Qual o risco de uma guerra entre Guiana e Venezuela?

O agronegócio, especialmente no Norte do Brasil, acompanha com atenção os desdobramentos da tensão entre a Venezuela e a Guiana, após o governo do ditador Nicolás Maduro aprovar em plebiscito a anexação de 70% do território do país vizinho. Conversei sobre o assunto com Silvio Cascione, diretor da Eurasia Group, e com o secretário de Atração de Investimento do governo de Roraima, Aluizio Nascimento, que também é produtor rural.  Confira:

Qual o risco de uma guerra?
Silvio Cascione:
O risco de uma guerra de grandes proporções parece pequeno. O que é mais provável é algum tipo de provocação militar na fronteira da Guiana com a Venezuela, mas não envolvendo o Brasil. Vale lembrar que o Maduro parece ter muito mais interesse em uma mobilização interna antes das eleições, marcadas para o ano que vem, do que em um envolvimento militar de grande porte, para o qual ele não parece estar tão preparado. Claro que a Guiana é um país com poucos recursos militares, mas há interesses muito grande dos Estados Unidos e de outros grandes países. As manobras militares dos Estados Unidos na região já são indicativo de que para o Maduro pode ter muito a perder arriscando uma guerra de larga escala contra a Guiana. Por outro lado, algum tipo de provocação, como atravessar a fronteira, fazer algum tipo de manobra na costa, vai manter a opinião pública venezuelana distraída. Isso pode ser útil para ele nas eleições do ano que vem.

Sem uma guerra de grandes proporções, é possível que ele consiga anexar parte do território que está querendo? 
Silvio Cascione: Não. Sem uma invasão, na qual terá muitas dificuldades logísticas, ele não vai conseguir anexar o território ou forçar as petroleiras a direcionar a produção de petróleo para a Venezuela.

E em região em Roraima, como está a situação? 
Aluizio Nascimento: Todos acabam ficando tensos, existe uma movimentação militar da parte do nosso Exército. Não há possibilidade de invasão sem o auxílio do território brasileiro, então a gente fala que não tem invasão. O Brasil tem falado que tem que ir para o lado da diplomacia. O setor do agro em Roraima está crescendo violentamente.