Sede do governo paulista no centro de SP trará ocupação eficaz, vida e os pobres para mais perto, diz Afif Domingos

Homem-forte do governo Tarcísio de Freitas, o empresário Guilherme Afif Domingos ocupa, atualmente, o cargo de Secretário Extraordinário de Projetos Estratégicos do Palácio dos Bandeirantes. À frente da proposta de mudança da estrutura do governo estadual para a região central da capital, o ex-diretor da Associação Comercial  de São Paulo afirma, em entrevista exclusiva ao site da Jovem Pan, que esta transferência é inovadora e tem como principal trunfo “reocupar” a região. “Temos um lugar com ruas largas e edifícios com traços bonitos que precisam ser melhor apreciados e utilizados pela população”, diz. “Como ali se fixou como uma área extremamente laboral, às 18h acabou o expediente, a cidade morreu”, resume. Com extensa carreira política, Afif Domingos, que já foi vice-governador, ministro, deputado federal e secretário estadual, afirma que o projeto precisa formar parcerias com a Prefeitura de São Paulo. Na avaliação do secretário, não há resistências à proposta, uma vez que a degradação do centro gerou um “inconformismo” de todos. Confira abaixo os principais trechos da entrevista. 

Por que mudar a sede do governo do Estado para região central da capital? Pretendemos deslocar toda a estrutura de governo, que conta atualmente com 160 edificações espelhadas em 820 mil m². Com 25 mil servidores estaduais, cada funcionário tem de 34 a 35 m² de área para trabalhar. Isto é uma distorção, pois há prédios sem ocupação eficaz. Também com a sede no bairro do Morumbi, os que vão para lá despachar gastam duas horas de deslocamento, uma para ir e outra para voltar do Palácio dos Bandeirantes. Então, por isso, pensamos em concentrar em um ponto central, próximo à Praça Princesa Isabel, porque temos um lugar com ruas largas e edifícios com traços bonitos que precisam ser melhor apreciados e utilizados pela população.  

Outras tentativas de revitalização do Centro fracassaram e, com o tempo, a situação só se deteriora. Qual é o trunfo desta gestão para finalmente conseguir a revitalização dessa importante área? É preciso ter parceria entre a Prefeitura e o Governo do Estado para o projeto caminhar. Sozinho é mais difícil. Para o projeto funcionar, é preciso uma reocupação urbana e humana. Na parte urbana é preciso trabalhar pela reabilitação da população de rua. E na parte humana, necessitamos reocupar o Centro com a criação de habitação, retrofit e reconstrução. Como ali se fixou como uma área extremamente laboral, às 18h acabou o expediente, a cidade morreu. 

Qual o principal obstáculo para mudança? Não há obstáculo, pois existe um interesse de toda a cidade para alguma transformação no Centro. Há um inconformismo de todos. Com tantas edificações bonitas e infraestrutura, o Centro não pode ficar assim. É por isso que, nas pesquisas de opinião pública, todos querem mudanças no Centro. E assim, nós fazemos questão de investir na recuperação pública. Um exemplo: atrás do Teatro Municipal, fica a Secretaria de Agricultura e a de Turismo. Antes, ali ficava o Hotel Esplanada. Tirando a sede das secretarias do prédio, chamamos uma rede hoteleira para ocupar. Já ali do lado, o Cine Marrocos, que pode se tornar um Teatro Musical. Assim, temos um novo hotel, um teatro para música clássica, e um novo teatro para a música popular. Dessa forma, damos um grande passo para a ocupação. 

Há alguma outra capital que serve de inspiração para este projeto? Nosso projeto não tem igual, é inovador. Em Belo Horizonte, criou-se a Cidade Administrativa, a fim de valorizar uma área que estava fora do principal eixo da capital mineira. Nosso projeto é diferente, nós queremos revitalizar exatamente o centro de São Paulo. 

A oposição fala em gentrificação da área. Como pensam em manter os mais pobres morando na região central? No projeto, pensamos em construir moradias populares e transferir moradores da Favela do Moinho com construções na região. Com essa mudança, também nós desmobilizamos o tráfico de drogas que habita naquela favela. Os pobres não vão para as periferias, mas vão morar perto do centro.