve a faixa das 9h por dia.
A pilha não-recarregável teve um desempenho melhor que algumas das recarregáveis – como a Elgin e a Multi. E ficou bem próxima do que Duracell e Philips oferecem.
RECARGA – O que importa no tempo de carregamento é a quantidade de pilhas no dispositivo.
É preciso esperar entre 3h e 6h para carregar duas pilhas e entre 4h e 10h (ou mais) para quatro pilhas completarem a recarga ao mesmo tempo.
Na maioria das recargas, o carregador mais rápido foi o da Duracell. Na sequência, vieram os de Elgin, Philips e Multi – este, o mais lento de todos.
TROCA-TROCA – As pilhas funcionaram sem problemas quando recarregadas em um modelo de carregador de outra marca. Mas os fabricantes indicam o uso apenas com a própria marca.
Caso o consumidor tenha pilhas AAA, aquelas menores (‘palito’), elas também podem ser recarregadas nos quatro modelos avaliados.
O modelo da Elgin é o único que também carrega pilhas de 9V – até duas simultaneamente. É aquele modelo retangular utilizado em alguns tipos de brinquedos e produtos eletrônicos.
Bateria de 9V
Reprodução
CAPACIDADE = DURAÇÃO – As pilhas comparadas têm a capacidade na faixa de 2.500 mAH (exceção para a Philips, com um pouco menos, 2.450 mAH).
“Chamamos de capacidade energética de uma pilha o quanto de energia ela fornece e durante quanto tempo”, explica Paulo Takeyama, coordenador adjunto da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do Crea-SP.
Essa capacidade é medida em ampère-hora (aH) ou miliampere-hora (maH).

Uma pilha comum, por exemplo, tem menor capacidade energética (entre 400-1800 mAH) e duração que a alcalina (na faixa dos 2.800 mAH). As pilhas recarregáveis mais comuns variam entre 950 mAH e 2.550 mAH.
LIMITE DE RECARGA E DAS PILHAS – Fabricantes que divulgam números sobre limite de recarga dizem que as pilhas podem passar por até 1.000 vezes por essa operação (ciclo de recarga).
Esta é uma estimativa de quantas vezes a bateria “esvazia” e pode ser carregada novamente. “Esse número é confiável desde que esteja seguindo as normas técnicas e em cumprimento às exigências legais de fabricação”, avalia Takeyama, do Crea-SP.
“Uma pilha ou bateria com (possibilidade de passa por), digamos, 200 ciclos, pode ser descarregada e recarregada completamente 200 vezes”, explica o professor Alexandre Diório, do departamento de engenharia química da Universidade Estadual de Maringá.
As luzes LED dos carregadores indicam o estado da pilha – vermelha durante a recarga e verde com a carga completa. Caso o LED fique piscando em vermelho, a pilha pode estar com problemas e deve ser substituída.
Ao todo, cada kit de pilhas teve de 20 a 25 recargas no período dos testes. Não foi possível perceber perda de desempenho.
Mas o que acontece depois dessas centenas (ou milhares) de recargas? “A pilha pode não segurar carga, apresentar efeito memória, também chamada de bateria viciada, e outros problemas, sendo recomendada sua substituição”, diz Diório.
Todos os carregadores testados são bivolt e têm capacidade de recarregar quatro pilhas AA ou AAA ao mesmo tempo. As pilhas recarregáveis são de níquel-hidreto metálico (Ni-MH) e vieram pré-carregadas de fábrica.
Entre as marcas, somente a Duracell dá um prazo de validade para as pilhas recarregáveis, em torno de 10 anos. É a mesma informação que a marca dá sobre as alcalinas: “A tecnologia de Duracell preserva a energia das pilhas que ainda não foram usadas por até 10 anos.”
PARA QUEM É CADA PILHA
Pilhas comuns: são indicadas para uso em produtos que, se falharem, não vão comprometer o consumidor, de acordo com Takeyama. São boas para usar em brinquedos, relógio de parede e controle remoto, por exemplo.
Pilhas alcalinas: são mais potentes e indicadas que precisam de maior carga e durabilidade, como alarmes, lanternas, câmeras fotográficas, controles de videogame. Mas são mais caras que as comuns.
Pilhas recarregáveis: substituem as normais e as alcalinas, com a vantagem de durar mais por conta das recargas. São mais caras que as alcalinas.
DESCARTE E RECICLAGEM As pilhas recarregáveis – assim como as comuns – são consideradas resíduo eletrônico, portanto não devem ser descartadas junto com o lixo comum nem com a coleta seletiva tradicional.
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR), “os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de pilhas e baterias devem disponibilizar aos consumidores locais para o recebimento das pilhas e baterias inservíveis”.
A Green Eletron é uma dessas entidades gestoras, criada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), que oferece pontos de coleta para receber e destinar os resíduos corretamente.
“Quando o descarte incorreto de pilhas acontece, é um risco para a natureza e para a saúde humana, já que seus componentes podem contaminar o meio ambiente”, explica Ademir Brescansin, gerente executivo da Green Eletron.
A gestora oferece um localizador (https://sistema.gmclog.com.br/info/green) com todos os pontos de coleta espalhados pelo Brasil.
Como foram feitos os testes
As pilhas AA com capacidade de 2.500 mAH foram selecionadas em fevereiro de 2023 com as marcas e modelos mais vendidos nas lojas da internet consultadas, em versões que incluíam o carregador e quatro baterias no pacote. Os testes começaram em março.
A única exceção na lista foi a da Elgin, que vinha apenas com 2 pilhas com o carregador – e de menor capacidade (1.500 mAH). Por conta disso, outras duas pilhas avulsas de 2.500 mAH também foram adquiridas para comparar com as outras marcas.
Os testes foram feitos em ambiente doméstico a longo prazo, até julho de 2023, para avaliar o tempo de carregamento, se as pilhas funcionam com carregadores de outras marcas e quanto dura cada pilha em usos distintos de produtos cotidianos com diferentes níveis de consumo de energia, como:
lanterna LED (alto consumo)
luz de fada (iluminação LED decorativa; alto consumo)
fio de LED (alto consumo)
relógio de parede (médio)
mouse (baixo)
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