Qual o tamanho da quebra da safra de soja no Brasil?

Pelo menos cinco diferentes consultorias privadas iniciaram 2024 com cortes na estimativa de produção da safra de soja, que está em colheita no Brasil. Todas as empresas consultadas atualizaram os dados agora em janeiro e a maioria delas já descartou a chance de safra recorde neste ciclo, ou seja, superior aos 154 milhões de toneladas colhidos no ano passado. A AgResource Brasil cortou em quase 5 milhões de toneladas a estimativa de dezembro e prevê agora que serão colhidas 150,7 milhões de toneladas na temporada atual. A Safras&Mercado reduziu em quase 7 milhões de toneladas a projeção de produção da soja, de 158,2 para 151,3 milhões. A Céleres cortou em 4 milhões de toneladas e agora está prevendo colheita de 152 milhões. Já a StoneX  cortou em 9 milhões de toneladas e estima que 152,8 milhões serão produzidas. A Cogo Inteligência em Agronegócio reduziu em 4,8 milhões de toneladas, saindo de 160 milhões estimados em dezembro para 155,2 milhões de toneladas agora em janeiro.

Os cortes feitos até o momento pelas empresas repercutem o excesso de chuvas no Sul e a seca no Centro-Oeste, no Pará e no Matopiba, região que abrange áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.  De acordo com a Cogo Inteligência em Agronegócios, 650 mil hectares de soja foram replantados em áreas no Centro-Oeste, Matopiba e Minas Gerais, além de ocorrências pontuais de abandonos de áreas de soja para semeadura de outras culturas, como o algodão. A oferta de soja no Brasil deverá ser menor em função dessas perdas.

Em relação à demanda, a Céleres projeta estabilidade ou até redução no volume de exportação do Brasil com aumento da oferta de soja argentina. Internamente, o esmagamento deverá crescer em resposta ao aumento do percentual da mistura no biodiesel em 2024. Em síntese, o cenário exige atenção por parte dos produtores com diminuição recente de margens operacionais, incertezas climáticas e produtivas que deverão se manter ao longo de 2024. O fenômeno El Ninõ deverá continuar a impactar o regime de chuvas e a produção brasileira nos próximos meses. O agronegócio começa 2024 com a principal commodity agrícola enfrentando desafios. Isso, com certeza, repercutirá negativamente no PIB do país, que será mais magro e com menor contribuição do campo.