SAP apresenta IA onipresente e mira aumento de 30% na produtividade

A SAP quer transformar a maneira como os profissionais interagem com sistemas empresariais. A empresa alemã anunciou nesta terça-feira (20), durante o evento SAP Sapphire 2025, em Orlando*, uma versão ampliada do Joule, seu copiloto de inteligência artificial generativa, agora descrito como “onipresente”.
A promessa é ambiciosa: um assistente que acompanha o usuário durante toda a jornada de trabalho, mesmo fora do ecossistema SAP, antecipando necessidades, sugerindo ações e automatizando tarefas com base em dados em tempo real. Segundo a companhia, a tecnologia pode elevar a produtividade em até 30%.
“Estamos construindo um ciclo virtuoso de valor, que combina aplicações empresariais, dados e IA em tempo real”, diz Christian Klein, CEO da SAP, na abertura do evento. “Com o novo Joule, a IA se torna parte do fluxo de trabalho, não apenas uma ferramenta acessória”.
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O diferencial da nova versão do Joule é sua capacidade de operar fora das aplicações SAP. Uma barra de ações baseada na tecnologia WalkMe permite que o assistente atue em sistemas diversos, aprendendo com o comportamento dos usuários. O objetivo é antecipar demandas antes mesmo de o profissional formulá-las. A empresa afirma que todos os recursos seguem diretrizes éticas de uso de IA.
Para sustentar a integração, a SAP também está expandindo sua biblioteca de agentes de IA, que passam a executar processos completos em áreas como cadeia de suprimentos, experiência do cliente, recursos humanos e gestão financeira. Esses agentes atuam de forma autônoma, articulados pelo Joule e alimentados pela SAP Business Data Cloud.
Segundo a empresa, as funções do Joule já estão integradas a mais de 230 cenários de negócio e deverão atingir 400 até o fim de 2025. Entre os exemplos práticos, está a utilização do copiloto para sugerir respostas a perguntas de analistas financeiros durante conferências de resultados, como no caso da NBC Universal, com 80% de acurácia nas previsões. Em outra aplicação, o agente é capaz de identificar que uma empresa não possui fornecedor alternativo e, por conta própria, iniciar a criação de uma solicitação de proposta (RFP) sem que o usuário precise abrir o SAP Ariba.
O alvo é uma arquitetura unificada e integrada
A estratégia da SAP contrasta com iniciativas mais fragmentadas de outras big techs. “O diferencial da nossa abordagem é que os agentes entendem o contexto dos processos de negócio, sabem onde atuar, têm acesso autorizado aos dados e conseguem agir de forma coordenada em sistemas SAP e não-SAP”, afirma Mohammed Alam, líder de produto e engenharia da companhia.
Alam também reforçou que o paradigma do “best of breed” está dando lugar ao “best of suite”, ou seja, uma arquitetura unificada e integrada, capaz de fornecer contexto de ponta a ponta para que a IA atue de forma eficaz. “Com a fragmentação, o custo da integração recai sobre o cliente. A suíte como serviço elimina esse fardo e permite que o valor da IA seja capturado com muito menos esforço”, disse.
Outra preocupação da SAP é garantir a confiabilidade dos sistemas que utilizam IA generativa. O CTO e Chief AI Officer da companhia, Philipp Herzig, destaca que, ao contrário de soluções baseadas apenas em LLMs públicos, o Joule é treinado com dados transacionais e semânticos, garantindo respostas com maior precisão e alinhadas a regras de negócio. “No mundo empresarial, 90% de acurácia não basta. A margem de erro precisa ser mínima, especialmente em áreas como finanças”, diz.
A SAP também apresentou o Agent Hub, ferramenta que permite acompanhar, auditar e governar os agentes de IA implantados pelas empresas. “As decisões finais continuam com o ser humano. Os agentes automatizam a parte operacional, mas a validação é sempre humana”, explicou Herzig. A empresa diz que mantém um princípio ético claro: a responsabilidade permanece com o profissional, e não com a máquina.
Segundo Klein, os avanços demonstrados são parte de uma estratégia de curto prazo. A integração completa do Joule com aplicações SAP e não-SAP, por meio do WalkMe e de agentes inteligentes, está prevista para o terceiro trimestre de 2025. As funções de insight para ação já estão sendo utilizadas por empresas como Bosch e devem ser ampliadas nos próximos seis meses.
*A jornalista viajou a convite da empresa
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