Sidney Oliveira fecha acordo com a Amazon para vender produtos nos EUA

O empresário Sidney Oliveira é um rosto conhecido nacionalmente. Ele, afinal, é o próprio garoto-propaganda de suas empresas e também uma variedade de produtos vitamínicos que levam o seu nome. Em rara entrevista, o fundador e presidente da Ultrafarma esteve nos estúdios da Jovem Pan News para uma conversa de uma hora com o jornalista e apresentador Bruno Meyer no programa Show Business. A atração vai ao ar nesta quarta-feira, às 22h, na TV e rádio Jovem Pan. Antes disso, Oliveira detalhou cada anúncio de uma série de novos negócios. O maior deles é a entrada no mercado norte-americano através de uma parceria com a Amazon, onde a gigante de tecnologia de Jeff Bezos vai vender e entregar novos produtos desenvolvidos por Sidney Oliveira especialmente para a empresa nos Estados Unidos. Mas não só: ele acaba de lançar um novo modelo de licenciamento de farmácias brasileiras, entrou no pujante setor pet e vai deixar de produzir suas linhas de produtos e vitaminas no Brasil para fabricá-las nos Estados Unidos e Europa, em laboratórios e fábricas aprovadas pela FDA, a rígida agência reguladora de medicamentos norte-americana. “Nenhuma empresa brasileira vai ter o padrão e o controle de qualidade que a gente vai ter”, diz Oliveira.  Com todas as novidades, a projeção do faturamento do grupo que reúne as marcas Ultrafarma e Sidney Oliveira, incluindo os licenciamentos, é superar R$ 3 bilhões em 2023, valor inédito desde a fundação da Ultrafarma – empresa com 1,2 mil funcionários – em 2000. Na entrevista a seguir, Sidney Oliveira fala a Bruno Meyer sobre as novas frentes de negócios de suas empresas. 

O senhor fechou uma importante parceria com a Amazon, uma das empresas mais valiosas do mundo. Como vai funcionar?  É uma grande notícia: meus produtos começarão a ser vendidos e entregues pela Amazon para o mercado norte-americano, na casa dos americanos. Serão produtos diferentes do que eu comercializo no Brasil. Por que eu entraria para vender Ômega 3 e Vitamina C nos Estados Unidos? Tem muitas empresas que já vendem com qualidade lá. Lançaremos algo diferenciado e voltado para matérias-primas da flora brasileira, tipo o guaraná. Para nos ajudar, contratamos o americano dr. John Lewis, PHD, ex-professor da Universidade de Miami e um estudioso e pesquisador dos efeitos da suplementação alimentar para melhorar nossa saúde, em especial resultados clínicos, como o funcionamento cognitivo e imunológico. Em até 60 dias, estaremos na Amazon.

Quais produtos a Amazon sugeriu a você?  Sugeriram produtos para aumentar a libido, outro para ressaca, um energético, muitos com componentes da Amazônia. Foi sugestão dos americanos, por exemplo, fazer uma formulação parecida com o Engov. A gente desenvolve um com guaraná, a fruta típica da Amazônia, para o cara que vai beber demais e quer tomar um antes. Desenvolvemos ainda um produto para dormir melhor, um dos mais procurados e vendidos no país. 

Por que o senhor vai deixar de produzir as vitaminas no Brasil para fabricar nos Estados Unidos e Europa? Por uma questão de máxima qualidade e controle. Nenhuma empresa brasileira vai ter o padrão e o controle de qualidade que a gente vai ter. Até o fim do ano, toda a linha de vitaminas Sidney Oliveira será fabricada exclusivamente em plantas aprovadas pela FDA, a agência reguladora de medicamentos americana. Na Europa, minhas vitaminas serão chanceladas pela GMP Quality, a Good Manufacturing Practice, ou Boas Práticas de Fabricação, cujas recomendações são regulamentadas por órgãos reguladores europeus. Os produtos já estão sendo fabricados, vindos de um laboratório da Alemanha, dois laboratórios da Polônia e dos Estados Unidos, em fábricas localizadas em Nova York, Miami e na Califórnia. São vários suplementos, porque cada um é especializado. 

