SPC do Amor: serviço de proteção a usuários de apps de namoro combate desde golpistas até quem quer pular a cerca

Para quem está a procura de um grande amor, as redes sociais e os aplicativos de relacionamentos são alternativas valiosas em um mundo cada vez mais digital. As duas ferramentas, porém, viraram alvo de criminosos, que utilizam os meios para aplicar toda a sorte de golpes. Diante deste cenário, surgiu o Serviço de Proteção ao Coração – Investigações, o SPC do Amor, uma agência de investigação amorosa controlada por uma empresa de compliance, especializada em investigações internas corporativas e análise de risco empresarial. O serviço foi idealizado pela advogada Sabrina de Cillo no ano passado. “Diante da realidade dos relacionamentos digitais, vimos a necessidade de fornecer um serviço a este nicho de marcado que estava carente da validação de identidade em relacionamentos amorosos através das redes sociais, que se tornaram nicho de mercado para golpistas e criminosos”, explica a empreendedora em entrevista ao site da Jovem Pan.

O objetivo é atuar na prevenção de crimes cibernéticos, cada vez mais comuns. Na semana passada, a Polícia Civil de São Paulo confirmou a prisão de quase 70 pessoas e intensificou as ações na busca de mentores de quadrilha especializada em efetuar sequestros após selecionar os alvos por aplicativos de relacionamentos. Os golpistas utilizam perfis falsos para ludibriar as vítimas a fim de obterem vantagens financeiras. A tática é simples: criminosos criam um perfil falso em um app ou em rede social e tentam “seduzir” a vítima. O alvo, em sua maioria, são homens. Depois de uma primeira conversa, os criminosos entram em contato pelo WhatsApp e marcam um encontro, normalmente em uma via pública. Quem cai no “canto da sereia” acaba sendo surpreendido. De acordo com a polícia, normalmente três ou quatro pessoas abordam a vítima, não dão chance de defesa e a levam para um cativeiro — a maioria deles está na zona norte de São Paulo. No local, os bandidos acabam fazendo movimentações na conta bancária e libertam a pessoa em até três dias. Além de sequestros, os apps ainda concentram estelionatários do amor (pessoas que tentam ganhar a confiança do seu affair para depois extorqui-lo), ladrões de dados (criminosos que tentam colher informações pessoais para fraudes financeiras) e golpe dos “nudes” (em que um falso menor de 18 anos, geralmente uma mulher, chantageia o interlocutor após enviar uma foto e informar sua idade). Uma má escolha pode, literalmente, custar caro.

A maior procura no SPC do Amor está concentrada nos serviços de identidade em início de namoro. Nada mais é do que confirmar a veracidade das informações fornecidas pela pessoa que acabou de conhecer. Além da preocupação com golpes, os usuários querem saber se seu novo interesse afetivo está escondendo algo — é um potencial agressor ou já está casado, por exemplo. “[As pessoas procuram] não só sentimentalmente, por conta de traumas e relações problemáticas que, ao término, podem custar sessões de terapias, como também pela preocupação financeira. Em alguns casos, há verdadeiros golpes financeiros. Ou seja, os clientes querem se proteger de estelionato sexual ou amoroso, de pessoas que dizem ser o que não são, de casados e casadas que se dizem solteiros, que mentem profissões ou nomes, até criminosos que buscam aplicar golpes”, contou a advogada.

O público é literalmente dividido ao meio: 50% dos clientes são homens, e os outros 50%, mulheres. Sobre a investigação conjugal, eles são maioria (55%). Cerca de 200 pessoas são atendidas por dia, conta De Cillo. De acordo com os serviços da agência, as mulheres têm traído tanto quanto os homens, embora eles sejam mais propensos em pular a cerca. A razão para este cenário, no entanto, é uma incógnita. “Desconfiamos que o ambiente influenciado por músicas que favorecem e romantizam as relações extraconjugais, como traições e amantes, que tanto fazem sucesso nos últimos anos e que são preferencialmente cantadas e consumidas pelo público feminino, pode ser uma pista deste aumento e da naturalização da infidelidade feminina”, destaca Sabrina. A advogada também percebeu que as mulheres de 40 anos ou mais tendem a não resistir à lábia de homens casados ou compromissados que buscam encontros sexuais se dizendo solteiros. Já os homens caem em golpes de mulheres mais novas, que os iludem com a possibilidade de algum encontro sexual ou envio de fotos (algumas fakes) em troca de presentes ou transferência via Pix.

São várias as histórias presenciadas por Sabrina. Por exemplo, uma mulher que namorava um rapaz havia três anos, mas descobriu que ele mantinha outros relacionamentos em paralelo. Ou o caso em que uma mulher foi flagrada se relacionando com mais de um homem. “Não raramente os clientes se tornam amigos, criam um vínculo de confiança conosco e indicam para amigos e conhecidos. De nossa parte, é muito gratificante possuir um serviço que ajude as pessoas a escapar de ciladas e enganos. A forma sincera como o cliente nos agradece nos dá a certeza de estar trabalhando num segmento que é útil para a sociedade como um todo”, destacou. Sabrina ainda fez uma série de recomendações, como consultar profissionais especialistas em fraudes digitais; obter um número de telefone para ajudar na investigação das autoridades; não se comunicar apenas por redes sociais; observar o perfil da pessoa e constatar se há vínculos de parentes; buscar a validação de identidade caso o relacionamento avance para encontros presenciais. E, é claro, buscar o Serviço de Proteção ao Coração.