Por que as ferramentas low-code viraram as queridinhas da TI? 

Entre os muitos itens que consideramos quando falamos em planejamento de uma empresa, está a escolha da ferramenta para executar um trabalho. Se precisamos entregar duas pizzas, usamos uma moto, porém se vamos entregar duas toneladas de farinha, uso um caminhão. É uma questão não só de agilidade e economia de recursos, mas de elencar qual a ferramenta correta para executar a tarefa. Na área de Tecnologia da Informação (TI), muitos gestores estão escolhendo caminhões para entregar pizzas e nem parecem se dar conta disso. 

Plataformas como Java, .Net, PHP, Python são complexas para aprendizagem e possuem produtividade menor em relação ao tempo: para se desenvolver um ponto de função em Java e .Net, se gasta em média de 8 a 10 horas, tornando o prazo de entrega de projetos mais longo. É um trabalho braçal justamente no campo que se propõe a automatizar e modernizar o mundo. 

As ferramentas-case utilizadas nos anos 1990, precursoras do Low-Code, levavam 4 a 5 horas para entregar um ponto de função – às vezes, até menos. A troca desse modelo foi patrocinado pelas big techs, prometendo que as grandes ferramentas poderiam fazer um trabalho de maior qualidade, mais produtivo. Não se nega a qualidade dessas linguagens, porém elas estão sobrecarregando o ambiente da programação de forma desnecessária. 

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Para solucionar isso, as mesmas big techs agora apresentam as ferramentas Low-Code para tentar agilizar a produção no mercado. Além da simplificação da linguagem dos códigos, essa tecnologia é interessante do ponto de vista da disponibilidade da mão de obra no mercado.

Sua curva de aprendizagem menor permite que o desenvolvedor seja preparado e passe a atuar em um intervalo de tempo muito pequeno: a formação e entrada no mercado de trabalho diminui de um ano, nas grandes plataformas, para três meses. Isso é particularmente relevante quando temos 26 milhões de desenvolvedores no mundo, mas uma necessidade esperada de 38 milhões até o próximo ano, segundo levantamento solicitado pelo Banco Morgan Stanley. 

Saindo da visão macro e voltando o olhar ao dia a dia dos negócios, o Low-Code apresenta outro diferencial importante pela facilidade de uso, pois seu “arrasta e solta” permite que profissionais fora da área de TI, sejam eles de administração, logística, financeiro ou RH, aprendam rapidamente a criar soluções ou customizar ferramentas para seu trabalho sem necessidade de envolver um programador especializado. Isso não é perda de espaço da TI no mercado, trata-se da otimização e refinamento das demandas do cliente.  

No planejamento de um projeto, é importante entender todo o escopo para selecionar a melhor ferramenta para a tarefa. Filtrar as necessidades para avaliar o que pode ser feito de forma mais rápida com Low-Code, para atender a urgência das áreas de negócios em relação aos aplicativos que necessitam. Sem contar a otimização dos custos, pois menos tempo para pontos de função, menor o custo do projeto.

E isso não é só na área privada: no serviço público, por exemplo, 60% dos sistemas são sistemas de baixa a média complexidade, que podem ser agilizados com essas plataformas a um baixo custo, entregando o trabalho com qualidade ao cidadão, seu grande beneficiário. 

Falo tudo isso com base não apenas em pesquisas e leituras, mas na experiência própria de nossas Fábricas de Software e Labs. Catalogando dados de mais de 5.100 projetos entregues em diferentes tecnologias, ao longo desses 20 anos, verificamos 50% mais produtividade ao utilizarmos Low-Code do que no desenvolvimento de software usando ferramentas tradicionais. 

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Veja um exemplo: na construção de um sistema de 1000 pontos de função em .Net C#, são gastas 8 horas por ponto de função ou 8.000 horas totais. Utilizando ferramentas Low-Code como da Oracle, Microsoft e outros, o mesmo sistema foi desenvolvido em 4.000 horas. Em termos financeiros, é o mesmo escopo entregue pela metade do preço, de forma mais rápida. 

A defesa pela difusão no uso do Low-Code é uma questão que comprovamos na prática, aplicando aos clientes e vendo o resultado concreto. Não deixa de ser uma questão de inteligência de negócios, afinal, não faz sentido usar um caminhão para entregar duas pizzas! 

*Marcelo Ferrari é vice-presidente da Área Pública e co-fundador da Datainfo