Como isso vai funcionar, na prática? Minha equipe de desenvolvimento, com nutricionistas e farmacêuticos, faz a formulação, de acordo com as recomendações e aprovações da Anvisa. Mandamos para o laboratório no exterior, que cota o produto e faz um lote-teste para ficar um tempo com eles para ver se deu estabilidade. Eles têm aceleradores que testam o produto como se passassem três anos através de equipamentos para ver se não deu inconsistência, não oxidou. Com tudo testado e aprovado, aquela fórmula pode ser fabricada para mim. Elas serão enviadas por avião para vir rápido e embaladas numa fábrica que comecei a construir em Santa Isabel, em São Paulo. Essa planta é a coisa mais linda do mundo e está prevista para inaugurar em outubro. Os produtos vêm para cá e são envasados. A gente faz aqui só o pote e o rótulo. Antes, os produtos eram fabricados em Pernambuco, no Rio Grande do Sul, no interior de São Paulo, Goiás e Minas Gerais. Esse padrão de qualidade que estamos implantando vai estar entre os maiores padrões do mundo. O cliente vai tomar um produto onde é fabricado e regulado pelo FDA, um produto de primeiríssima qualidade. Vai ser uma mudança no mercado. Volto a repetir que nenhuma empresa no Brasil vai ter o controle de qualidade que a gente vai ter. 

O brasileiro está mais preocupado na prevenção e nos cuidados com a saúde? Sem dúvida. O consumo aumentou muito, e no mundo inteiro. Hoje tem falta de insumos para fazer vitaminas, inclusive no próprio mercado americano. Eu importava vitaminas há cinco anos e eles pediam para entregar em 15 dias. Hoje, tem produto que eles me pedem 12 semanas, 15 semanas, porque eles estão exportando muito mais. 

Por que o senhor criou um modelo de licenciamento de farmácias com o seu nome? Minha ideia é abrir farmácias em cidades brasileiras no formato de licenciamento e seguir com a missão de levar medicamentos mais baratos no Brasil. Resolvi criar a marca, a Sidney Oliveira, e dei o ponta pé ao converter uma das minhas lojas. Eu tinha uma unidade grande e a dividi no meio: uma metade se chama Ultrafarma MegaStore, porque são só megalojas, e a outra metade, converti para Sidney Oliveira. Lancei, assim, uma nova bandeira. Inauguramos uma loja própria grande da Farmácia Sidney Oliveira, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, e outra em Santos. Começamos e já temos muitos pretendentes. 

Qual é a vantagem para quem quer licenciar uma farmácia? Ela oferece ao licenciado maiores possibilidades de faturamento. É uma farmácia multi-canal, pois ela incorpora o e-commerce e as consultoras do catálogo Sidney Oliveira nas vendas do ponto de vendas. Além disso, é uma marca muito forte. Sempre investi muito, desde o começo, na mídia nacional. Nunca esqueço de uma reportagem feita pelo jornal O Estado de S. Paulo, anos atrás, em que dizia que a Ultrafarma mudou o mercado farmacêutico. O setor virou antes e depois da Ultrafarma, porque os concorrentes foram obrigados a dar descontos e preços menores em medicamentos. Essa força da marca ajuda quem vai licenciar. Fora isso, tenho um apoio muito grande na parte comercial e de trade. Hoje, as pontas de gôndolas são todas negociadas e vendidas no mercado. As farmacêuticas, afinal, querem estar no melhor espaço para vender. Todo mundo quer vender, né? Se uma empresa lança um produto, ela vai com um comercial para televisão e, depois, quer que a mercadoria esteja bem posicionada na gôndola para o cliente achar rapidamente. O que nós vamos fazer? Teremos milhares de pontos de gôndola com as lojas físicas licenciadas. Vamos negociar essas gôndolas com a farmacêutica para ter, por exemplo, Vick Vaporub nas melhores posições da farmácia no inverno. Um licenciado, se fizer isso sozinho, nem é atendido pelo laboratório. Nós teremos a força de milhares de pontos de gôndola para vender. Será muito positivo para o licenciado e para os laboratórios. Nós reformulamos também o sistema de compras para adquirir produtos para o grupo. Antes, a negociação era independente para cada empresa. Se antes eu negociava um produto para Ultrafarma, agora vou negociar para Ultrafarma, Ultrafarma Megastore e as Farmácias Sidney Oliveira. Somando as empresas, triplica a força de negociação. Para quê isso? O objetivo é ter mais competitividade para baixar ainda mais o preço. 

Qual é o melhor perfil de licenciado? O perfil que mais dá certo é a conversão. Alguém que tenha uma pequena rede de farmácia, acima de três e menos de dez unidades. Faço, aliás, uma sugestão para esse dono que ainda não converteu: pegue a sua pior farmácia e converta para a Sidney Oliveira. Eu não quero a melhor, eu quero a pior farmácia em faturamento para mostrar a esse dono como vai funcionar, porque essa pessoa já entende do ramo. Veja o resultado depois. A gente tem casos de gente que converteu uma e depois converteu todas. Outro bom perfil é aquele profissional que já foi balconista, conhece bem o segmento, trabalha na área, um gerente de uma loja, por exemplo. Semana passada, dois gerentes de rede me procuraram para abrir minhas lojas. Eles sabem do negócio. Desde cedo, colocaram o umbigo no balcão, conhecem o perfil do cliente, o que vender, conhece de atendimento, de preço.

