Redução da projeção de crescimento do PIB é resultado da imposição de tarifas, avalia Henrique Meirelles sobre estimativa do FMI

Em uma entrevista exclusiva a Jovem Pan News, Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, compartilhou suas percepções sobre as projeções de crescimento da economia brasileira nesta quarta-feira (23). Ele destacou a revisão para baixo das previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que agora projeta um crescimento global de 2,8%, em vez dos 3,3% anteriormente estimados. Meirelles atribui essa desaceleração a fatores como as tarifas impostas por Donald Trump, que encarecem produtos e afetam a demanda por exportações, incluindo as do Brasil. “O fato de redução da projeção de crescimento para o Brasil e para a economia global é resultado da imposição de tarifas, o que faz com que os produtos fiquem mais caros”, analisou Henrique Meirelle.
Apesar desse cenário global desafiador, Meirelles apontou que a política fiscal expansionista do Brasil, caracterizada por altos gastos públicos, tem impulsionado o crescimento além das expectativas. “Como temos uma política fiscal expansionista, com gastos públicos elevados, isso faz com que as taxas de crescimento dos anos anteriores sejam maiores do que as projeções dos analistas do FMI. Isso acontece em função da melhor produtividade da economia brasileira devido a uma série de reforma trabalhistas feitas durante o governo Temer”, analisou Meirelles.
Outro ponto crucial abordado por Meirelles foi a questão da inflação, que continua a ser um desafio significativo para o Brasil. Ele destacou que a inflação elevada, especialmente no setor de alimentos, é agravada pela incerteza econômica e pela valorização do dólar em relação ao real. Em resposta a essa situação, o Banco Central tem aumentado a taxa de juros na tentativa de controlar a inflação, que permanece acima da meta estabelecida. Meirelles enfatizou a importância de manter a inflação sob controle para proteger o poder de compra dos consumidores, que enfrentam preços mais altos sem um aumento correspondente nos salários.
Além disso, Meirelles comentou sobre o papel crucial do setor agrícola na economia brasileira. Ele reconheceu que a expansão do agronegócio tem sido um fator positivo e importante para o crescimento econômico, dado que o Brasil é altamente competitivo nesse setor. No entanto, ele alertou que, apesar da importância do agronegócio, a desaceleração em outros setores não será totalmente compensada por ele, conforme indicam as projeções do FMI. Essa análise ressalta a necessidade de diversificação econômica e de políticas que incentivem o crescimento em outros setores além do agronegócio.
Por fim, Meirelles concluiu a entrevista expressando um otimismo cauteloso. Ele destacou a necessidade de políticas econômicas eficazes para enfrentar os desafios atuais, como a inflação e a desaceleração global. Segundo ele, é essencial que o Brasil continue a implementar reformas estruturais e mantenha uma política fiscal responsável para garantir um crescimento sustentável a longo prazo. A entrevista de Meirelles serve como um lembrete da complexidade dos desafios econômicos enfrentados pelo Brasil e da importância de uma abordagem estratégica e bem-informada para superá-los.
*Com informações de Jornal da Manhã
*Reportagem produzida com auxílio de IA