‘Por que advogado faz teste na OAB e jornalista pode ser qualquer um?’, questiona Carla Vilhena

Nesta quarta-feira, 2, o programa Pânico recebeu a jornalista Carla Vilhena. Conhecida por sua passagem pela Globo, a apresentadora opinou que o Brasil precisa oferecer aulas de letramento digital para combater fake news e também defendeu a obrigatoriedade de diploma para jornalistas. “É uma questão de letramento digital, a gente precisa ter essa matéria na escola para a pessoa, desde a entrada, já saiba distinguir onde pesquisar, como descobrir um dado confiável e qual é a fonte. A gente tem essa obrigação”, disse. “Uma coisa que eu acho, uma opinião controversa, é que a gente perdeu muito com a falta da obrigatoriedade do diploma [de jornalismo], isso é matéria que tem que ser dada em um curso específico. Por que o advogado tem que fazer teste na OAB e o jornalista pode ser qualquer um? A gente está nivelando para uma pessoa que nunca leu sobre ética jornalística, isso tudo a gente aprendeu. Eu tinha disciplina de ética na faculdade. A gente teve aprovado a desobrigação de fazer faculdade, pensa e imagina um médico. Aconteceu com a nossa vida e o nosso dia a dia, qualquer pessoa pode se dizer jornalista”, acrescentou. 

Com mais de duas décadas de carreira, Carla Vilhena comparou a alta das redes sociais com o jornalismo do passado. Ela acredita que o uso do celular potencializa críticas e comentários de ódio, mas enxerga valores no acompanhamento em tempo real da opinião do público. “É muito difícil, é uma relação sofrida, eu me lembro quando comecei no Twitter, era muito gostoso ter uma pesquisa de opinião quase que ao vivo. Já no intervalo comercial consultava [os comentários], às vezes acrescentando. Era muito bom esse uso”, recordou. “Ao mesmo tempo, hoje tem o troll profissional, que já entra para detonar por qualquer coisa. Vai buscar onde tem um ovo para te detonar, às vezes é muito duro. Você acha que é contra você, mas é da natureza dele. A coisa mudou, é muito mais fácil, você está com o celular na mão e digita o que quer. Tem gente que xinga porque aquela pessoa não está bem, descontam em cima do artista, do cantor, da estrela da internet. O ser humano é muito complexo”, concluiu.