Positivo quer um terço da receita vindo de serviços após compra da Algar TI Consultoria

Rodrigo Guercio, VP de Mercado Corporativo e Grandes Contas; e Leandro Rosa dos Santos, VP de Estratégia e Inovação da Positivo

Alcançar cerca de um terço de sua receita total proveniente de serviços recorrentes em um período de até cinco anos. Essa é uma das aspirações da estratégia de diversificação de negócios da Positivo Tecnologia que, nesta semana, foi alavancada pelo anúncio da aquisição da Algar TI Consultoria, divisão de serviços gerenciados de TI da Algar Tech.

A aquisição, que ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), é avaliada em RS 235 milhões e traz novas oportunidades de atuação para a Positivo. Segundo a companhia, seu mercado endereçável potencial avança em R$ 36 bilhões, agregando ofertas de projetos e consultoria de TI e de serviços gerenciais ao seu portfólio.

Com isso, a empresa enxerga um mercado endereçável total de R$ 117 bilhões, somando hardware e serviços.

O movimento também expande consideravelmente a participação dos serviços recorrentes na receita total da empresa. Em 2018, quando a companhia curitibana iniciou sua estratégia de diversificação de negócios, apenas 2% de sua receita total era proveniente de serviços e soluções B2B.

Organicamente, através de ofertas que incluem suporte de TI, HaaS e tecnologia educacional, os serviços recorrentes passaram a representar 8% do negócio da Positivo. Com a chegada da Algar TI Consultoria, o segmento mais do que dobra de patamar em um curto espaço de tempo.

“A gente sai de um plano que, organicamente, demoraríamos cinco a seis anos para atingir, para ter, dentro do grupo de receitas corporativas, 18 % do total da Positivo vindo de serviços de tecnologia recorrente”, pontuou Leandro Rosa dos Santos, vice-presidente de Estratégia e Inovação da Positivo, em entrevista ao IT Forum. “Essa aquisição nada mais é do que a execução consistente e disciplinada dessa estratégia de diversificação de negócios para a resiliência da nossa empresa”.

A operação de serviços é vista como mais vantajosa pela Positivo por uma série de razões. Diferente do negócio tradicional de hardware, ela está menos suscetível à variações na cadeia de suprimentos e aos ciclos de atualização de produtos de consumidores finais e empresas.

Leia mais: Positivo adquire Algar TI Consultoria para crescer em serviços de tecnologia

“A Positivo não vai sair desse mercado, mas vamos diversificar para termos uma parte importante do nosso negócio vindo de serviço”, explicou Rodrigo Guercio, vice-presidente de Mercado Corporativo e Grandes Contas ao IT Forum. “Financeiramente, isso faz sentido para o futuro da companhia, mas também é o que os clientes demandam”.

O plano é também posicionar a organização como um “one-stop-shop” para clientes, condensando serviços de gestão de rede e operações de dispositivos finais com serviços de gestão de infraestrutura de TI. Com isso, soluções de transformação digital ponta a ponta – ou da borda ao core à nuvem –, incluindo a expansão do uso de inteligência artificial no dia a dia das organizações, passam a integrar o portfólio da organização.

“Os clientes não querem ficar falando com 15 fornecedores diferentes para chegar em uma solução turn-key que resolva o problema de negócio deles. Nós queremos nos posicionar de uma forma muito contundente como a empresa que pode ir até onde o cliente quer que a gente vá”, disse Guercio.

Além de expandir o portfólio de produtos da Positivo – e agregar 160 novos clientes corporativos –, a aquisição também mais do que dobra o tamanho da companhia em número de colaboradores. Um total de 4,5 mil trabalhadores passam a fazer parte do time da companhia curitibana, que agora soma mais de 8,5 mil internos e terceiros em sua estrutura.

Parte importante desse contingente é de talentos técnicos: de 1,6 mil especialistas técnicos, a empresa salta para 6 mil, agregando 4,4 mil nomes da Algar. Destes, 4,4 mil estão alocados dentro de clientes. Segundo Guercio, os novos colaboradores devem agregar talentos em áreas diversas da TI, auxiliando a companhia na composição de ofertas agnósticas aos clientes.

“Essa multiplicidade de conhecimentos de segmentos de indústria, de negócio e de tecnologias nos ajuda a potencializar o valor estratégico intrínseco que teremos para o cliente final para ter aderência à necessidade de negócio que ele tem”, avaliou.

O negócio traz ainda uma nova oportunidade de internacionalização para a Positivo Tecnologias. Hoje, a companhia atua na venda e suporte de hardware para quatro países africanos, além de ter negócios na Argentina, através da joint venture Informática Fueguina. Com a vinda da Algar TI Consultoria, que mantém escritórios no México, Argentina e Colômbia, o cenário se transforma.

A compra dá à Positivo o acesso a 75 % do total de mercado endereçável de TIC da América Latina. A empresa, no entanto, atuará com “cautela” na expansão de suas operações internacionais. “A gente está vendo esse momento ainda com cautela de aprendizado”, afirmou Leandro Rosa dos Santos, vice-presidente de Estratégia e Inovação. “A gente vai usar essa experiência e absorver o conhecimento dessa nova organização para estruturar um plano para que a gente possa explorar o máximo desse potencial.”

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