Nos últimos dias, o senhor assinou um contrato com o Grupo Silvio Santos. Como vai funcionar esse acordo? Será uma parceria da linha de suplementos Sidney Oliveira com o catálogo Jequiti, uma empresa do Grupo Silvio Santos, e o SBT, que faz o programa Roda a Roda, apresentado pela Rebeca Abravanel. Nós já vínhamos de uma negociação com o presidente da Jequiti e o Grupo Silvio Santos. Fechamos o acordo nos últimos dias. Estaremos no catálogo da Jequiti, nos programas da TV e teremos comerciais com a Rebeca falando da Jequiti e da Sidney Oliveira para veicular em outros canais. No início de setembro, por exigência da Jequiti, o programa Roda a Roda contará com a minha participação uma vez por mês, ao lado da Rebeca Abravanel. Fiquei lisonjeado, porque eu sou fã do Silvio Santos. Eles acreditam que, comigo no palco, os negócios podem ir melhor. Acredito que essa é mais uma parceria que deu certo. A Daniela Beyruti, filha do Silvio, inclusive mandou um recado que gostaria de comemorar essa parceria com um jantar na casa do Silvio. Olha, eu cancelo qualquer viagem para ir na casa dele e celebrar essa parceria.

O senhor sempre gostou do universo da televisão. Pensa em ter uma para chamar de sua? Sim, e já temos: é a TV Ultrafarma. Ela está no canal 127 transmitido pela banda Ku. A programação seguirá a linha que a Ultrafarma sempre faz. Teremos de duas a três horas de infantil, mais conteúdo católico com transmissão de missas, novelas mexicanas, e o restante será para falar dos nossos produtos da linha Sidney Oliveira. Não quero nada de “ligue Djá”, nada apelativo. Vai ser um canal para a família brasileira, com diversão, entretenimento e evangelização. Quero levar a palavra de Deus para as pessoas que estão em dificuldade, algo que já fazemos. Se Deus quiser, vamos ampliar o canal.

O número de animais domésticos no Brasil já supera 168 milhões. O senhor acaba de entrar no setor pet. Como vai ser? Faz mais de 60 dias que iniciei um e-commerce de medicamento para pets, focado em cachorro e gato. Nossa ideia é ter um e-commerce completo, com tapete higiênico, areia para xixi e tudo do universo pet. Queremos ainda ter, como a Ultrafarma, uma mega loja de 1 mil e poucos metros com estacionamento para uns 100 carros. Estamos fazendo pesquisa de local. Será uma mega loja pet que não vai oferecer apenas medicamentos, mas todos os produtos relacionados ao setor para pequenos animais, e vai servir de piloto, como começamos na Sidney Oliveira. Mais para frente, queremos abrir a bandeira pet da Ultrafarma para licenciamentos, no mesmo formato das Farmácias Sidney Oliveira. 

Por que investir no setor pet? Eu confesso que sempre gostei de cachorro. Eu recebia muitos e-mails de clientes que diziam basicamente: “pô, Sidney, remédio para cachorro é muito caro. Por que você não abaixa o preço desses medicamentos?”. Como eu gosto de animais e vou ao veterinário comprar, eu decidi entrar no negócio devagar. Contratei uma consultoria e visitei feiras pelo mundo. Existe uma tendência, já registrada em pesquisa, de comportamento de muita gente no mundo que não quer mais ter filho, quer ter um cachorro. O cara prefere ter um cachorro do que um filho. E o Brasil é o terceiro maior mercado pet do mundo.

O senhor segue com o hábito de ir pessoalmente em diversas farmácias do mundo para fazer pesquisa para as suas? Sem dúvida. É um trabalho de pesquisa. Eu não passo na frente de uma farmácia, seja qual for o lugar no mundo, sem entrar. Se eu vejo alguma coisa que acho importante, fotografo e vou mandando para as pessoas certas na hora, porque é uma forma de eu ficar sabendo o que acontece para melhorar nossos serviços.

Qual é o segredo de uma farmácia de sucesso? A escolha do ponto é muito importante. O segundo ponto é conhecer bem o segmento, para comprar bem e vender bem. Se você comprar caro, não vai vender barato. Então, o cara tem de ser um bom negociante para comprar. E, terceiro ponto importante, bom atendimento. Se não tiver essas três coisas, ele não vai ter êxito nunca. Esquece. A receita parece simples, mas não é: escolher um lugar em que o cliente tem acesso, saber comprar bem, barato, e atender bem o cliente para o cliente voltar. Nunca enganar e ser sempre honesto com o consumidor.