Presidente da Anfavea diz que posse de Milei na Argentina não vai afetar mercado automotivo brasileiro

O setor automotivo está encerrando este ano em alta e otimista para o próximo. A avaliação positiva para 2024 é do presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Márcio de Lima Leite. Em conversa com o repórter Marcelo Mattos, no Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, ele demonstrou bastante tranquilidade em relação à mudança de governo na Argentina, a maior consumidora e importadora de carros produzidos no Brasil. Confira a entrevista.

O que você pode falar sobre 2023? Nós sabemos que o setor, no período pré-pandemia e pós-pandemia, teve muitos problemas. Uma estagnação econômica, não apenas do Brasil, mas mundial. O que você pode falar deste ano agora? O Brasil viveu um momento de um importante crescimento no mercado interno. Nós começamos o ano em ritmo um pouco mais lento, depois, no meio do ano, inclusive com o programa do próprio governo federal de estímulo às vendas. E, logo na sequência, o Brasil voltou a um crescimento importante. Então, o mercado interno do Brasil fechou com um crescimento quase próximo a 10%. Infelizmente, as importações também cresceram, o que acabaram prejudicando um pouco a produção. Mas, de uma forma geral, foi um ano bom e um ano de recuperação.

Falando em importação, você citou várias vezes a questão da transição tecnológica. A gente sabe que o mundo discute a eletrificação. O Brasil tem as suas alternativas, mas o governo defende, inclusive, o etanol e o hidrogênio. Nós vamos ser atropelados nesse processo? Muitos carros elétricos chegando aqui no país. Preocupa todo esse avanço das montadoras chinesas? Acho que não é uma questão de se preocupar, é um desafio para a produção local. As novas tecnologias que têm entrado são muito bem-vindas. Elas são importantes para o setor, para o consumidor. O Brasil, neste ano, tem incrementado e tem lançado alguns produtos eletrificados, aumentando essa velocidade também elétricos. Então, nós acreditamos numa retomada natural também nessas novas tecnologias, mas elas servem muito mais como estímulo. Nós não podemos deixar de trazer a produção para o Brasil, mas o Brasil precisa ser competitivo na produção dessas novas tecnologias e também na produção para exportação.

Teremos uma mudança de governo na Argentina. Foi muito tumultuada a eleição por lá, muito polarizada. É um parceiro estratégico, o principal parceiro do Mercosul. Nós tivemos uma queda, da participação argentina aqui no país. Queria que o senhor falasse um pouco também dessa mudança de governo na Argentina e o impacto aqui para o Brasil. O Brasil sempre manteve e manterá uma ótima relação com a Argentina. A Argentina é muito importante para o Brasil, assim como o Brasil é para a Argentina. Nós não acreditamos em qualquer mudança significativa nessa relação. Também em relação ao Mercosul, havia um discurso e uma polarização muito forte durante o período de campanha eleitoral, o que, de certa forma, é natural que ocorra. Mas, neste momento, a gente passa agora a colocar a bola no chão e entender onde os países podem se unir para ter maior competitividade e o maior benefício para ambos os países.

Eu queria que o senhor falasse um pouco do Brasil poder levar outras tecnologias e se aproveitar das suas tecnologias. Já o etanol é um exemplo fantástico que o país tem e poderia inclusive aproveitar muito mais. O Brasil tem, naturalmente, um grande ganho quando a gente trabalha com as novas tecnologias. O Brasil é um produtor de novas tecnologias. Nós conhecemos as novas tecnologias, principalmente as novas tecnologias voltadas para utilização dos biocombustíveis, do etanol. Então elas serão e estão sendo um grande estímulo para a indústria local, para que a gente consiga alcançar outros mercados. O Brasil tem tecnologias de mais de 50 anos na utilização de biocombustíveis e é um exemplo para o mundo. E nós temos outras, como o hidrogênio. Nós temos outras com as quais estamos trabalhando. O mundo precisa conhecer essas tecnologias. Se nós queremos trabalhar com um mercado exportador, que outros países conheçam a nossa produção, esse novo momento de exposição dos nossos produtos em 2024, com as novas tecnologias… Lembrando que 900 mil pessoas que passaram pelo Salão do Automóvel. A nossa ideia agora é ter um outro formato, de muito mais de exposição de tecnologia, para mostrar para consumidor as diferenças entre uma tecnologia e outra. E que também aquilo possa representar o melhor uso para sua família e para o consumo.