Restrição de diesel afeta sete Estados do Brasil, aponta pesquisa

Um levantamento realizado pela Posto Seguro Brasil revelou que sete Estados do país apresentam restrição de diesel. Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Roraima. Áreas com importante presença agrícola e demanda de combustível para trabalhos de colheita e plantio nesta época do ano. A consultoria também indica que há restrição de gasolina em 8 Estados, sendo eles Alagoas, Bahia, Ceará, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Confira a entrevista que fiz com o CEO da empresa, Nelio Wanderlei.

O que a pesquisa considera como restrição na oferta de combustível? O que é esse termo quer dizer? A restrição é quando oposto ou o TRR, que é o Transportador Revendedor Retalhista, faz seu pedido à companhia e coloca um pedido de 30 mil litros e a companhia, ela corta parte desse pedido e só atende 15 [mil]. Ou ela passa mais de um dia para atender aquele pedido porque ela está com dificuldade de estoque, ela está restringindo para que não falte para todos ou para uma parte e beneficiar só um ou outro.

Restrição não é falta de diesel ao consumidor final, mas é um passo nesta direção? É um alerta para que a gente tome providências para que não chegue nesse ponto de faltar.

Qual o motivo dessa restrição? No último quadrimestre, de setembro a dezembro, cinco refinarias no Brasil entraram em manutenção. Elas, lógico, se preparam para ter uma estocagem para que não ocorra esse tipo de situação, mas depende muito de como o mercado se comporta em consumo. As refinarias foram no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Norte, em Minas Gerais e teve em Pernambuco também que entrou em manutenção e isso restringe tanto o diesel como a gasolina dependendo do trem de manutenção que está sendo feito.

Essa é uma situação considerada normal para esta época do ano ou é algo atípico? Algumas manutenções eram para terem sido feitas em 2022, que foram postergadas em relação ao momento que estava de falta mesmo. Lembra que ano retrasado foi um caos e agora tinham que ser feitas. O que acontece é que o Brasil cresceu em volume, então se comparar só o óleo diesel de janeiro a novembro, porque dezembro ainda não está fechado na ANP, tem um crescimento de 3% de diesel. Então é um crescimento significativo se a gente for olhar o ano de 2022 que ficou ali na casa de 1%. Então cresceu o volume e teve restrição em algumas bases por manutenção. Mas, tudo está sendo controlado. Essa pesquisa surgiu porque alguns revendedores de TRRs me questionaram se estava havendo alguma coisa nova que precisava ser olhada de perto e a gente foi botar uma lupa nesse negócio aí.

Qual foi a conclusão que você chegou? É preocupante, considerado uma situação relativamente normal ou devemos olhar com atenção porque o sinal é vermelho? Não tem sinal vermelho, é uma situação controlável. No momento que está, está sendo super tranquilo. Se o volume começar a esticar a corda, aí fica complicado. Mas, no momento, não tem nenhuma necessidade de falta de produto, nada disso. Mas, é pontual e precisa ser olhado com carinho para não ter mais problema.  Até porque nós teremos agora no dia primeiro de fevereiro o aumento do imposto estadual, que é o ICMS. Ele vai aumentar 12% no diesel. Então pode ser também que já comece algumas empresas a reter um pouquinho do seu óleo diesel para ter um ganho de inventário nessa virada de mês e aí tende a aumentar um pouco mais essa restrição nesses próximos 15 dias ou 10 dias que está na virada do mês.

Que efeitos essa restrição está gerando que fez com que os seus interlocutores sugerissem a você fazer essa pesquisa? Que efeitos a gente já tem observado? Isso, no passado, aconteceu e foi resolvido. E quando começa a surgir de novo, mesmo que seja inicial, as pessoas já se preocupam com razão para não voltar do jeito que está. Então é necessário se colocar em pauta e se discutir o assunto até para que não venha a causar um mal maior que a agricultura tanto precisa de ter um insumo fundamental que é o combustível e não sofrer restrição na sua colheita.

Há perspectiva de agravamento da situação que gere falta de óleo diesel? Não tem nenhum risco de agravamento, é um assunto pontual e ele vem por esses dois motivos: que algumas refinarias entraram em manutenção e o estoque programado nem sempre é o suficiente para para para passar por essa fase e o aumento de consumo que teve referente o ano passado para esse ano contribuiu de a forma até positiva para o estoque ser consumido com mais velocidade.

Por quanto tempo você estima que essa situação vai permanecer? Eu estimo que meados de fevereiro isso já esteja normalizado porque é quando o nível de importação aumenta e já compensa essa defasagem que tem no mercado interno. Existe muita importação, o mercado está favorável e eu não vejo o risco de desabastecimento no Brasil.

Em fevereiro começam a incidir novos tributos sobre combustíveis. Isso significa que o consumidor, sejam os consumidores urbanos ou da área rural, vai pagar mais caro pelo combustível em 2024? Sim, vai pagar R$ 0,15 a mais na gasolina e R$ 0,12 a mais do diesel a partir do dia primeiro de fevereiro.

Isso só contando com o contributo. Agora, quando a gente olha para política da Petrobras e da paridade internacional, como é que está hoje o diesel em relação ao que é praticado lá fora? A tendência é de alta no diesel está em R$ 0,10 centavos. A Petrobras tem uma necessidade hoje, se ela tivesse fazer um reajuste, em aumentar R$ 0,10 no preço dela para equiparar o preço internacional. A gasolina está no zero a zero. Se você me perguntar se a Petrobras aumenta agora com R$ 0,10, é muito pouco provável que ela faça esse reajuste. Agora, se se aproximar de R$ 0,20, aí o gatilho já começa a parecer.

O setor agro deve se preocupar com qual situação em relação a diesel e combustível neste momento no Brasil? Se é que deve se preocupar com algum elemento nesse sentido. Não, não tem que se preocupar com nenhum alarde, não. É fazer suas compras com antecedência porque vai aumentar e você precisa estar com o seu estoque. A restrição pode surgir das companhias estarem segurando o produto para ter seu grande inventário, como todo mundo faz, toda empresa faz isso, isso é normal no mercado. Então tem que cuidar e antecipar seu estoque.