‘Sound of Freedom’ estreará no Brasil, e eu nem tenho roupa para isso

Que os progressistas dominam de forma quase unilateral a produção midiática e cinematográfica mundial, isso não é novidade para ninguém; a novidade, no entanto, surge quando os parcos e corajosos produtores com ideias mais conservadoras aparecem com as suas produções alternativas e são amplamente consumidos e apoiados pela população comum. É o caso dos recentes longas: Sound of Freedom, dirigido por Alejandro Monteverde e estrelado por Jim Caviezel ‒ o Jesus de A Paixão de Cristo ‒; e Nefarious, dirigido por Chuck Konzelmane e Cary Solomon, baseado no ótimo livro de Steve Deace A Nefarious Plot.

Só para termos uma magnitude do sucesso de Sound of Freedom ‒ marcado para estrear nos cinemas brasileiros em 21 de setembro com o nome Som da Liberdade ‒, tendo custado 14,5 milhões de dólares, a película já lucrou mais de 174 milhões, somente nos Estados Unidos e no Canadá, pagando integralmente, em menos de dois meses, os investimentos dos patrocinadores do longa e devolvendo ainda mais 20% de lucro. O valor arrecadado já é maior que o aclamado clássico Indiana Jones, que até o momento angariou cerca de 172 milhões de dólares. Segundo o diretor, Alejandro Monteverde, o filme foi rejeitado expressamente por Hollywood por mais de três anos, sendo viabilizado somente após surgir o crowdfunding que arrecadou cerca de 5 milhões de dólares.

Como sempre, a tática mais comum da esquerda é relacionar o que se destaca no lado direito das ideias como sendo “conspiração”, e é assim que o filme de Monteverde já é rotulado freneticamente em quase todos os sites de análises especializadas. Além do bom e velho, é claro, “produto da extrema-direita”. Alguns grupos progressistas fizeram campanhas de boicote ao filme, além da rotineira fogueira para a queima das honras do diretor e de Jim Caviezel.  Pois bem, tais críticas simplesmente não colaram com a população geral, o seu Geraldo e a dona Ana, que pouco se importam com as guerras tribais do Twitter, mal leem jornais e assistem à TV, assistiram ao Sound of Freedom e se amarraram. O longa é um sucesso bizarro, já sendo percebido como um dos filmes independentes de maior bilheteria e retorno financeiro dos Estados Unidos nas últimas décadas.

Eu assisti e posso dizer que se trata de uma obra muito bem construída em todos os sentidos, com um roteiro sólido, suspense que realmente nos prende à trama, além de atuações muito boas, principalmente de Caviezel. Não me assusta o fato de que o ponto que a esquerda achou para criticar no filme foi uma suposta ligação conspiratória do diretor e do ator principal a algum extremismo qualquer que caiba no momento. Lembro-me como se fosse ontem que, após o lançamento de A Paixão de Cristo, certo colunista de uma mídia especializada ‒ dominada pelo progressismo histérico, nem preciso dizer ‒, teve a pachorra de dizer que o filme dirigido por Mel Gibson, o mais impressionante e bem feito sobre os últimos dias de Cristo ‒ inclusive, todo interpretado na língua original de Jesus ‒, era “fraco demais”, pois se apresentava “apelativo, sensacionalista e deveras emotivo”. Meu Deus, tratava-se de um filme exclusivamente sobre a perseguição, tortura e crucificação de um Homem… Talvez tenha sido a crítica mais bizarra e idiota que li em toda minha vida; creio que uma aluna meio cega do ensino fundamental teria encontrado palavras mais factuais para falar sobre a obra de Gibson.

Sound of Freedom, filme que tratou de forma competente de um dos problemas mais assustadores e demoníacos ‒ entenda como quiser tal adjetivo ‒, o tráfico sexual humano, em especial o de crianças, foi simplesmente execrado por aqueles que politicamente sempre se venderam como defensores da humanidade, dos direitos humanos. Em troca de afago ideológico, muitos narizes se contorceram a um filme que sequer fala de política ideológica, pouco ou nada tem a ver com os debates alucinados das tribos pró ou contra algo.

Nefarious, por sua vez, tem uma das interpretações mais icônicas e sombrias ante os filmes aos quais eu ultimamente assisti. Sean Patrick Flanery fez perfeitamente a vez de um demônio sem precisar de uma tonelada de Phtoshop ou qualquer outro pacote de efeitos do Adobe. As falas são extremamente bem escritas, seguindo uma lógica teológica um tanto quanto duvidosa, é verdade, porém aceitável; há críticas religiosas um tanto quanto confusas, mas ambíguas o suficiente para deixar a cada espectador a sua interpretação supostamente correta das cenas; por vezes, é fato, o roteiro parece servir quase exclusivamente como palco ao “tinhoso”, mas pode ser meramente uma percepção pessoal, atiçada por meu conhecido medo de filmes sobre o capeta. Prefiro O Exorcismo de Emily Rose ‒ que fique registrado nos anais. Todavia, Nefarious é um ótimo filme de suspense para o final de semana ‒ a ser assistido antes das 18 horas.

Ainda que vez ou outra surja um Top Gun ou um Rambo, o mais ideologicamente sanitizado possível para não ferir as sensibilidades nevrálgicas da esquerda militante, a verdade é que atualmente a visão conservadora tem pouca ou praticamente nenhum espaço em Hollywood. Talvez esses dois filmes aqui apresentados sejam um indício que a bolha ideológica hollywoodiana finalmente começa a ser furada, rompida por produções que pisam fora de seus laboratórios e não se importam com as narrativas oficiais do globalismo. Pois bem, que cor devo vestir para reassistir a Som da Liberdade no próximo dia 21?