Solidworks cresce com nuvem na América Latina e planeja infraestrutura local

Solidworks

A Solidworks, companhia de soluções de CAD e parte da Dassault Systèmes, está em um momento de transição de seu negócio. Tradicionalmente, desde os anos noventa, a companhia sempre apostou na comercialização de seu software por meio de licenças perpétuas. No passado, no entanto, o foco passou a ser outro: o modelo de SaaS.

A substituição de licenças perpétuas modelo recorrente, chamado de Yearly License Charge (YLC), não será abrupta. A companhia continuará oferecendo o pacote perpétuo para clientes que desejarem. Mas, desde de 2022, há um “direcionamento” da empresa para engajar parceiros no modelo alternativo – que, na visão da Solidworks, é a oferta de maior valor. E o direcionamento já tem dado resultados.

“A gente teve uma surpresa com os números de crescimento de YLC. Os dados atuais de crescimento são da ordem de 350% no negócio comparado com o ano passado. Somente em Q3, nós crescemos 650% em licenças YLC”, contou Mario Belesi, diretor da Solidworks América Latina, em conversa com o IT Forum nesta terça-feira (14). “O PLC [modelo perpétuo] continua estável, mas o crescimento do YLC é cavalar.”

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O movimento de SaaS que a Solidworks está adotando agora não é uma novidade no mercado. Há mais de uma década que companhias do segmento de software têm complementado ofertas tradicionais de licença perpétua por modelos “como serviço”. Com isso, trocam a receita adiantada pela receita recorrente.

Observando as transformações do mercado, a Solidworks optou por fazer esse movimento de forma gradual. A ideia é que permitir que clientes continuem no modelo perpétuo, se desejarem, mas, ao mesmo tempo, apresentar as vantagens do formato recorrente. Uma delas é o menor investimento inicial para aquisição da solução, que abre a possibilidade de engajar novos clientes. “Nós vamos passar a atender clientes que nunca comprariam, que não tinham alcance financeiro para comprar o software como era antes”, pontuou Belesi.

Quanto tempo as ofertas de licença perpétua ainda vão durar? “Ninguém sabe”, na avaliação do líder companhia na América Latina, que vê a questão como uma regulação de mercado. “O mercado vai dizer. Estimo uns três ou quatro anos. Mas, enquanto o mercado demandar essa solução, a Solidworks vai continuar entregando”, disse.

Projetos em nuvem

A estratégia de crescimento de receita YLC também é apoiada por um outro movimento iniciado pela companhia há dois anos: o avanço da Solidworks para a nuvem. O movimento é resultado do próprio crescimento da complexidade do software de projetos da companhia em termos de recursos – em determinados anos, a empresa chegou a adicionar 400 novas funções ao Solidworks. Com isso, a migração da solução para a nuvem foi o único caminho possível.

“Se continuássemos agregando soluções que não fossem na nuvem, precisaríamos de computadores muito mais poderosos para processar o ambiente atual do Solidworks. Hoje, com a conexão da nuvem, consigo pegar um modelo, jogar na nuvem, deixar a simulação acontecendo, e continuar trabalhando na mesma máquina. Não preciso ter poder de processamento aqui”, disse Belesi. “Nas nossas outras versões, isso não era permitido. Se continuássemos nessa linha, nossa solução deixaria de ser atrativa para os clientes.”

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Segundo o executivo, a migração para a nuvem também é uma resposta às novas demandas dos próprios clientes da Solidworks. A era de prototipação física de objetos está ficando para trás, explicou, e a habilidade de simular novos produtos de forma virtual e ágil tem se tornado essencial para companhias que querem inovar com time to market. Nesse contexto, capacidades de nuvem são chave.

No entanto, o suporte de soluções em nuvem – além da própria expansão dos negócios da Solidwork – exigirá um investimento em infraestrutura por parte da companhia. Hoje, clientes da organização no Brasil  e na América Latina têm seus projetos rodados na infraestrutura da Solidwork nos Estados Unidos.

Como o crescimento das ofertas de nuvem da companhia na região têm sido significativos – de acordo com Belesi, o tamanho do negócio dobrou em um ano na América Latina –, a Solidworks já considera a instalação de uma infraestrutura local no Brasil. “Existem projetos, a partir do ano que vem, para que possamos ter a infraestrutura local para acompanhar esse tipo de demanda”, disse. “Hoje, não é um grande problema, mas como vai ser isso daqui dois anos? Preciso me preparar para isso.”

A infraestrutura deve ser localizada em São Paulo e dará suporte aos clientes da organização no Brasil – que representa cerca de 60% dos negócios da empresa na América Latina –, mas também de clientes em países vizinhos.

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