Uma reflexão sobre os direitos das mulheres desde o primeiro 8M

Gisselle Ruiz Lanza, diretora-geral da Intel para América Latina

Desde o primeiro Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março de 1911, as mulheres têm buscado igualdade de oportunidades e tratamento justo. A data serve para refletirmos, celebrar as conquistas e nos motivar a seguir lutando por mais direitos e em busca de equidade.

São diversos motivos para celebrar: nas últimas décadas vimos avanços importantes para as mulheres no Brasil e no mundo, como acesso às faculdades (1879), direito ao voto (1932), lei do divórcio (1977), lei Maria da Penha (2006), até a mais recente lei da igualdade salarial entre mulheres e homens de 2023. Houve também a conquista de espaços anteriormente dominados por homens em diversas áreas profissionais, como na tecnologia, na aviação e no esporte.

No entanto, no ritmo atual, o Relatório do Fórum Econômico Mundial, mostrou que a paridade entre homens e mulheres só deve ser atingida daqui a 131 anos. Por isso, precisamos acelerar a transformação. No mercado de trabalho, as mulheres ainda enfrentam vieses e estereótipos de gênero que impactam suas oportunidades de emprego e progressão na carreira.

Apenas 8% dos cargos de CEO são ocupados por mulheres, segundo o Índice de Igualdade de Gênero 2023 da Bloomberg. Nos conselhos, 32% dos assentos são ocupados por mulheres. A realidade do Brasil é ligeiramente melhor. Nos cargos de CEO, as mulheres representaram 17% em 2023, um aumento de quase 10 pontos percentuais dos 8% encontrados em 2017.

Outro fator a considerar é a licença parental. Quase metade das mulheres que se tornam mães e saem de licença-maternidade perdem seus empregos após 24 meses, é o que aponta uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas. Mais uma vez os papéis de gênero acabam sobrecarregando as mulheres que passam a ter jornada dupla e menos tempo para se dedicarem às suas carreiras.

Por isso, a luta pela equidade de gênero é contínua e complexa, exigindo um compromisso constante com a promoção de mudanças estruturais e culturais.

O que mais podemos fazer para que a desigualdade baseada no gênero seja mais rapidamente superada?

Para promover a equidade de gênero no mercado de trabalho e na sociedade, é crucial desafiar esses estereótipos e vieses, implementando políticas e práticas que valorizem e apoiem as mulheres em todas as etapas de suas carreiras. Isso inclui a mudanças da licença parental remunerada, a implementação de medidas para combater a discriminação salarial e a criação de ambientes de trabalho inclusivos que reconheçam e valorizem a diversidade de experiências e perspectivas.

Além disso, é fundamental envolver os homens na promoção da equidade de gênero, reconhecendo que a luta pela igualdade não é exclusivamente uma questão feminina, mas sim uma responsabilidade compartilhada por toda a sociedade. Isso pode ser alcançado por meio de programas de conscientização e educação, bem como do estabelecimento de políticas de inclusão que incentivem a participação ativa de todos os membros da comunidade.

Em suma, enquanto celebramos os avanços alcançados desde o primeiro 8M, é essencial reconhecer que ainda há um longo caminho a percorrer na busca pela igualdade de gênero. Ao desafiar vieses e estereótipos, apoiar as mulheres em suas carreiras e promover uma cultura de igualdade e inclusão, podemos trabalhar juntos para construir um futuro mais justo e equitativo para todas as pessoas, independentemente do gênero.

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