Primeiro-ministro do Peru presta depoimento por mortes em protestos

O primeiro-ministro do Peru, Alberto Otárola, foi ao Ministério Público nesta segunda-feira, 23, para prestar depoimento na investigação preliminar sobre as mortes nos protestos contra o governo que abalaram o país e deixaram mais de 60 mortos. De acordo com fontes do Ministério Público peruano, Otarola chegou por volta das 15h (17h em Brasília) à sede do Ministério Público, onde havia sido convocado para falar como parte da investigação preliminar aberta por possível genocídio, homicídio qualificado e danos corporais graves. Embora a investigação também abranja a presidente Dina Boluarte e outros ministros, a convocação foi exclusivamente para Otárola, de acordo com fontes judiciais. Em 10 de janeiro, o Ministério Público anunciou a abertura da investigação preliminar contra Boluarte, Otárola, e os ministros do Interior e da Defesa, Víctor Rojas e Jorge Chávez, respectivamente. Outro implicado é o ex-primeiro-ministro, Pedro Angulo, e o ex-ministro do Interior César Cervantes, que foram membros do primeiro gabinete de Boluarte em dezembro. A investigação é pelos crimes de “genocídio, homicídio agravado e lesões graves cometidos durante as manifestações de dezembro de 2022 e janeiro de 2023 nas regiões de Apurímac, La Libertad, Puno, Junín, Arequipa e Ayacucho”, disse o Ministério Público.

Boluarte já tinha em curso uma investigação preliminar pelas mortes registradas nas manifestações de dezembro do ano passado, poucos dias depois de ter sido empossada por sucessão constitucional, após a destituição de Pedro Castillo por tentar dissolver o Congresso. O crime de genocídio é punível com uma pena de prisão não inferior a 20 anos por cometer um massacre de membros de um grupo, ferimentos graves a membros de um grupo, ou a sujeição de um grupo a condições de existência que resultem na sua destruição física, no todo ou em parte, entre outras circunstâncias. Em várias ocasiões, Otárola assegurou que o governo está fornecendo todas as facilidades ao Ministério Público e pediu a mesma rapidez na acusação dos responsáveis por atos violentos nos protestos antigovernamentais.

Desde que começaram, em dezembro, as manifestações já resultaram em mais de 60 mortes, 45 delas quais em confrontos com as forças de segurança, enquanto um policial morreu depois de ter sido queimado vivo por manifestantes. Outras nove mortes ocorreram em incidentes relacionados às greves, segundo dados da Defensoria do Povo, e duas mortes foram contabilizadas na região de La Libertad, confirmadas pela polícia.

*Com informações da EFE