Presidente do Novo avalia que CPMI do 8 de Janeiro perdeu força: ‘Não é de interesse do governo’

O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD), negou um pedido dos partidos de oposição para ocuparem vagas na minoria da CPMI do 8 de Janeiro. Para comentar a decisão do parlamentar e como ela afeta a composição do colegiado que vai investigar as invasões e depredações nos prédios da Praça dos Três Poderes, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o presidente do Partido Novo, Eduardo Ribeiro. Perguntado sobre se a comissão perdeu força nos últimos dias, o líder partidário avaliou que o governo tem atuado para enfraquecer o colegiado: “Um pouco sim, porque não é de interesse do governo ter essa CPMI. Todos vimos o quanto eles se esforçaram para tentar evitar que a CPMI fosse instalada. Ofereceram cargos, emendas e abriram o cofre para tentar comprar parlamentares e evitar que tivesse as assinaturas necessárias para abrir. Não é do interesse do governo. Essas manobras, em aliança com Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, tirando cadeiras da oposição e dando uma maioria significativa para o governo é uma forma de tentar criar um ambiente para que ninguém mais queira essa CPMI”.

Após a negativa do presidente do Congresso Nacional, os parlamentares governistas podem garantir pelo menos 15 das 32 cadeiras da CPMI. Já os partidos de oposição, como PP, PL e Republicanos, que tentavam conseguir duas cadeiras a mais, destinadas à minoria, devem ficar com 9 vagas. O Partido Novo entrou com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar conseguir a vaga, como explicou Ribeiro: “Nós fomos surpreendidos com a decisão do presidente Arthur Lira, da Câmara dos Deputados, e posteriormente do Rodrigo Pacheco retirando a cadeira do Novo na CPMI. O Novo teria direito em função do rodízio e da proporcionalidade partidária, o que não é nem uma questão de regimento interno, é uma questão constitucional”.

“O artigo 58 da Constituição prevê a proporcionalidade partidária. Na sequência do rodízio das composições, dos partidos menores que têm direito ao acesso ao rodízio nas cadeiras das comissões, essa cadeira da CPMI do 8 de Janeiro pertenceria ao Novo. Infelizmente o presidente da Câmara decidiu inovar nessa interpretação e retirou o partido dessa composição. Provavelmente vai dar essa cadeira para o PT, ou seja, para o governo. Nós entramos com mandado de segurança questionando essa atitude, essa ação da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional para tentar reverter, conseguir essa cadeira e participar efetivamente da CPMI”, declarou.

O presidente do Novo teme que o histórico de CPIs e CPMIs que não tiveram resultados concretos afete as investigações do 8 de Janeiro. Para ele, o governo não pode monopolizar a comissão: “No histórico das Comissões Parlamentares de Inquérito, elas não são muito produtivas. Geralmente tem a sensação de que tudo vai acabar em pizza e de que tudo é um circo. A questão que eu acho que precisa ser levada em consideração é de quem nós queremos que investigue esse ato. Até o momento, há um monopólio de investigação por parte do governo, que inclusive é parte da ação e se coloca como vítima desse ato (…) Ela precisa ser independente, ter documentos que venham a trazer elementos para você posicionar a situação de acordo com o contexto, mas eu acredito que, se deixarmos apenas para o governo investigar, é temerário, dado que o próprio governo faz parte da ação.

“A discussão já está muito poluída desde quando aconteceu, em função de outras discussões paralelas a isso (…) São várias forças ao mesmo tempo disputando contextos diferentes, mas que poluem todo o debate público. Não é diferente agora. Nós precisamos nos posicionar, porque o PT enquanto governo e enquanto partido político não tem credibilidade nenhuma para conduzir qualquer tipo de investigação. Porque eles têm uma agenda clara, que é reescrever a história. Um dos propósitos do PT é o revisionismo histórico, eles querem apagar e esconder tudo de errado que eles fizeram e querem inventar novas histórias e novas narrativas para se colocarem como os heróis da pátria e os salvadores. Isso não pode acontecer. Parte da responsabilidade da oposição é ocupar os espaços de debate, e a CPMI é um caso específico deles, para evitar que o PT faça todo esse revisionismo histórico e reescrevam a história com o que eles acreditam que é o correto”, criticou. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.