Protocolos de Roteamento Dinâmico – OSPF

Uma introdução ao OSPF

O protocolo OSPF – Open Shortest Path First (OSPF, uma tradução, digamos, muito forçada, seria: abrir primeiro o caminho mais curto) é a alternativa para redes de grande porte, onde o protocolo RIP não pode ser utilizado, devido a suas características e limitações, conforme descrito na Parte 14deste tutorial.

O OSPF permite a divisão de uma rede em áreas e torna possível o roteamento dentro de cada área e entre as diferentes áreas, usando os chamados roteadores de borda. Com isso, usando o OSPF, é possível criar redes hierárquicas de grande porte, sem que seja necessário que cada roteador tenha uma tabela de roteamento gigantesca, com rotas para todas as redes, como seria necessário no caso do RIP. O OSPF é projetado para intercambiar informações de roteamento em uma interconexão de rede de tamanho grande ou muito grande, como por exemplo a Internet.

A maior vantagem do OSPF é que ele é eficiente em vários pontos: requer pouquíssima sobrecarga de rede mesmo em interconexões de redes muito grandes, pois os roteadores que usam OSPF trocam informações somente sobre as rotas que sofreram alterações e não toda a tabela de roteamento, como é feito com o uso do RIP. Sua maior desvantagem é a complexidade: requer planejamento adequado e é mais difícil de configurar e administrar do que o protocolo RIP.

O OSPF usa um algoritmo conhecido como Shortest Path First (SPF, primeiro caminho mais curto) para calcular as rotas na tabela de roteamento. O algoritmo SPF calcula o caminho mais curto (menor custo) entre o roteador e todas as redes da interconexão de redes. As rotas calculadas pelo SPF são sempre livres de loops (laços). O OSPF usa um algoritmo de roteamento conhecido como link-state (estado de ligação). Lembre que o RIP usava um algoritmo baseado em distância vetorial. O OSPF aprende as rotas dinamicamente, através de interação com os roteadores denominados como seus vizinhos.

Em vez de intercambiar as entradas de tabela de roteamento como os roteadores RIP (Router Information Protocol, protocolo de informações do roteador), os roteadores OSPF mantêm um mapa da interconexão de redes que é atualizado após qualquer alteração feita na topologia da rede (é importante salientar novamente que somente informações sobre as mudanças são trocadas entre os roteadores usando OSPF e não toda a tabela de roteamento, como acontece com o uso do RIP). Esse mapa, denominado banco de dados do estado de vínculo ou estado de ligação, é sincronizado entre todos os roteadores OSPF e é usado para calcular as rotas na tabela de roteamento. Os roteadores OSPF vizinhos (neghboring) formam uma adjacência, que é um relacionamento lógico entre roteadores para sincronizar o banco de dados com os estados de vínculo.

As alterações feitas na topologia de interconexão de redes são eficientemente distribuídas por toda a rede para garantir que o banco de dados do estado de vínculo em cada roteador esteja sincronizado e preciso o tempo todo. Ao receber as alterações feitas no banco de dados do estado de vínculo, a tabela de roteamento é recalculada.
À medida que o tamanho do banco de dados do estado de vínculo aumenta, os requisitos de memória e o tempo de cálculo do roteamento também aumentam. Para resolver esse problema, principalmente para grandes redes, o OSPF divide a rede em áreas (conjuntos de redes contíguas) que são conectadas umas às outras através de uma área de backbone. Cada roteador mantém um banco de dados do estado de vínculo apenas para aquelas áreas que a ele estão conectadas. Os ABRs (Area Border Routers, roteadores de borda de área) conectam a área de backbone a outras áreas.

Esta divisão em áreas e a conexão das áreas através de uma rede de backbone é ilustrada na Figura a seguir, obtida na Ajuda do Windows 2000 Server:


Divisão em áreas e conexão através de um backbone.

Cada anúncio de um roteador OSPF contém informações apenas sobre os estados de ligação dos roteadores vizinhos, isto é, dentro da área do roteador. Com isso a quantidade de informação transmitida na rede, pelo protocolo OSPF, é bem menor do que a quantidade de informação transmitida quando é usado o protocolo RIP. Outra vantagem é que os roteadores OSPF param de enviar anúncios, quando a rede atinge um estado de convergência, ou seja, quando não existem mais alterações a serem anunciadas. O RIP, ao contrário, continua enviando anúncios periodicamente, mesmo que nenhuma alteração tenha sido feita na topologia da rede (tal como um link ou roteador que tenha falhado).

Nota: Na Internet existe a divisão nos chamados Sistemas Autônomos. Um sistema autônomo, por exemplo, pode representar a rede de um grande provedor. Neste caso, o próprio sistema autônomo pode ser dividido em uma ou mais áreas usando OSPF e estas áreas são conectadas por um backbone central. O roteamento dentro de cada sistema autônomo é feito usando os chamados protocolos de roteamento interno (IGP – Interior Gateway Protocol). O OSPF é um protocolo IGP, ou seja, para roteamento dentro dos sistemas autônomos. O roteamento entre os diversos sistemas autônomos é feito  por protocolos de roteamento externos (EGP – Exterior Gateway Protocol) e pelos chamados protocolos de roteamento de borda (BGP – Border Gateway Protocol).

