Recenseadores do IBGE são ameaçados durante pesquisa em Minas Gerais

No município de Ipatinga, em Minas Gerais, dois recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foram ameaçados de agressão enquanto realizavam a pesquisa pesquisa para o Censo Demográfico 2022. Vinícius Gonçalves, que trabalha na pesquisa desde o início da coleta de dados, em agosto de 2022, afirma que já estava no final do expediente quando tudo aconteceu. “Encontramos um domicílio que ainda não tinha sido recenseado, e as pessoas que estavam ao meu lado começaram a realizar a entrevista. Então, fomos abordados por um cidadão, um senhor de meia-idade, aparentando ter 60 anos. Ele pediu as credenciais da minha surpevisora, dizendo que era um advogado do IBGE de Belo Horizonte. Achei estranho, mas, de qualquer forma, a supervisora deu as credenciais, mostrando a matrícula, o RG junto com a foto. Foi quando ele começou a afrontar a supervisora, e eu, que estava um pouco mais atrás, entrei na frente dele perguntando o que estava acontecendo, que ele estava atrapalhando o nosso e que eu queria ver as credenciais dele do IBGE”, relata, Gonçalves.

O agente conta que logo que percebeu a agressão começou a filmar e as agressões pararam. “Pouco depois, uma mulher apareceu aos berros, gritando, xingando muito, fazendo gestos obscenos, palavra do mais baixo calão possível. E um outro senhor também, que acredito que fosse marido dela, também apareceu com uma barra de ferro na mão. Os três começaram a hostilizar mais ainda. Então comecei a gravar, já tinha passado do limite, eu estava no meu direito, estava trabalhando. Estou identificado. Eu vou gravar porque eles estão desacatando. No momento do vídeo, eles esconderam a barra de ferro, a mulher não xingou mais, mesmo ainda em tom de hostilidade e superioridade, porque ela viu que eu estava gravando. Até que chegou a polícia”, conta o recenseador.

O coordenador do IBGE no Vale do Aço acredita que o caso vá ser investigado e que os agressores serão punidos: “Tomei a providência de chamar a Polícia Militar porque situações assim a gente não pode deixar passar. É crime de desacata a funcionário público, tem previsão no Código Penal Brasileiro. A gente chama a Polícia Militar, que leva o caso para autoridade da Polícia Judiciária para tomar as devidas providências, inclusive pode ocorrer o indiciamento dos moradores”, diz. Essa não foi a primeira vez que um agente censitário foi atacado durante o trabalho em Ipatiga, conta ele. “No ano passado, nós tivemos um caso que foi até encaminhado para a delegacia de polícia, uma moradora do bairro Canaã que cuspiu numa recenseadora nossa. Não deixou nem a recenseadora explicar a razão dela estar ali. Mesmo diante da autoridade policial, ela continuou ofendendo a nossa recenseadora e foi encaminhada para a polícia para as devidas diligências”, relembra.

O Censo Demográfico do IBGE é a pesquisa estatística mais importante realizada no Brasil. É o único trabalho censitário que visita todos os 89 bilhões de domicílios dos 5.570 municípios do país. O coordenador do IBGE destaca a importância do senso para a população: “Nós tivemos até uma publicação prévia no dia 26 de dezembro dos dados, e muita gente me pergunta sobre a diferença entre a estimativa. Uma grande razão para essa diferença está justamente nesses domicílios que a gente não consegue encontrar. Tem gente que, às vezes, finge que não é morador, tem gente que finge que não está em casa. Sindico de prédio que não passa o contato da gente. Nós temos condomínios inteiros em que nenhum morador se dispôs a responder o questionário. E aí falta dez no bairro A, falta vinte no bairro B, quando a gente soma dá essa diferença que a gente está percebendo agora”, pontua.

*Com informações do repórter Felipe Machado