Silvia Waiãpi diz que ONGs internacionais lucram com ‘segregação’ de indígenas: ‘Sabemos onde tem ouro, nióbio e potássio’

Nesta segunda-feira, 24, o programa Pânico recebeu a deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP). Em entrevista, ela questionou os interesses da Europa na Amazônia e afirmou que o Brasil tem chances de se tornar uma grande potência. “O que mudou na história do Brasil? Nada mudou desde a colonização. Quando os desbravadores aqui chegaram trouxeram com si a ciência da navegação, a tecnologia da pólvora e arma de fogo, foram desbravando, dominando, segregando, isolando e matando povos. Os poucos [indígenas] que sobraram, permaneceram isolados, mas por que esse isolamento? É preciso entrar na história. Quinhentos anos se passaram, indígenas continuam isolados e há quem ganhe com isso, há quem lucre com essa segregação”, disse. “São as organizações não governamentais financiadas por governos internacionais que sempre tiveram o Brasil como uma colônia de exploração. É muita pureza o brasileiro acreditar que o país inteiro não esteja mapeado. Sabemos onde tem ouro, nióbio e potássio. Acontece que o Brasil é rico demais nisso, se explorar vira potência. Obviamente o mercado internacional não vai querer concorrer com o Brasil, com todo esse potencial. Então é melhor que se crie uma narrativa, uma pressão internacional de que esse país precisa ser preservado para salvar o mundo, mas ninguém perguntou ao povo da Amazônia e ao povo do Norte se ele quer pagar essa conta”, refletiu.

Silvia ainda afirmou discordar de estereótipos para indígenas. Segundo ela, os rótulos segregam e distanciam os povos originários do restante da população. “Esse rótulo me segrega, que me impede de ser igual e conquistar minha cidadania enquanto brasileira e ser humano. É muito complexo, inocentemente a sociedade me isolou dentro de um ideal imaginário. Na rua eu poderia ter sido uma delinquente, mas eu escolhi. Eu não acredito em vítimas da sociedade, não acredito, você tem a capacidade de escolher o que você não quer fazer, que não quer fazer parte daquilo”, relembrou sobre a saída de sua cidade natal para o Rio de Janeiro. “É muito claro que o que querem é criar o caos no país, uma bandeira para que possam criar instabilidades e brigas entre grupos. Quanto mais segregados, sem educação e sem conhecimento acadêmico esse povo estiver, duelando entre si, fica mais fácil dominá-lo. Você cria grupos. Não tem riscos, é uma narrativa, a Constituição de 1988 garante que todas as terras ocupadas por indígenas é do indígena. Nenhuma propriedade ou avanço de qualquer um mal-intencionado perpetuar”, concluiu.