Importante: Podem ocorrer situações em que uma nova área que é conectada a rede, não pode ter acesso físico direto ao backbone OSPF. Nestas situações, a conexão da nova área com o backbone OSPF é feita através da criação de um link virtual (virtual link). O link virtual fornece uma caminho “lógico” entre a área fisicamente separada do backbone e o backbone OSPF. Criar o link virtual significa criar uma rota entre a área que não está fisicamente conectada ao backbone e o backbone, mesmo que este link passe por dois ou mais roteadores OSPF, até chegar ao backbone.

Vantages do OSPF em relação ao RIP:

  • As rotas calculadas pelo algoritmo SPF são sempre livres de loops.
  • O OSPF pode ser dimensionado para interconexões de redes grandes ou muito grandes.
  • A reconfiguração para as alterações da topologia de rede é muito rápida, ou seja, o tempo de convergência da rede, após alterações na topologia é muito menor do que o tempo de convergência do protocolo RIP.
  • O tráfego de informações do protocolo OSPF é muito menor do que o do protocolo RIP.
  • O OSPF permite a utilização de diferentes mecanismos de autenticação entre os roteadores que utilizam OSPF.
  • O OSPF envia informações somente quando houver alterações na rede e não periodicamente.

A implementação OSPF como parte dos serviços de roteamento do RRAS – Routing em Remote Access Services, do Windows 2000 Server e no Windows Server 2003, tem os seguintes recursos:

  • Filtros de roteamento para controlar a interação com outros protocolos de roteamento.
  • Reconfiguração dinâmica de todas as configurações OSPF.
  • Coexistência com o RIP.
  • Adição e exclusão dinâmica de interfaces.

Importante: O Windows 2000 Server não oferece suporte ao uso do OSPF em uma interface de discagem por demanda (demand-dial) que usa vínculos dial-up temporários.

Dica: Se você está usando vários protocolos de roteamento IP, configure apenas um único protocolo de roteamento por interface.

Operação do protocolo OSPF

O protocolo OSPF é baseado em um algoritmo conhecido com SPF – Short Path First. Depois que um roteador (ou um servidor com o Windows 2000 Server ou Windows Server 2003, configurado como roteador e usando o OSPF) é inicializado e é feita a verificação para detectar se as interfaces de rede estão OK, é utilizado o protocolo OSPF Hello para identificar quem são os “vizinhos” do roteador.

O roteador envia pacotes no formato do protocolo Hello, para os seus vizinhos e recebe os pacotes Hello enviados pelos seus vizinhos.

Conforme descrito anteriormente, uma rede baseada em OSPF é dividia em áreas e as diversas áreas são conectadas através de um backbone comum a todas as áreas. O algoritmo SPF é baseado na sincronização do banco de dados de estados de ligação entre os roteadores OSPF dentro de uma mesma área. Porém, ao invés de cada roteador fazer a sincronização com todos os demais roteadores OSPF da sua área, cada roteador faz a sincronização apenas com seus vizinhos (neghboring routers). A relação entre roteadores OSPF vizinhos, com o objetivo de sincronizar suas bases de dados é conhecida como “Adjacência”. O termo mais comum é “formar uma adjacência”. Porém, mesmo com o uso de adjacências, em uma rede com vários roteadores dentro da mesma área, um grande número de adjacências poderá ser formado, o que implicaria em um grande volume de troca de informações de roteamento. Por exemplo, imagine uma rede com seis roteadores OSPF dentro da mesma área. Neste caso, cada roteador poderia formar uma adjacência com os outros cinco roteadores da área, o que resultaria em um total de 15 adjacências. O número de adjacências é calculado usando a seguinte fórmula, onde n representa o número de roteadores:

Número de adjacências = n*(n-1)/2

Com um grande número de adjacências, o tráfego gerado pela sincronização do OSPF seria muito elevado. Para resolver esta questão é utilizado o conceito de Designated Router (Roteador designado). Um roteador designado é um roteador que será considerado vizinho de todos os demais roteadores da rede. Com isso é formada uma adjacência entre cada roteador da rede e o roteador designado. No nosso exemplo, da rede com 6 roteadores OSPF, dentro da mesma área, seriam formadas apenas cinco adjacências. Uma entre cada um dos cinco roteadores, diretamente com o sexto roteador, o qual foi configurado como roteador designado. Neste caso, cada roteador da rede troca informações com o roteador designado. Como o roteador designado recebe informações de todos os roteadores da área, ele fica com uma base completa e repassa esta base para cada um dos roteadores da mesma área. Observe que com o uso de um roteador designado, obtém-se uma sincronização da base completa dos roteadores e com o uso de um número bem menor de adjacências, o que reduz consideravelmente o tráfego de pacotes do OSPF.

Por questões de contingência, também é criado um Designated Backup Router (Roteador designado de backup), o qual assumirá o papel de roteador designado, no caso de falha do roteador designado principal. A eleição de qual será o roteador designado é feita automaticamente pelo OSPF, mediante uma troca de pacotes Hello, de acordo com as regras contidas no protocolo, um dos roteadores será eleito como roteador designado e um segundo como roteador designado backup.

Fonte: http://www.juliobattisti.com.br/artigos/windows/tcpip_p15.asp

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